Campo de Santana

Atalho perigoso

Um trecho curto, com menos de 100 metros de extensão, que liga de maneira improvisada, duas ruas do Campo de Santana, causa medo e transtornos aos moradores da região. Utilizado por quem precisa levar os filhos à escola ou fazer compras no comércio, a ligação da Rua Ângelo Tozim (comunidade Rurbana) com a Rua Alda Bassetti Bertoldi (Rio Bonito) passou a ser evitada após a ocorrência de crimes.

Segundo os moradores, muitos já tiveram seus bens roubados e uma mulher já foi atacada e estuprada neste local, que é mal iluminado, coberto por vegetação fechada e que possui apenas duas pontes de madeira como caminho para a Rua Alda B. Bertoldi. Para eles, o ideal é que uma rua fosse aberta ali, mesmo que sem asfalto.

Para evitar os riscos, a saída encontrada por muitos, foi procurar um caminho alternativo para chegar a seus destinos. Mas o trajeto que antes era curto, com o desvio feito a pé ou de carro, passou a ter cerca de cinco quilômetros de extensão.

Insegurança

Local virou ponto de consumo de drogas. Foto: Ciciro Back.
Local virou ponto de consumo de drogas. Foto: Ciciro Back.

Moradora do bairro há 10 anos, a diarista Andreia Baran, de 28 anos é uma das afetadas pela falta de segurança. “Eu fazia este trajeto todos os dias, pela manhã, às 6h30 e no fim da tarde, às 17h. Mas hoje tenho medo de passar por aqui, tanto, que passei a pagar uma van para levar meu filho na escola. E como é caro, na saída eu vou buscá-lo, mas na volta são quase cinco quilômetros com uma criança no colo”, relata.

O vigilante Paulo Rodrigo Balão, 37, também reclama. “O lugar virou ponto de uso de drogas e depois que uma moradora foi estuprada, o povo do bairro ficou revoltado. Este é o caminho que temos para as escolas, creches, comércios e linhas de ônibus mais próximos, mas hoje é muito perigoso andar por aqui”.

Segundo o comerciante Nilson Teófilo, 40, a situação está insustentável e os moradores estão cansados de pedir uma solução para o problema. “A gente pede que o poder público resolva e que melhore esse acesso. Já fizemos um abaixo assinado, mas até agora nada. O que eles querem? Que aconteça algo pior, que alguém morra aqui?”.

Sem solução

Pedido para abertura de rua foi negado pela prefeitura. Foto: Ciciro Back.
Pedido para abertura de rua foi negado pela prefeitura. Foto: Ciciro Back.

Há cerca de um mês, o vereador Rogério Campos entregou na prefeitura, na Regional Pinheirinho e na Câmara um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas de moradores, pedindo a abertura da rua. “Levei representantes da prefeitura, da secretaria de obras e da regional até o local, para mostrar o problema e para pedir a abertura de uma rua. Mas a resposta foi negativa. Segundo a superintendência da secretaria de obras não há recursos para executar o serviço, neste local em que as pessoas têm colocado suas vidas em risco”, explica.

A prefeitura e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), informam que não existe projeto executivo de engenharia viária nem recursos previstos para executar a obra. Segundo o município, a área ainda tem um passivo ambiental significativo, que impede a abertura da via por estar em um fundo de vale dentro de Área de Preservação Permanente (APP) e bosque nativo relevante.

A Polícia Militar (PM) informa que os roubos no Campo de Santana caíram 60,1% em relação ao mesmo período do ano passado, de 173 para 69. Já os casos de estupros passaram de um, em 2014, para dois, até julho. O 13º Batalhão de Polícia Militar investe em prevenção, fazendo rondas ostensivas e patrulhamentos.

 

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Sobre o autor

Paula Weidlich

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