A confeitaria mais querida de Curitiba tem: coxinha, chineque e Martha Rocha

Fotos: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Não há curitibano que não resista a pelo menos uma dessas três delícias: coxinha, chineque ou a torta Martha Rocha. Essas três estrelas premiadas são destaque numa das confeitarias mais queridas de Curitiba: a Confeitaria Holandesa.

A primeira estrela é paixão nacional: nos balcões, lanchonetes, cantinas, confeitarias e padocas. O chineque já é a cara da capital paranaense. Doce leve e sutil, vem até com sotaque curitibano, e é companhia certa para um café ou um bom chá.

A Martha Rocha é um caso especial, há até quem diga que a torta chega a ser polêmica. A doçura dela pode parecer um pouco exagerada para alguns, um pouco menos para outros. Depende do paladar.

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Calma! A polêmica não tem nada a ver com a doçura da torta, e sim com as diferentes versões. Criada em 1954 pela Confeitara das Famílias, a torta surgiu como uma homenagem a Martha, a 1ª Miss Brasil, em 1954.

Martha Rocha deixou um legado mas não conquistou o título de Miss Universo. A derrota de Martha, apesar da expectativa de todos, não foi nada amarga. Longe disso. O consolo veio em forma de bolo. Com o passar dos anos, a Martha Rocha ganhou versões, diferentes assinaturas. Assim como a coxinha e o chineque, confeitarias adaptaram a torta.

Ali na esquina da Brigadeiro Franco com a Dr. Pedrosa, a Confeitaria Holandesa, fundada em 1958, conquista o carinho de pelo menos quatro gerações pela cidade. No mesmo ano de sua fundação, a Holandesa criou sua versão da Martha Rocha. Hoje, a torta é o carro-chefe da casa.

“Nós não tentamos reproduzir, não somos os primeiros a fazer o bolo. A gente tem variações. A nossa não vai damasco, não vai crocante, não vai ameixa. Mas ela é o nosso carro-chefe, a torta mais querida e mais lembrada. A memória afetiva dos nossos clientes com certeza vem da Martha Rocha”, conta a sócio-proprietária Karin Sabine Procop.

Na versão da Holandesa: pão-de-ló branco e de chocolate, estrogonofe de nozes, baba de moça, nata batida e suspiro. “Quem conhece, conhece, porque a mãe comia, a avó conhecia e comprava. A nossa Martha Rocha é tão tradicional que não mexemos nela. Não adaptamos para ninguém”, revela.

Fatia da tradicional Martha Rocha. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

A torta Martha Rocha é vendida a R$ 124,90 o quilo. São oferecidos cinco tamanhos redondos: o mini mini de 6 a 8 fatias bem servidas, o mini de 10 a 12 fatias, o pequeno de 15 a 18 fatias, médio de 20 a 23 fatias e a torta grande, que serve de 30 a 40 fatias bem servidas.

O que faz a Martha Rocha ser tão especial?

Karin acredita a Martha Rocha da Confeitaria Holandesa é bem democrática. “Não tentamos reproduzir a primeira torta, fizemos a nossa variação. A nossa nata é nata mesmo, não é amanteigada. Batemos no tacho, no gelo, com açúcar. Se você for ver, a nossa é bem branquinha. O problema de ela bater demais, é que fica amarelada”, revela o segredo.

Estrogonofe de nozes, nata, suspiro, baba de moça. Outro segredinho da versão da Holandesa está na baba de moça. “Ela tem um ponto específico, que se dá na panela, mexendo sem parar, nada de maizena! É feita com leite de coco, açúcar e gemas. Nossa baba de moça não tem gosto de ovo”, confidencia.

Ameixa, damasco? Na Confeitaria Holandesa, estes dois ingredientes vão em outros bolos, separadamente.

A produção toda é feita de forma bem artesanal, há anos. Na fábrica da Holandesa tudo é trabalhado com as mãos. “Temos batedeira, mas não temos máquina para pingar salgado, a coxinha é feita a mão. Docinhos, tudo enroladinho na mão. Nossos bolos, pela quantidade, é feito em linha de produção. Agora para o Natal, estamos nos preparando para produzir 400 bolos. Entre os dias 23 e 24 de dezembro, a produção não para”, explica a sócio-proprietária.

Numa mesa grande, mais de 25 Marthas Rochas são preparadas de uma só vez. Em três, quatro confeiteiros, os bolos são recheados camada por camada e recebem cobertura. Cada torta, por exemplo, é montada em até cinco minutos.

Coxinha macia, com massa que desmancha

Há quem diga que a coxinha da Confeitaria Holandesa é feita de aipim ou mesmo de batata. Estão totalmente enganados. A massa é tradicional e ganhou essa fama equivocada por ser levíssima. E é tão gostosa e tão boa que venceu até prêmio. Em 2016, a coxinha de frango e catupiry da Holandesa foi eleita e Melhor Coxinha de Curitiba pelo Prêmio Bom Gourmet.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Feita com peito de frango desfiado, tempero especial da casa e catupiry autêntico. A coxinha da Holandesa tem uma leve crocância, casquinha fina. Macia por dentro e por fora.

A versão mais conhecida da casa, de frango e catupiry, custa R$ 15,50 (180g). Com sabor mais novo, a coxinha de camarão conquistou o público e é vendida por R$ 18,50 (180g).

Chineque da Holandesa foi destaque na Ana Maria Braga

A versão paranaense do pão doce é tradicional e presente em quase toda a padaria e confeitaria de Curitiba. O nome chineque, aliás, é uma versão em português do termo alemão “schnecke”, que significa caracol.

Na massa doce, coloca-se o que quiser: goiabada, brigadeiro, farofa, doce de leite, frutas. A versão da Confeitaria Holandesa é feita com massa semi-folheada, creme de baunilha, maçã, coco, passas, e glacê na cobertura. “É totalmente diferente e nada tem a ver com o pão. É um sucesso nosso, único”, confidencia Karin.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

*Os valores do cardápio divulgados no post são de novembro de 2023 e podem sofrer alterações.

Confeita Holandesa, tradição há 65 anos

A Confeitaria Holandesa funciona de segunda a sábado, das 8 às 20 horas. Aos domingos, das 10 às 18 horas. Ela fica na Rua Dr. Pedrosa, 366 – Centro. Telefone: (41) 3224-1191.

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