Curitiba

Saúde, gente!

Escrito por Giselle Ulbrich

Em três casos de saúde noticiados pela Tribuna no mês passado, esperança e sucesso continuam sendo as palavras de ordem. A família da menina Anna Clara Galvão de Lima, de 2 anos e 7 meses, a “Clarinha”, portadora de mitocondriopatia, continua lutando para arrecadar R$ 20 mil para fazer exames no Rio de janeiro. O músico e funcionário público Fabiano Clauber, 33 anos, também está juntando dinheiro para uma cirurgia, para corrigir o ceratocone que tem nos olhos. Mas, com a ajuda da Tribuna, ele conseguiu um tratamento que, se der certo, pode nem precisar de cirurgia. Já o estudante Victor Marques Correa Roca, 13 anos, também portador de ceratocone, conseguiu juntar o dinheiro para a cirurgia num dos olhos e espera os quatro meses de recuperação para ver se ela deu certo. Conheça os casos:

Clarinha

Foto: Felipe Rosa
Clarinha precisa fazer exames que custam R$ 20 mil. Foto: Felipe Rosa

A mitocondriopatia da menina compromete seu desenvolvimento muscular e até da fala. Para poder tratar, ela precisa primeiro saber exatamente qual é o tipo de mitocondriopatia que tem. São três os exames necessários. Um deles, a biópsia de músculo, a mãe Ana Carla Galvão, 30 anos, conseguiu pelo SUS. Depois da publicação do caso de Clarinha na Tribuna, em 19 de maio, a Secretaria Estadual de Saúde conseguiu para ela o exame no Hospital de Clínicas (HC), marcado para 27 de junho.

Os outros dois exames não são fornecidos pelo SUS, custam R$ 20 mil e são feitos somente no Rio de Janeiro. Os exames vão para os Estados Unidos e os laudos demoram cerca de 40 dias para ficarem prontos e voltarem ao Brasil. Assim que a família conseguir o dinheiro, “Clarinha” terá que ser internada em UTI, fazer exame do coração para ver se pode tomar anestesia e só depois fazer o exame.

Arrecadação

Até a semana passada, a família tinha conseguido R$ 5 mil com doações em dinheiro, rifas, venda de camisetas com a imagem da menina, entre outras ações. Ontem, fizeram também um bingo com os vários eletrodomésticos novos doados: liquidificador, cafeteira, batedeira, grill, secador de cabelos, jogo de panelas e de talheres, edredon, etc. Teve até cesta básica.

E Ana Carla já organiza outro bingo, que será realizado em 10 de julho. O dono de uma rede de lojas de salvados de Curitiba doou à família uma moto zero quilômetro, que será sorteada no bingo com micro-ondas, bicicleta, e outros prêmios. Neste bingo, será usado um sistema de cartelas eletrônicas. Se a pessoa tiver comprado uma cartela, mas não for ao bingo, receberá o prêmio do mesmo jeito se for sorteada. Em breve, a família divulgará local e horário.

Enquanto o tempo passa, a família não tem certeza se a doença da menina está estabilizada ou avançando, resposta que só será possível com o exame no Rio de Janeiro. Aparentemente, “Clarinha” parece estar “bem”. Vai às consultas e à fisioterapia todos os dias e toma vitaminas para ficar mais forte. E a mãe tenta controlar a ansiedade. Na primeira ressonância magnética que “Clarinha” fez, não havia danos no cérebro. Na segunda, oito meses depois, apareceram quatro manchas no cérebro. E agora Ana Carla tem ansiedade em saber se a doença avançou ou não. No entanto, o exame não pode ser feito com intervalos menores que oito meses. “O último ela fez faz três meses. Ainda faltam mais cinco para repetir a ressonância”, disse a mãe, que engordou 20 quilos nos últimos meses, por causa da ansiedade. Ela sabe que a cura da menina não pode esperar, pois a cada dia, a doença avança.

Como ajudar?
Facebook: Juntos com Clarinha
WhatsApp da mãe Ana Carla: (41) 8894-0995

Victor

Foto: Felipe Rosa
Victor tem uma doença degenerativa que deixa a córnea cônica. Foto: Felipe Rosa

Graças ao bingo que a família de Victor fez, no dia 8 de maio, e à venda da rifa de uma guitarra, doada pela Academia do Rock, ele conseguiu fazer a cirurgia de Crosslinking no olho direito, em 11 de maio. O objetivo da cirurgia, que não era coberta pelo plano de saúde, não era a cura, mas estancar o avanço do ceratocone, doença degenerativa que deixa a córnea cônica, fina e irregular e faz a pessoa enxergar mal, com muitas distorções. A família ainda não sabe se a cirurgia deu resultado, pois o exame que dirá isto só poderá ser feito em setembro.

“O médico ‘machuca’ a vista, para fazer o procedimento. Então é preciso deixar cicatrizar para depois vermos como foi o resultado. Temos que esperar quatro meses”, explicou a mãe, Bibiana de Marques Correa, 33 anos. Caso os exames comprovem a paralisação da doença, o jovem fará tratamento com óculos e lentes.

O bingo deu resultados tão bons, que sobrou uma quantia para fazer o transplante de córnea do outro olho, o esquerdo. O transplante é a última das opções, para o tratamento de ceratocone. Bibiana explicou que, como o esquerdo estava bem mais comprometido, o médico preferiu primeiro tentar salvar a vista do direito, que ainda tem boas chances de cura. Victor está com uma consulta marcada com um especialista em transplante, para ver as possibilidades da cirurgia. Durante a vida, Victor pode precisar de quatro transplantes de córnea.

Fabiano

Foto: Gerson Klaina
Fabiano precisa fazer uma cirurgia nos olhos que custa R$ 15 mil. Foto: Gerson Klaina

O músico e funcionário público também possui ceratocone e, nas últimas consultas, o médico disse que a solução era uma cirurgia, para implantação do anel de Ferrara (penúltimo recurso, antes do transplante e córnea). É uma cirurgia que custa R$ 7.500 em cada olho, ou seja, R$ 15 mil. Para isto, Fabiano abriu uma conta no site Vakinha.com.br, onde conseguiu, até a semana passada, R$ 1.820, ou seja, apenas 14% do necessário.

Mas, por causa da divulgação de seu caso na Tribuna, o médico oftalmologista Artur Schmitt o procurou e lhe deu uma nova esperança, de talvez não precisar de cirurgia. Fabiano esteve em consulta na última quarta-feira (8) e o médico prescreveu um colírio, para que o músico pare de coçar os olhos. A doença causa muita coceira e, o ato de estar sempre com a mão nos olhos, contribui para o seu avanço.

“O médico não deu um parecer se precisarei de cirurgia ou não. Por isto, por enquanto vou manter a Vakinha. Dia 8 de julho volto lá e refaço os exames, pra saber se o colírio ajudou a estancar a doença ou não. O olho direito está mais comprometido e talvez precise de cirurgia. Já o esquerdo está melhor”, contou.

Além do emprego como funcionário da prefeitura de Campo Largo, Fabiano complementa o orçamento tocando piano em eventos diversos. Nos últimos anos, tem focado em casamentos. Mas os trabalhos têm ficado mais “minguados”, por causa da doença, já que ele não enxerga mais as partituras no tablete e, na maioria das vezes, toca as músicas de cabeça.

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Giselle Ulbrich

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