Churrasco do Bar Palácio conquistou até criador de “O Poderoso Chefão”

Foto: Eloá Cruz.

Chuleta grelhada, farofa, arroz e salada de cebola. O tradicional Churrasco Paranaense é servido da mesma forma, com o mesmo tempero, desde 1930 no Bar Palácio, em Curitiba. E se até o cineasta de Hollywood Francis Ford Coppola, de ‘O Poderoso Chefão’, conheceu o restaurante curitibano em 2003, o Rango Barateza faz questão de registrar a história – ou parte dela – de um patrimônio cultural da cidade.

Bar Palácio, de bar mesmo, só tem o nome. Inaugurado em 1930, inicialmente na Rua Barão do Rio Branco, tinha o nome “Café e Restaurante Palácio”. Na época, o restaurante ficava em frente ao Palácio do Governo, por isso o nome. O prédio do antigo Palácio é hoje o Museu da Imagem e do Som (MIS).

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É quase centenário. E surpreende porque mantém cardápio com alguns pratos que são vendidos desde a inauguração. O Churrasco Paranaense (R$60) é um deles. Uma bela chuleta grelhada de 500g, que acompanha arroz, farofa simples e salada de cebola. O gerente, Laurindo Graciano, explica que o prato é individual. Mas – vamos combinar aqui – com toda essa quantidade, dá para dividir com alguém que não seja um super bom de garfo.

Há também o famoso Mignon Grise (R$ 98) – 350g de carne na manteiga, acompanhada de arroz, ervilha, batata grise e arroz. Há opção também de Contra Filé Grise, 260g de carne e com os mesmos acompanhamentos. O preço mais em conta (R$60).

São vários pratos fixos no cardápio, de carnes grelhadas a massas, e também os especiais do dia: segunda é dia de espaguete com frango, terça é risoto de frango, quarta é dia de rabada, na quinta tem dobradinha, na sexta-feira é cabrito grelhado. Aos sábados, canja. O descanso ficou para domingo.

Mesmo com acompanhamentos que seguem os pratos há décadas, alguns pedidos extras garantem um jantar muito mais saboroso. São duas opções já conhecidas pelos frequentadores: a famosa farofa de ovos e a batatinha frita em corte meia-lua. “Muitos tentam reproduzir a nossa farofa de ovos, mas colocamos um segredinho nela, por isso fica difícil fazer em casa”, conta Graciano, sem dar ao menos uma dica do ingrediente secreto.

A batatinha frita , muito querida entre os clientes, é feita com o que fica da batata depois de ser boleada para o grise. São retiradas pequenas bolinhas e a batata que fica, toda furadinha, é cortada em pequenos pedaços meia-lua.

Durante todos esses anos, os pratos do Bar Palácio seguem fidelizando clientes. Não só na memória afetiva – há quem frequentava quando era criança e continua mantendo a tradição de jantar toda semana no Palácio até hoje – mas também o tempero único e simples faz com o cliente sempre volte.

No Churrasco Paranaense, o sal grosso tempera levemente a carne. Só que tem um ‘algo’ a mais. Quem já sentou mais próximo da churrasqueira notou um ‘segredinho’ que deixa a chuleta única. Uma pequena bisnaga ao lado da grelha revela o sabor: lascas de alho curtidas numa mistura de água e vinagre branco – meio a meio.

Não é só o tempero. A chuleta do Palácio tem algo especial, exclusivo. A peça vem do açougue com um corte específico, feito há anos de uma forma única para o restaurante. “Você não encontra esse corte em qualquer açougue. A nossa chuleta vem com parte de mignon, de contra filé e um ‘rabinho’ de maminha. Os clientes mais antigos até brincam, ‘separa uma chuleta bem rabuda pra mim”, revela Graciano.

Francis Coppola, Paulo Leminski, memórias e causos

Se em 1930, o ‘Café e Restaurante Palácio’ era o mais tradicional entre os seis (seis!) restaurantes da cidade, hoje são inúmeras histórias que envolvem o bar. Laurindo Graciano está na gerência da casa há mais de 20 anos e já nem consegue lembrar de todas as celebridades que passaram pelo seu balcão.

“Foram atores de teatro, de filmes, passaram vários aqui. Bandas, atletas. Semana passada veio o Popó. São muitos atores, jovens e antigos. Tony Ramos, Malu Mader e o esposo Tony Bellotto, os Titãs. Dessa última vez eles não passaram, não tinha espaço. Estava uma loucura por causa do show. Veio também Chico Anysio, Marieta Severo, Ari Fontoura…”

Foto: Eloá Cruz.

O Bar Palácio virou até cenário de filme. O premiado “Estômago”, do diretor Marcos Jorge, foi gravado na cozinha do restaurante. Na época, em 2006, o Palácio ficou uma semana fechado para que o filme fosse rodado.

Políticos, ah sim, têm um carinho pelo restaurante. Famílias tradicionais, Lerner, Fruet, Requião, Richa. Pode até ser que alguma decisão importante para o Paraná tenha sido feita em uma das mesas do Bar Palácio. Gerações de pais e filhos frequentam o ícone da Rua André de Barros. “Ney Leprevost, quando vem, sempre pede o mignon à parmegiana”, recorda Graciano.

Há muitas e muitas histórias do Bar Palácio. Boa parte delas estampadas nas paredes do restaurante. Contar todas seria impossível nesse post. O intuito aqui nem é esse, mas de fazer você leitor salivar com os pratos que tem conquistado com afetividade gerações de curitibanos.

Que tal um churrasco do Bar Palácio?

O Bar Palácio fica localizado na Rua André de Barros, 500. Reservas pelo telefone (41) 3222-3626. Não trabalha com delivery. Aberto de segunda a quinta, das 19 às 01h15, e sexta e sábado, das 19 às 2h45. Fecha aos domingos.

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