CIC

Travessia arriscada

Escrito por Luisa Nucada

Para funcionários de empresas nas proximidades do trevo do Contorno Sul, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o simples trajeto de ida e volta do trabalho pode representar risco à vida. Colaboradores da Viação Redentor, posto Trevão e Méndelez, dentre outras companhias, se aventuram atravessando as pistas das BRs 376 e 476, no ponto bem em frente ao posto de combustível, que fica no número 14.050 da Avenida Juscelino Kubitschek (Contorno Sul).

Há uma passarela a cerca de um quilômetro do posto, mas, além da distância, os pedestres a evitam porque o local é palco constante de assaltos, principalmente à noite e cedo pela manhã. Preferem se aventurar atravessando pelas rodovias, o que é extremamente perigoso devido à velocidade dos carros. No fim do ano passado, uma cobradora da Viação Redentor foi atropelada e por pouco não morreu. Até hoje ela se recupera das sequelas, incluindo um traumatismo craniano, e não pôde voltar ao trabalho.

Foto: Felipe Rosa
Pedestres não usam a passarela pelo constante assalto nela. Foto: Felipe Rosa

Uma cobradora e um motorista da empresa de ônibus conversaram com a Tribuna logo depois de atravessarem as pistas correndo. “Todo dia é isso. Passamos por ali na ida e na volta. É complicado”, diz Luciane Cristine, 39 anos. O motorista Wilson Pereira de Oliveira, 38, conta que os acidentes são frequentes, porque o trecho costuma confundir condutores desavisados. “Os caminhões que vão pra Paranaguá se perdem e batem na mureta [que divide as duas pistas da BR 376], que já está toda raspada de batida.”

Desaconselhável

O técnico de segurança do trabalho da Viação Redentor, Dirceu Salvo, diz que a empresa não recomenda a travessia pelas BRs. “É extremamente perigosa. Dispomos de um ônibus para nossos funcionários, que vai até o Pinheirinho. Só que quem mora em Fazenda Rio Grande ou Araucária prefere pegar um ônibus de linha direto, do outro lado das rodovias, do que ir até o Pinheirinho e de lá pegar outro ônibus. Eles ganham uns 20 minutos com isso, mas arriscam a vida”, afirma.

Projeto de melhorias está parado

Foto: Felipe Rosa
Trabalhadores preferem arriscar a vida para pegar ônibus do outro lado da rodovia. Foto: Felipe Rosa

A solução, indica o técnico de segurança da Viação Redentor, seria construir uma passarela ou bloquear a passagem pelas BRs, instalando divisórias no meio das pistas. Segundo ele, as intervenções foram solicitadas à prefeitura, que alegou que a questão é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

O gerente de pista do Posto Trevão Nilson Soares, 53, conta que os funcionários do estabelecimento também já cobraram providências. “Tem uns cinco, seis anos que fizemos abaixo-assinado com mais de mil assinaturas, e não fizeram nada. Isso não é de hoje, é um problema antigo”, diz.

A prefeitura de Curitiba informou que interferências em rodovias são de competência do governo federal. “O DNIT tem um grande projeto para a 376/476, com dez intervenções (entre construção e aumento de viadutos e construção de passarelas), no valor de R$ 400 milhões. Está tudo pronto e a licitação era prevista para o ano passado, mais ainda não saiu até o momento”, afirmou. A Tribuna pediu informações sobre melhorias no trecho ao DNIT, mas o órgão não enviou resposta até o fechamento desta matéria.

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