Curitiba

Na volta às ruas, Oil Man diz que previu pandemia, mas acalma fãs: “Vai passar!”

Escrito por Gustavo Marques

Após nove meses, ele voltou para as ruas. Oil Man, o personagem mais famoso de Curitiba, ficou desde outubro sem dar aquela volta pela cidade com sua bicicleta e, claro, o óleo besuntado pelo corpo. A reclusão veio antes do coronavírus, mas a pandemia antecipou esta fase mais caseira desse homem quase sessentão. Nelson Rebello, biólogo de formação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), chega aos 60 anos em dezembro e aguarda a tão sonhada vacina para retomar com mais frequência aos 20 km que custava pedalar todos os dias.

O medo, a solidão e a incansável companhia do cachorro Léo, um pit bull, faz parte da rotina do mais ilustre morador do bairro Bacacheri neste período de incerteza mundial.

O retorno do Oil Man para as ruas ocorreu no fim de julho e a reclusão durou exatos 277 dias. Semana pasada, nos dias 22, 27 e 28 de julho, ele foi flagrado pedalando até o Centro da cidade, agora com um novo acessório, obrigatório nestes tempos de pandemia. A máscara se juntou à sunga para fazer uma combinação de cima abaixo, usando as cores do personagem que são preta, vermelha e azul.

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Além de entrosar as peças para sair de casa, Nelson Rebello teve de aumentar a proteção com álcool gel. “Passo em toda a bicicleta tanto na ida como na volta. A minha preparação é grande e estou fazendo bem consciente e reparo muito nas pessoas. Elas dão a mão e não pode. É automático até, mas é preciso ter atenção. Quanto à sunga e à máscara, uso a identidade do personagem. Dificilmente, você vai me ver com uma sunga amarela, mas já aconteceu”, afirmou Nelson que possui 8 bicicletas em casa. Bicicletas não, Oil Bikes!

O momento mais caseiro do personagem é por causa de uma previsão que ocorreu no fim de 2019 que deixou o Oil Man preocupado. Segundo ele, a família tem o poder de premonição. Ou seja, consegue antecipar acontecimentos e decidiu se resguardar até para evitar a exposição dele ou dos fãs.

O pit bull Leo, de 11 anos, é o fiel companheiro do Oil Man na luta contra a solidão na pandemia. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

“Em 2019, eu diminuí o ritmo e parei. Eu estava prevendo uma situação dessa, uma espécie de premonição. Minha família tem um pouco desse poder. Eu digo até que estava de quarentena desde o ano passado. Confesso que estou com medo sim, porque quase morri de H1N1 [a chamada gripe suína que assolou o mundo em 2009] . Se não fosse meu pai, que era médico, eu tinha morrido”, aponta Nelson, que perdeu a mãe em 2010 e o pai, em 2016 – ano em que também ficou recluso, pelo luto do pai.

Na família, são dois irmãos mais novos. O irmão do Oil Man mora em Vitória, no Espirito Santo, e a irmã mora aqui em Curitiba mesmo.

Um pit bull como companheiro

Nelson Rebello vem dedicando grande parte do seu tempo a duas paixões: os animais e os exercícios para se manter a forma.

O cachorro Léo, um pitbull manso de 11 anos, acompanha todas as ações dentro da casa do Oil Man no Bacacheri. Um companheiro fiel para todos os momentos, seja da solidão até a empolgação de voltar para as ruas.

“Faço minha faxina e ele está lá. Já mostra sinais de velhice, mas segue muito ativo. Parece até jogador veterano, pois tem dores na juntas e nos dentes. Cuido dele e tem um veterinário que cobra mais barato pra cuidar dele, pois viu o Léo nascer. Está é meu companheiro”, confidencia Nelson.

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Além do animal, o biólogo não deixa de praticar exercícios. Dentro da casa, possui equipamentos de ginástica, uma miniacademia. No espaço, a preparação é intensa e tudo é anotado em uma agenda. Com 1,86 m de altura e atualmente com 102 kg, Nelson deseja perder peso nos próximos dias. E para isto vai aumentar o tempo na academia em um dos cômodos da casa.

Parado na pandemia, Oil Man ganhou uns quilinhos que pretende perder com pedaladas e muita malhação na miniacademia que tem em casa. Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

“Meu peso ideal é 94 kg, mas acho que faltou mais exercício neste período. Tenho ficado apenas 40 minutos e preciso fazer por duas horas. Não alterei o meu modo de comer e perco em média 200 calorias quando saio com a bicicleta. Estou mais animado, mas não quero fazer nenhuma previsão agora. Estou trabalhando sério para ficar mais na rua”, revela Nelson que é fã de basquete e um dos pioneiros da quadra da praça Eppinghaus, o mais tradicional ponto da bola ao cesto em Curitiba, no bairro Juvevê.

E o futuro?

Para quem imagina que o Oil Man irá pendurar as bicicletas e usar as sungas somente na praia, está bem enganado. A ideia é seguir com este propósito de mostrar para todos que o exercício pode ser feito em qualquer lugar e utilizando somente a boa vontade para também alegrar as pessoas.

Já são 23 anos que o personagem apareceu primeira vez em agosto de 1997. “Demorei cinco anos para sair de casa de sunga e óleo após acompanhar uma competição de triathlon em Matinhos, em 1992. Não foi fácil, pois foi crítica para todos os lados. Hoje em dia, surgem mais elogios e penso muito nisto”, conta.

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Dono de um vozeirão de fazer inveja a muitos cantores profissionais, o Oil Man é fã incondicional de Elvis Presley e chegou a se apresentar com bandas curitibanas. Ele diz que ainda recebe convites para estar em eventos e ganhar cachês, mas com a pandemia tem dito não aos convites para evitar aglomerações, o que facilita o contágio da covid-19.

“Canto canções do Elvis Presley e gosto de Roberto Carlos e Gipsy Kings. Acredito que esta pandemia logo vai passar, pois já tivemos crises semelhantes. Precisamos nos cuidar, manter o distanciamento e esperar pela vacina. Vamos ter um futuro normal pela frente”, sentencia Oil Man. Tomara, realmente, que ele consiga acertar suas premonições.


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