Boqueirão Curitiba

Seba’s Bar é a alma do rock’roll curitibano no Boqueirão

Escrito por Gustavo Marques

Com um cenário rodeado de bandeiras, quadros, guitarras e um palco com uma bateria invocada, um bar no bairro Boqueirão, em Curitiba, segue mantendo a tradição do bom e velho rock´n roll. O Seba´s Rock Bar chega em 2020 aos 24 anos com a mesma pegada dos tempos em que começou em Itapema, no litoral de Santa Catarina.

Na bagagem, mais de 300 bandas no microfone, inclusive a ilustre presença dos escoceses do Nazareth, que ali deram uma canja em uma turnê por Curitiba. Falando nisto, é verdade ou boato isto aí?

O figura que comanda o lugar é o carismático Sebaldo Sabatke, 57 anos. Vozeirão de locutor de rádio, tatuado e sem medo de expor a opinião, o catarinense de Mafra, acompanhou grande parte do cenário do rock curitibano. No entanto, antes de entrar no mundo dos metaleiros, ele chegou a vender sorvete e cachorro-quente em shows em Santa Catarina.

Impulsivo e dedicado á esposa Nilza e aos filhos Leonardo e Julian, ao ganhar um troco com as vendas nos shows, abriu um barzinho tranquilo com violão, ao som de muito reggae.  O nome do estabelecimento ganha o apelido do dono – Seba´s Bar.

Em 2007, com o desejo de retornar para Curitiba, cidade que morou desde os 5 anos, Seba decide apostar na venda de camisetas personalizadas para agências de carros e indústrias.  Insatisfeito com a vida e louco para gerenciar novamente um negócio próprio, decide voltar ao ramo da diversão apostando em uma boa comida, som ao vivo e preço justo.  

O primeiro passo foi encontrar o local ideal, mas os preços de aluguel nos bairros do Batel, Portão e Novo Mundo assustaram. Depois de muita procura, um terreno no Boqueirão chamou a atenção. “Eu chorei ao encontrar, pois sentia que era o lugar certo. Minha mulher deu força e acreditou na minha loucura. Lembro que fiquei chateado, pois grande parte das pessoas falava que era loucura abrir algo no Boqueirão. Apontavam que era longe e uma vila”, relembra Sebas. 

Ao lado de um amigo, Sebas comprou madeira para construir lá dentro um espaço rústico que lembrasse os tempos do bar de Itapema. Um grande balcão para servir as bebidas, mesas espalhadas e som ao vivo. A inauguração contou com a força dos amigos que se dividiam em um violão para animar a noite. Em três meses, o perfil da clientela foi se alterando e muitos chegavam ao estabelecimento pela fama da sardinha na brasa que era vendida por R$ 1.

“Fazia na praia a sardinha. Pessoal comia barato, mas gastava na bebida. Uma combinação perfeita que a turma do metal adotou e ali começou a atrair a atenção de algumas bandas. Eles faziam o som em um ambiente que ninguém reclamava. A primeira banda oficial a tocar foi a Pigs & Diamonds, que faz cover do Pink Floyd”, comenta Sebas.

Fila gigante para ver o Nazareth

Ainda em 2007, ocorreu a turnê pela América do Sul do Nazareth. O empresário dos músicos foi até o Seba’s e avisou que no dia seguinte a banda estaria no bar após um show na cidade. A informação deixou os fãs do rock enlouquecidos. Todos queriam entrar para acompanhar este momento e filas foram se formando com a chegada da noite.

Dentro do Seba’s, aquela apreensão para saber realmente se a banda viria ou daria o cano. “Uma caminhonete chegou e aí virou uma loucura. Na verdade, apenas o baterista Lee Agnew apareceu. Ele comeu e depois tocou no palco, mas ficou a lenda que toda a banda esteve aqui”, orgulha-se Sebaldo.

O grande dia da visita do baterista Lee Agnew, do Nazareth . Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

Dia a dia de bar

Com a aproximação da galera de preto e cabelos compridos, o bar segue com a rotina como de qualquer estabelecimento comercial. Épocas boas e outras nem tanto.

O custo com o pagamento com bandas afeta o bolso e para manter a clientela ativa, algumas alternativas ao longo dos anos foram adotadas no Sebas.  A exclusão do pagamento de entrada, a valorização no cardápio com sanduíches e petiscos e até mesmo festas temáticas saindo um pouco do som agudo da guitarra.

“Naturalmente o perfil mudou, mas permanecemos com a nossa essência de ser um lugar familiar. Trato todos de maneira igual. Pode ser o empresário ou até mesmo aquele que precisa desabafar. Aqui é uma extensão do meu braço e da minha perna.  É a minha vida. Cada cliente que abre aquela porta, eu adoro de verdade.  Ele pode ser ruim, mas é a melhor pessoa do mundo naquele momento.  A coisa que mais amo é o bar e minha família” confidencia Sebas.

E o rock curitibano?

Experiente e conhecedor do estilo musical, Sebaldo já acompanhou de perto bandas curitibanas que chegaram a ter uma expansão nacional e até internacional.  Para ele, o Blindagem ainda é exemplo que deve ser seguido por todos, pois não utilizou a estratégia de imitar ninguém. Além disto, Sebas acredita que atualmente uma banda precisa se ajudar na promoção, pois não existe tanto apoio em rádios como ocorria há 30 a 40 anos.

“Infelizmente, vários aspectos atrapalham o atual cenário do rock curitibano. O primeiro é que não há união. Nem a mulher do cara da banda aparece no show. O rock está decadente e somos a última semente. Estou tentando semear, mas se ficar neste comodismo, vai ficar difícil”, conclui esta lenda da noite de Curitiba.

Seba’s Rock Bar

Endereço – Rua Waldemar Loureiro Campos, 2632 – Boqueirão, Curitiba

Telefone – (41) 9 9969-64657

Facebook – https://www.facebook.com/SEBASROCKBARCWB/

Sobre o autor

Gustavo Marques

(41) 9683-9504