O fotojornalista Marco Charneski, 38 anos, tem driblado a ansiedade do isolamento social do coronavírus patinando em Araucária, região de Curitiba. E os vídeos das manobras em suas redes sociais inspiram os seguidores.

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Charneski já foi profissional do patins e disputou o X-Games – uma espécie de Olimpíada de esportes radiais. Uma lesão no tornozelo o tirou dos campeonatos, mas, em compensação, ele descobriu a fotografia enquanto competia e ela se tornou profissão.

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A crise do coronavírus bateu, os contratos para fotos foram interrompidos e a retomada da paixão pelo esporte tem sido o ponto de equilíbrio mental de Charneski. O que o fotógrafo não sabia é que seus vídeos chamariam a atenção e que as patinadas o ajudariam a perder 13 quilos e a manter a hipertensão arterial em dia.

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“Para mim, a quarentena tem sido diferente. Em vez de engordar e adoecer, entrei em forma”, brinca Charneski. O fotógrafo é natural de Curitiba, mas foi morar em Araucária em 1990, onde se criou e constituiu família. “Na quarentena, o tempo de permanência em casa aumentou. Eu retomei o patins e outros projetos que estavam parados em minha vida. A crise financeira da fotografia atrapalha, mas o lado bom foi redescobrir a saúde com os patins”, conta.

“A ideia foi encontrar algo que me ajudasse a recuperar a forma e a manter o equilíbrio mental. Os vídeos surgiram como algo da minha rotina. No fim das contas, passei a andar de patins todos os dias e emagreci”. Um problema leve de pressão arterial também o fez revisitar o esporte.

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Os vídeos postados inspiram. São manobras arriscadas, quedas, ângulos de filmagem bacanas e até brincadeiras com a edição. Mais do que as patinadas, o conteúdo também inclui momentos com familiares. “Não é fácil passar por tudo isso”, desabafa Charneski. Ele explica que sempre teve uma participação neutra nas redes sociais, mas os vídeos movimentaram o negócio e a interação com seguidores cresceu. “Sim, me chamam para tirar dúvidas”, revela.

Fotógrafo Marco Charneski perdeu 13 kg e faz sucesso nas mídias sociais com vídeos de patins na pandemia. Foto: Arquivo pessoal

As gravações, basicamente, contam a história da retomada da patinação. Mostram a construção de um slide na casa da sogra, no início do isolamento social. Depois, ao longo dos cinco meses de pandemia, os vídeos mais recentes mostram passeios por lugares de Araucária. O fotógrafo diz que toma todos os cuidados sanitários. “Cuido bastante disso. Evito locais onde possa ter alguém, uso máscara e mantenho os equipamentos limpos”. O patins utilizado é o modelo InLine, com as rodas em linha reta.

Dica de vídeos e X-Games

A dica para vídeos tão legais não incluem equipamentos fotográficos caros. A maioria, segundo Charneski, são produzidos com o celular. “Até a edição faço no aparelho”, explica. “Por isso, a pessoa tem que usar o que tem. Não precisa ficar esperando. Em vídeos de esportes radicais, você improvisa, aproveita a luz natural, o reflexo do sol. Se não tem tripé, apoia o celular no tênis”, ensina o fotógrafo. Mas vale destacar que alguns vídeos mais elaborados, como os que têm sobreposição de imagem, são feitos no computador. “É, aí não tem jeito”, afirma.

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Além de ajudar o fotojornalista a extravasar as emoções durante a pandemia, a produção de vídeos dos rolês de patins permitem que Charneski mostre quem ele é e quem foi. O amor pelo esporte veio na adolescência, entre 1998 e 1999, quando começou a andar de patins Logo depois, já profissional, em 2003 e 2004, vieram as duas participações nas eliminatórias sul-americanas do Extreme Games do Rio de Janeiro (X-Games, evento mundial de esportes radicais), com um quinto lugar em uma das etapas. “Corri muitos outros campeonatos no Brasil e um no Chile, até que em 2005 veio a lesão no tornozelo”.

Charneski sofreu uma queda grave e passou por cirurgia. Ele levou um ano para se recuperar. Quando voltou, mais uma queda e o outro tornozelo foi lesionado. “À essa altura, a fotografia já tinha entrado na minha vida. Até por ser atleta, querer imagens do que eu fazia, fui aprendendo. E foi bom, pois não deu para voltar ao patins, perdi patrocinadores com as lesões”, conta.

Os primeiros trabalhos com fotojornalismo são de 2006. “Comecei em um jornal de Araucária e, logo em seguida, fui contratado pelo jornal O Popular do Paraná, onde trabalho até hoje”, conta. Nesses 14 anos de profissão, Charneski também fotografou para a Tribuna do Paraná. “Construí uma carreira legal. O interessante é que, agora, com a quarentena, voltei a unir as duas coisas que mais gosto de fazer. Percebi que a paixão pelo patins estava apenas adormecida. Tem sido bacana compartilhar um pouco disso tudo nas redes”, se despede o fotógrafo-atleta.


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