“Clímax” leva o espectador a uma viagem perturbadora sensorial

Clímax. Foto: Divulgação

Após quatro anos do seu último (e polêmico) trabalho, Love 3D, Gaspar Noé volta ao cinema com mais uma trama de extrema tensão psicológica. “Clímax” chega às telonas com o intuito de melhorar a sua produção anterior que, mesmo inovando em algumas técnicas – como apresentar o gênero erótico/porn soft em versão 3D, não agradou nem a crítica, quanto o espectador do modo geral. E, claro, evoluir nos elogiados “Enter the Void – Viagem Alucinante” e “Irreversível”.

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Nos anos 90, um grupo de dançarinos se reúne em um local meio isolado do centro urbano em pleno inverno rigoroso francês, para um importante ensaio. Ao fazerem uma festa de comemoração, descobrem que foram drogados ao tomar uma sangria. Sem saberem quem e o porquê, os jovens mergulham em uma viagem alucinante entre paranoia e psicose. Veja o trailer:

Noé volta realmente por cima e inovado. “Clímax” une o que deu certo em seus trabalhos anteriores e com aperfeiçoamentos.  A direção é plausível pela sua jogada de planos sequências longa, movimentos bruscos que dão impressões que o próprio espectador foi drogado junto com os jovens. A mise en scène é impecável. Atuações vibrantes. E, por fim, trilha sonora é uma verdadeira viagem sensorial capaz de infundir o público na atmosférica fílmica.

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Eufórico, inquietante, reluzente e uma verdadeira ode aos clássicos. Noé se espelha em produções clássicas para compor o enredo de sua nova produção. Os exemplos vão desde as cores vibrantes referentes ao terror italiano Dário Argento, “Suspiria” (1977); a recreação da brilhante cena de Isabelle Adjani no filme “Possessão” (1981) e o romance homoafetivo de Querelle (1982).

Cena do filme “Possessão” (1981). Foto: Divulgação

Não só de referências, Gaspar Noé ainda inova com o gênero terror, mostrando um inferno possível de ser alcançado e revelando uma nova forma de demonização pessoal. Outra genialidade vai para sua apresentação e fechamento do longa, porém não dá para explicar muito esse quesito sem soltar alguns spoilers. Mas quem quiser entender melhor, explico em particular. É só mandar um e-mail.

Enfim, Gaspar Noé apresenta ao mundo uma obra que vão mexer com o sistema sensorial do espectador. Sem dúvida, uma das melhores obras dele.

Clímax” estreia nesta quinta-feira, 31, nos cinemas de Curitiba.

Avaliação: ⭐⭐⭐⭐
Pra quem gosta: terror, musical
Pra assistir: sozinho e com os amigos
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