O cineasta Guto Pasko, conhecido por dirigir a série “Contracapa”, que se encontra disponível no catálogo do Amazon Prime Video, lança “Aldeia Natal”, seu novo filme sobre a história dos seus antepassados e sua relação com a cultura ucraniana. O longa teve sua primeira exibição no último fim de semana, na 26ª edição do Cine PE – Festival Audiovisual, que aconteceu em Recife, capital de Pernambuco.
Pasko nasceu na colônia de imigrantes ucranianos em Prudentópolis, cidade do interior do Paraná que conta com mais de 1.500 famílias vinda do país leste-europeu. O cineasta saiu da casa dos pais com apenas 11 anos de idade. O rompimento familiar se deu por questões culturais e religiosas. Depois de 30 anos, ele retorna à sua aldeia natal, para se reconectar com o seu passado. Com isso, veio a ideia em gravar “Aldeia Natal”, obra que busca conectar as origens do cineasta em sua cidade natal, com as origens das famílias dos seus pais na Ucrânia, vindas para o Brasil em 1896.
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Considerado o filme mais pessoal do diretor, em entrevista para o blog Não é Spoiler, Guto revela que sofre bloqueio com sua memória infantil e, com o filme, foi uma forma de conseguir recuperá-la.
“Eu perdi a minha memória de infância, existe uma sombra, uma caixa preta na minha memória. Eu perdi o Augustinho [como era conhecido por sua família]. Então, era uma busca de resgatar essa memória perdida. E, ao partir em busca desta memória, eu percebi que a história da minha família estava perdida também. Meu bisavô foi assassinado em 1927 e junto com ele, foi enterrada a história da minha família. Ninguém sabia quem era os nossos antepassados que vieram da Ucrânia. Então, entrei nesta busca genealógica com anos de pesquisas. Fui para o país e levei meus pais, em busca pela aldeia natal e de estabelecer a conexão familiar”, explicou Guto.
Além da cidade paranaense, o filme também teve filmagens em quatro cidades da Ucrânia: Zolochiv, Zbarazh, Lviv e na capital Kiev. “50% do filme acontece na minha cidade natal, que fica na Colônia Queimada, localizada no município de Prudentópolis, e 50% na Ucrânia”, explica.
As gravações aconteceram entre 2018 e 2019, antes da Pandemia da covid-19 e da invasão da Rússia que culminou na Guerra na Ucrânia. Para o cineasta, ele acredita que o filme ganhou um novo olhar com as tragédias que estão acontecendo no país europeu. “A Ucrânia está nesta pauta mundial com essa situação triste da guerra. Então, o filme involuntariamente e infelizmente, já que eu não queria que isso estivesse acontecendo, acaba ganhando essa nova percepção, onde a gente se reconectou depois de 123 anos com esses familiares que estão sofrendo com a tragédia lá”, finaliza.
Outros filmes sobre a Ucrânia
Vale lembrar que este não é o primeiro filme do cineasta sobre o povo ucraniano no Paraná. Pasko é o diretor de mais três filmes: “Made In Ucrânia”, “Iván” e “Entre Nós, O Estranho!”, também conhecidos como Trilogia Ucraniana. Mas o diretor ressalta que “Aldeia Natal” é o seu trabalho mais pessoal e justifica que fazê-lo era necessário, para fechar sua pesquisa sobre seus antepassados e para aceitar sua própria origem.
Ainda sem data para estrear em Curitiba, “Aldeia Natal” está previsto para o primeiro semestre de 2023.
Premiação
O Cine PE – Festival Audiovisual divulgou nesta sexta-feira (16), em uma transmissão ao vivo nas redes sociais do festival, os ganhadores da 26ª edição. O filme “Aldeia Natal” venceu nas categorias Melhor Roteiro (Guto Pasko) e Montagem (Lucas Cesario Pereira).
