Alto da XV

Assaltos frequentes

Escrito por Lucas Sarzi

Insegurança toma conta da região do Alto da XV

“A polícia nem vem. Acho que só vai aparecer quando algum morador for morto”, definiu um morador do começo da Avenida Sete de Setembro, no Alto da XV, em Curitiba. O desabafo do homem, de 69 anos, que não se identificou, veio nesta segunda-feira (11), depois de mais uma ação de bandidos em frente à casa em que ele mora. “Dessa vez, pelo menos, eles (os assaltantes) se deram mal. Mas sabemos que vão voltar”.

Era por volta das 9h, assim que o homem, um policial civil aposentado, parou uma HRV em frente a uma casa, próximo ao cruzamento com a Rua Prefeito Ângelo Lopes. Três assaltantes chegaram num carro, um deles desceu e tentou levar o carro, mas não contou que a vítima reagiria e foi baleado nas costas, enquanto os comparsas fugiram.

Foto: Colaboração/Tiago Silva.
Foto: Colaboração/Tiago Silva.

O assaltante foi socorrido pelo Siate e encaminhado ao hospital com um ferimento na coluna. O advogado não se feriu, mas ficaram no carro as marcas dos disparos e agora uma equipe da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) investiga o crime.

Segundo quem mora por ali, o problema se tornou rotina e a calmaria que a rua parece ter na verdade esconde o perigo. “Recebo visita e as pessoas falam que sou sortudo em morar num lugar tão bom. Realmente, é muito bom, mas viramos um verdadeiro alvo para os assaltantes. Eu já até levei um tiro”, contou o morador.

O assalto que feriu o homem aconteceu no ano passado e os bandidos foram bem truculentos. “Me esperaram chegar, invadiram minha casa e, depois de me balearem, fugiram com meu carro”, detalhou o homem, que contou que foi assaltado de novo nesse ano. “Pelo menos na segunda vez foi só o susto”.

Foto: Gerson Klaina.
Foto: Gerson Klaina.

Assaltos frequentes

Os moradores contaram à Tribuna do Paraná que, só na semana passada, foram pelo menos três assaltos. “Todos roubos à carros, mas varia conforme a facilidade que encontram no momento. Parece até que os bandidos ficam nos analisando e sabem nossa rotina”, comentou uma mulher, que pediu para não ser identificada.

Numa das ações, na última sexta-feira (8), um idoso foi abordado logo que parou o carro para esperar uma familiar. “Tiraram-no do carro, o agrediram e depois fugiram levando o veículo. Ninguém entendeu o motivo da agressão, ficamos todos com muito dó do idoso, que não merecia o que aconteceu”.

O trecho reclamado pelos moradores é bem localizado no Alto da XV, mas a paz de morar ali foi acabando aos poucos. “Primeiro percebemos que alguns carros ficavam abandonados no final da rua, aparentemente estacionados. Descobrimos que eram carros roubados que ficavam para dar um tempo e sumiam”, denunciou.

Foto: Atila Alberti.
Foto: Atila Alberti.

Mudando hábitos

“Meu carro, eu lavava na calçada de casa. Agora, já não posso mais. Tínhamos muitas árvores aqui em frente, mas tivemos que podar e até cortar algumas, para melhorar a visão. Basicamente, tivemos que tomar medidas próprias, para que não nos tornemos alvos fáceis, mas acabamos perdendo àquela coisa boa de ficar em frente de casa sem medo algum”.

Além disso, a maioria dos moradores instalou alarmes e câmeras de segurança. “Sem contar as grades, né? Vivemos verdadeiramente enjaulados e não dá pra depender da polícia, porque raramente uma viatura passa por aqui”, completou o morador.

Por meio de uma nota, a Polícia Militar (PM) ressaltou que tem feito patrulhamento preventivo e ostensivo. Desde o início do mês, está em andamento a Operação Natal 2017, com reforço de policiamento em toda a Capital, incluindo o Alto da XV. Além disso, a unidade promove a operação Labirinto nos locais com maior incidência de crimes.

A PM também disse que está à disposição da população, por meio do telefone 190 e para denúncias pelo 181. “No entanto, quando os casos já são consumados, a responsabilidade é da Polícia Civil, que faz as investigações, ou seja, se existirem imagens ou características de suspeitos elas devem ser passadas. Além disso, se houver alguma ocorrência a pessoa precisa registrar Boletim de Ocorrência, o que embasa a readequação do policiamento”, finalizou.

Foto: Átila Alberti.
Foto: Átila Alberti.

Sobre o autor

Lucas Sarzi

Jornalista formado pelo UniBrasil e que, além de contar boas histórias, não tem preconceito: se atreve a escrever sobre praticamente todos os assuntos.

(41) 9683-9504