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Luta pela vida

A vida de Francisco do Prado, 64 anos, começou a mudar em 2005, quando foi ele diagnosticado com câncer no rim. Após uma cirurgia para a retirada do rim esquerdo, teve que se afastar do trabalho e não conseguiu mais voltar. Após quase dois anos, conseguiu se aposentar recebendo um valor abaixo do que ganhava anteriormente. Depois, os problemas de saúde se agravaram e, nos últimos quatro anos, ele passou por diversas cirurgias no braço e garganta para retirada de outros tumores.

Atualmente, Francisco enfrenta dois tumores na garganta que não podem ser operados nem tratados através de quimioterapia ou radioterapia. Depois de muita luta, a família conseguiu na Justiça o direito de receber o medicamento de alto custo Torisel 25mg, que ameniza a situação do paciente e tem efeito semelhante à quimioterapia, impedindo o crescimento dos tumores. Em 17 de dezembro do ano passado, saiu uma decisão judicial favorável à liberação por tempo indeterminado do remédio, estipulando multa de R$ 200 por dia de atraso na entrega.

Mesmo após a vitória, mais dificuldade. Só em março conseguiram obter o medicamento. A filha de Francisco, Kátia Prato, reclama do atraso e da burocracia. “O medicamento foi liberado por três meses, um depósito por mês. Encerra no final de junho e estamos tendo dificuldade para conseguir novamente. Não sei se será liberado”. Existe um trâmite para retirar o remédio em uma clínica particular e entregar no hospital Erasto Gaertner, onde é feita a aplicação. O atendimento é muito elogiado pela família. “O pessoal do Erasto é fantástico”, destaca Kátia. Francisco utiliza quatro ampolas por mês, uma aplicação a cada semana. Uma dose foi aplicada anteontem e restam mais duas.

Segundo a defensora pública da União Bruna Silva, do 4.º Ofício Cível de Curitiba, que está acompanhando o caso da família, a União precisa informar se vai fornecer o medicamento ou o valor em dinheiro. Por enquanto, está sendo feito através de transferências bancárias e Bruna adiantou que já pediu nova liberação para mais três meses de tratamento. “Entrei com o pedido dia 3 de junho e estou aguardando o retorno da União”.

Com relação ao pagamento da multa, União e Estado são responsáveis por indenizar Francisco do Prado em caso de atraso. A defensora explica que já informou os 58 dias de atraso no início do ano e que aguarda uma manifestação da juíza no julgamento da ação. Caso isso não ocorra, vai entrar com um pedido. Kátia Prado afirma que se preocupa com o pagamento. “O que eu tenho medo é que meu pai não consiga receber o que é de direito. Essa demora me preocupa”.

A esposa de Francisco, Cléria Carriel de Lima, teve que abandonar o trabalho e as atividades que realizava – de costura e manicure – para tomar conta do marido. Com isso, as contas apertaram. Por conta do problema, Francisco não consegue se alimentar e já perdeu mais de 10 quilos. “Ele precisa de alimentos especiais e que têm um custo elevado”.

Kátia revela que os familiares têm dificuldades financeiras para arcar com as despesas de frutas, leite especial, farinha láctea e iogurtes, entre outros itens. Pela situação do pai, ela precisa revezar com o irmão para ficar sempre uma pessoa à disposição de Francisco, em caso de emergência. O irmão mudou o horário de trabalho para o terceiro turno. “Vivemos em função disso, muitas vezes ele tem crises e temos que correr para o hospital”, conta.

 

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– Você já enfrentou dificuldades pra conseguir uma medicação através do SUS?

– O que poderia ser feito pra diminuir a burocracia nesses casos?

– Tem ou já teve algum familiar em situação semelhante à de Francisco?

Sobre o autor

Pedro Menck

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