Uma viagem gastronômica pela maior feira de turismo da América Latina

Durante três dias, circulei pelos estandes da WTM Latin America, realizada em São Paulo, no mês passado. A feira, considerada a maior da América Latina, é focada em negócios de turismo, que têm como um dos atrativos, é claro, o turismo gastronômico.

Afinal, como sempre reforço aqui no blog, os sabores e saberes que envolvem a comida fazem parte da cultura e do conhecimento que se tem de um povo.

Aqui, dou algumas pitadas do que eu vi ao circular pelos estandes de mais de 600 participantes que marcaram presença na WTM 2023. Vamos junto nessa Viagem Gastronômica!

Minas Gerais

O cheirinho de pão de queijo mineiro com café é inconfundível e foi por meio do olfato que o time lá de Minas atraiu quem estava disposto a conhecer mais sobre esse imperdível destino, cercado de história e de uma gastronomia pujante.

Além dos cafés especiais – a região tem três indicações geográficas para o produto, o estado se destaca pelo premiado queijo da Canastra, que pudemos provar durante a feira, e toda a sorte de cachaças.

O Leonardo Rodrigues Gomes, do Mercado Novo BH, inclusive, me deixou curiosa sobre o número de mulheres que está tomando a frente nos negócios etílicos por lá. “Estão fazendo um trabalho incrível, como é o caso da cachaça Tiê, super premiada”. Aguardem cenas do próximo capítulo!

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Queijo da Serra da Canastra foi uma das atrações do time de Minas Gerais na WTM 2023. Foto: Gisele Rech

Mato Grosso do Sul

Outro estado que chamou a nossa atenção, até mesmo pelo trabalho intenso de turismo gastronômico, com o Brasil Food Safari´s, é o Mato Grosso do Sul. Os chefs Kalymaracaya Nogueira e Paulo Machado foram os anfitriões do estande.

“Temos uma cozinha de fronteira e sertaneja, chamada de brasiguaia, com influências de outros estados, como Minas e São Paulo e de outros países, como o Paraguai. Afinal, já fizemos parte do território paraguaio”. Isso sem falar, é claro, na influência dos povos indígenas, como os terenas, etnia a qual pertence a chef Kalymaracaya.

A gente aprendeu a fazer o macarrão de comitiva e deixo a receita se vocês pedirem. Combinado?

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Chefs Kalymaracaya e Paulo Machado cozinham macarrão de comitiva. Foto: Gisele Rech

Roraima

A gastronomia é uma das ferramentas que Roraima utiliza para promover o turismo no estado, com ampla influência indígena.

“Temos pratos como a damurida, que o turista pode provar ao visitar as comunidades”, diz Bruno Dantas. Em uma rápida explicação, o primeiro prato é um caldo apimentado com tucupi, carne de peixe ou cação, chichória, jambu e pimentas da região. Há ainda o pajuaru, uma bebida alcóolica fermentada por dez dias a partir de um tipo específico de mandioca.

Outra curiosidade: Você sabia que Roraima está investindo na produção de café? É o café imeru. “Os grãos são 100% arábica e orgânico e cultivado em altitude em Pacaraima, na comunidade do Cauê. É um projeto recente, mas, que vale muito a pena conhecer”.

Pelo Mundo

Aqui, cabe um adendo: a despeito de o foco da WTM ser nos países da América Latina, o espaço é democrático. Por isso, nessa edição, tinha representantes de diversos países que não fazem, necessariamente, parte do continente,

Arábia Saudita

Isso mesmo que você leu! A carne de camelo é muito consumida nos países árabes e foi em um bate-papo com Miguél Angel Rodriguez e Clayton de Araújo, da Eupamundo, empresa que comercializa pacotes para Arábia Saudita, que ficamos sabendo mais sobre a exótica carne.

“Geralmente, é servida ensopada e tem animais criados especificamente para esse fim”, conta Miguel.

O país segue em abertura para o turismo e a Europamundo é a agência responsável, aqui no Brasil, pela comercialização dos pacotes, que costumam incluir outros países no roteiro. A gastronomia saudita, é claro, é um dos atrativos. “A alimentação é muito parecida com a ofertada em outros países árabes. Mas, é claro, nos principais hotéis, já oferta de comida mais usual, como as internacionais pizzas”, completa Clayton.

Itália

Folhas de abobrinha viram um quitute especial na Itália.

Na Itália, especialmente ao Sul, o aproveitamento integral dos alimentos é levado muito a sério. Uma prova é o uso das flores das abobrinhas para preparar uma receita feita com massa de água e farinha e frita por imersão.

O chef Antonio Maiolica, da Agenzia Nazionale del Turismo, contou que a receita é muito comum na Campanha, no Lácio e na Puglia. “Preparo as flores recheadas com ricota. Come-se muito no verão e é muito popular no sul da Itália”.

O sabor é incrível e, certamente, mostra um lado do País da Bota que vai muito além da profusão de massas e pizzas (que também amamos, claro!). Não preciso nem dizer que só fez aumentar a minha vontade de voltar para a Itália.

Equador

Um dos carros-chefes da gastronomia do Equador, é, sem dúvida, o chocolate. “O cacau equatoriano é um dos melhores do mundo e somos o terceiro exportador do mungo”. garante o chef chocolatier Daniel Ampuero.

A qualidade da matéria-prima, naturalmente, resulta em um chocolate puríssimo e de sabor marcante, que pode ser trabalhado nas mais diversas variações. Provamos, por exemplo, versões recheadas com creme de maracujá e outra versão com creme de amendoim. Um chocolate, realmente, acima da média.

***

Você sabia dessas peculiaridades do turismo gastronômico que contei por aqui? Qual deixou você mais curioso? Me conta que prometo me aprofundar no tema!

Na próxima coluna, começo o especial que trata da gastronomia do Sul dos Estados Unidos. Já ouviu falar? Spoiler: tem jacaré na área! Até lá!

O Viagem Gastronômica marcou presença no WTM Latin America 2023. Foto: Arquivo Pessoal

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