Campo Comprido

Mundo de bambu

Escrito por Magaléa Mazziotti

Como um verdadeiro militante em defesa da natureza, em especial do bambu, o mestre bambuzeiro José Pedro da Silva, mais conhecido como Zé do Bambu, há 40 anos empresta todo o seu talento em desenvolver peças de decoração para promover as múltiplas aplicações da planta. Ele acredita que as variedades de bambu conseguem atender as mais diferentes necessidades humanas, desde vigas para a construção civil, passando por todos os móveis de uma residência e chegando à alimentação.

A chácara no Campo Comprido, onde fica o ateliê e toda a vida do entusiasta do bambu, é uma espécie de vitrine de todas as aspirações que ele possui para o mundo. “Aqui cultivo muitas variedades de bambu, como o chinês, que é mais resistente ao nosso frio, mas também tenho criações de animais e de espécies raras de plantas, como a aroeira, tenente-José e a tem-pra-tudo. Acho importante preservar isso, até mesmo para as novas gerações conseguirem conhecer as maravilhas da natureza e ficarem motivadas a plantar e reflorestar”, defende.

Aliás, Zé do Bambu divide a rotina entre a produção de objetos de decoração e estruturas para eventos e o desenvolvimento de mudas da planta, a fim de garantir o aumento da área cultivada de bambu. “Hoje já existem várias pessoas cultivando o bambu, porque estão se convencendo do valor da planta para o futuro, que necessita de um comportamento mais sustentável”, atesta.

Segundo ele, do chão ao teto da casa, tudo pode ser confeccionado com bambu, tanto que ele acalenta o projeto de construir uma casa de bambu e uma oca no formato de tartaruga com o mesmo material. “A oca vai permitir que organizemos eventos indígenas”, explica.

Ele defende que dependendo do sistema de tratamento usado para o bambu, a durabilidade das peças é de décadas. “Tanto o que ficará exposto às diferentes temperaturas e condições climáticas, quanto os objetos de casa duram permanentemente sabendo a forma correta de tratá-los”, assegura.

De acordo com Zé do Bambu, a aceitação do material é tamanha, que trabalho não falta. Atualmente o principal canal de divulgação do trabalho dele é o Facebook, através da página “Um mundo feito de Bambu”. Normalmente são usados de 100 a 200 pés de bambus por mês. “Procuro cortar apenas o que irei usar. E mesmo cultivando mais de cinco mil pés no meu terreno, na medida do possível vou para as matas de Quatro Barras e Araucária, para pegar matéria-prima”, conta.

O apelido Zé do Bambu tem origem nisso. Ele costumava carregar feixes de bambu nas costas quando ia a campo buscar matéria-prima. “Só depois passei a transportar de carro”, conta. Ele conta com toda a documentação necessária para esse tipo de exploração, fornecida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Foi buscando bambu que ele conheceu a esposa Terezinha Kulik da Silva, há 33 anos, que considera a planta “abençoada”. Mesmo tendo deixado a aldeia da tribo Cariri, em Alagoas, ainda na infância, Zé do Bambu mostra que assim como a planta suas raízes são profundas. “Gosto de estudar profundamente as plantas e tudo que construo a partir do bambu, mas sei que parte dessa sabedoria vem das minhas origens”, acredita.

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– Concorda que os artigos de bambu são duráveis?

– Acredita que o bambu pode substituir os móveis de madeira?

http://youtu.be/rf_Zs_GiCfk

Sobre o autor

Magaléa Mazziotti

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