Campo de Santana

Amigos se unem e vendem coxinhas para conquistar sonho de ser jogador de futebol profissional

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Escrito por Lucas Sarzi

O que você faria por um sonho? No caso dos amigos Wendel Cícero Lopes e Pedro Henrique da Silva, os dois com 15 anos, o amor pelo futebol e a vontade de trabalhar como jogador profissional vai muito além de qualquer vergonha. Os dois, que já fizeram rifas e venderam doces, agora começaram a fazer coxinhas para vender e juntar R$ 2 mil. O objetivo? Fazer um teste em um time de futebol de São Paulo.

Wendel e Pedro se conhecem desde pequenos e se consideram como se fossem da mesma família. Assim como a amizade, o futebol surgiu na vida dos dois por acaso. “A gente joga bola juntos desde os cinco anos, começamos como uma brincadeira de criança mesmo. Aos poucos fomos percebendo que era aquilo que a gente amava e a coisa foi ficando séria”, contou Wendel.

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Para Pedro, o futebol aproximou ainda mais os dois. “A gente já era muito próximo um do outro, mas o atletismo nos uniu. Com o passar do tempo, a gente entendeu que o futebol era o nosso sonho, que a gente queria isso para a nossa vida como profissão. E aí a amizade só se fortaleceu, pois começamos a lutar por esse sonho em dupla”.

Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná.

Coxinhas para pagar o teste em São Paulo

Wendel, que tem 1,76 m de altura e joga de centroavante ou no meio, viu uma postagem nas redes sociais do Brasilis Futebol Clube, time de Águas de Lindóia, interior de São Paulo, e o coração falou mais alto. “Falei para o Pedro: ‘por que a gente não tenta juntar dinheiro para fazer esse teste?’. Ele topou na mesma hora”. 

Com as disputas de amistosos, Wendel e Pedro já viajaram outras quatro vezes juntos, e sempre foi com esforço deles além daquela forcinha dos pais. “Já fizemos muita rifa, vendemos doces na escola, na rua, tudo para juntar o dinheiro e podermos seguir nossos sonhos. Pensamos em fazer algo do tipo dessa vez de novo, mas por conta da pandemia, não iríamos conseguir vender muito, por ter menos gente na rua. Foi aí que o Pedro teve a ideia de fazermos coxinha para vender e resolvemos investir”, contou Wendel.

Pedro, que mede 1,73 m e joga como volante ou meio-campo, lembrou que sua mãe fazia coxinhas para a família. “Todo mundo sempre elogiou. Então, pensei: ‘por que não?’ Falei com ela, ela topou e botamos em prática a ideia de vender coxinha por encomenda, justamente por causa da pandemia”. 

Custando R$ 2 a unidade já frita ou 6 por R$ 10 já congeladas, os dois têm vendido muitos salgados. No entanto, o que eles têm mais se impressionado é com o quanto acreditar no sonho vale a pena. “Minha mãe faz e nós entregamos. Muita gente tem ajudado, comprando as coxinhas, mas também nos surpreendemos com várias pessoas que pagaram mais pela coxinha. Nos emociona, para falar a verdade”, comentou Pedro. 

Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná.

Tudo por um objetivo!

A mãe de Pedro, que é quem começou a fazer as coxinhas ao lado da mãe de Wendel, se mostrou orgulhosa. “Pai e mãe sempre dão um jeito, nem que parcelássemos, eles iriam de qualquer jeito. Mas não é a primeira vez que eles se esforçam assim. No mundo de hoje, que os jovens não se preocupam muito em ajudar suas famílias, eles fazem o contrário, dão valor ao dinheiro, ao esforço”, disse Márcia Regina da Silva.  

Márcia tem ajudado os dois meninos, do cozimento da massa ao recheio. “Haja braço”, brinca. “Mas está bom, porque é um jeito de os dois se ocuparem, correrem atrás dos sonhos. São dois adolescentes muito especiais, sou muito grata por serem quem são. Vale o esforço de botar a mão na massa”. 

A união da família é justamente o que motiva os dois. “Me motiva ver minha mãe indo trabalhar todos os dias 7h, o pai do Wendel saindo de madrugada para ir trabalhar e voltando com a coluna machucada. Sonho e luto muito para que um dia eu consiga dar uma condição melhor para todos eles”, revela Pedro. 

Bora comprar coxinha?

Dividindo o mesmo sonho, tanto Wendel como Pedro têm o desejo de conseguirem viver do que mais amam. “Entrar em algum clube do Brasil, engrenar, poder jogar na Europa, poder representar a seleção brasileira”, sonhou Wendel. “Sonho em representar o país, na seleção, ser jogador profissional, poder viver do que eu amo. Tenho fome de disputar títulos e também de trazer alegria para os torcedores”, completou Pedro.

Ao mesmo tempo, os dois entendem que, se conseguirem “chegar lá”, terão uma missão ainda maior do que apenas serem jogar futebol. “Sonho em poder ajudar quem precisa, quem tem menos oportunidade que a gente. Porque nossa situação pode não ser boa, mas sempre tem alguém pior que a gente. Então eu quero buscar ajudar e ser feliz”, disse Wendel. “Quero ter uma casa bacana, claro, mas quero mesmo é dar uma condição de vida melhor para muitas pessoas. É o meu sonho”, finaliza Pedro.

Wendel e Pedro têm até o dia 15 de fevereiro para juntar o valor total, que é de R$ 2 mil, mais a quantia necessária para fazerem os dois testes de covid-19 que são necessários. Quem quiser ajudar, comprando as coxinhas ou oferecendo ajuda no custo do sonho dos meninos, o telefone de contato é (41) 99693-2289.

Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná.

Sobre o autor

Lucas Sarzi

Jornalista formado pelo UniBrasil e que, além de contar boas histórias, não tem preconceito: se atreve a escrever sobre praticamente todos os assuntos.

(41) 9683-9504