Bairro Alto

Fartura pra todos

O exuberante pé de jabuticaba que já carregou quatro vezes neste ano e ainda apresenta a formação de flores para mais um ciclo de frutos só reforça a crença do encarregado de manutenção Joel Raimundo, 52 anos, que a fartura se multiplica quando é compartilhada. Tendo o Bairro Alto como endereço desde que deixou Maringá, em 1976, ele prosseguiu na capital com o dom de cultivar a terra visando a produção de alimentos para ele e para a comunidade, já que as cercanias de sua residência nunca limitaram a disposição de Joel em “multiplicar a fartura”.

A facilidade no trabalho com a terra foi desenvolvida na infância, quando acompanhava os pais no trabalho nas lavoura de café e feijão do Norte do Paraná. Também foi seguindo o exemplo do pai que Joel passou a tratar cada canto de terra como uma área a mais a ser cultivada. “Tomei o gosto por ver a terra produzir e alimentar a todos. Se eu fosse político iria plantar árvores frutíferas em todos os espaços da cidade”, explica.
Canteiro em frente à central da Oi, onde Joel trabalha, também é horta. Foto: Ciciro BackEle atribui à existência de uma vertente de água no terreno da sua residência a razão da jabuticabeira ser tão produtiva. Mas a infinidade de hortaliças e árvores frutíferas (jurubeba, lichia, limoeiro, romã, entre outros), que toma conta dos 30 metros quadrados entre o jardim e o quintal, indica que há outros fatores para tantas culturas se desenvolverem bem em uma área de solo do tipo sabão de caboclo, que não é o mais apropriado.

Joel: “multiplicar a fartura”. Foto: Ciciro BackJoel revela os demais segredos que fazem a diferença. “Eu uso adubo natural de galinha, coelho ou de serralha, que eu mesmo preparo, e converso com as plantas daqui e dos locais onde planto. Elas respondem se desenvolvendo, pois se você abandona a planta, ela sente e não vai pra frente. Tudo tem a ver com a energia que trocamos”, ensina.

Ele mesmo diz que desse convívio com a natureza que conseguiu superar os problemas ao longo da vida. “Mexendo na terra você esquece até da dor. Em junho tive que tirar dois nódulos do pé e só superei no contato com as plantas”, conta.

Abóbora e milho são as culturas preferidas por Joel para plantar em espaços públicos. A área em frente à central de distribuição da Oi no Bairro Alto, endereço onde Joel trabalha, nos próximos meses deve estar colhendo as abóboras plantadas por ele. “Elas são bem resistentes, o que ajuda a evitar que a planta sofra com vandalismo”, explica.

Na opinião de Joel, qualquer pessoa pode seguir o seu exemplo e ter sucesso no plantio. Ele recomenda que os últimos quatro meses do ano são os mais propícios para o plantio. “O calor ajuda no desenvolvimento”.
Quadro tem lembranças da família e dos tempos de trabalho na roça. Foto: Ciciro BackRelíquias

Nutrindo uma devoção pela história dos seus pais e os nove irmãos, dos quais cinco estão vivos, Joel guarda em casa várias relíquias da época “na roça”. Todos os equipamentos para produzir café (peneira, torrador, pilão e moedor) e mais o moedor de cana integram a coleção e ainda funcionam perfeitamente. “Não tenho mais plantação de café, mas quando ganho o fruto produzo todo o resto com os equipamentos usados pela minha mãe”.

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Magaléa Mazziotti

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