O meu dia foi ruim e nada deu certo. E agora?

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Hoje eu tive um dia ruim. Não consegui atingir nem metade das metas que havia planejado. Eu iria acordar às 6:30, me arrumar para o trabalho, que começa às 8. Daí, depois de 4 horas dando aulas para graduação de Engenharia Elétrica, eu voltaria para casa, almoçaria, dormiria 40 minutos depois do almoço e, ali pelas 14 horas voltaria a trabalhar, em casa. Mais tarde, às 18 horas, iria novamente para a universidade em que dou aulas para o turno da noite, que começo às 19 horas.

Nesse período da tarde planejei as seguintes atividades, alocando os seguintes recursos para cada uma delas:

– Preparar uma aula para uma disciplina da graduação de Engenharia Mecânica, a ser ministrada daqui a uma semana. Investiria 50 minutos nesta atividade, com pausa programada de 10 minutos;

– Estudar algumas empresas para investir em ações. Dedicaria 1 hora para isso, sem pausa programada, pois no meu planejamento a próxima atividade da tarde seria ir à academia, o que já é uma troca de atividade de mental para física;
Ir para a academia, que fica a 5 minutos a pé de onde eu moro. Após 30 minutos de musculação, voltaria para casa e tomaria um banho. Isso não levaria mais do que 1 hora no total;

– De banho tomado, faria um lanche no meio do expediente, e dedicaria 30 minutos para ler livros de interesse pessoal. Aqui, mais 1 hora (pelas minhas contas, aqui já seriam 18 horas);

– Sairia de casa novamente para o turno da noite, mais 4 horas de aulas para a graduação de Engenharia Mecânica. Levo aproximadamente 40 minutos para chegar na Universidade em que dou aulas;

– Depois de mais um turno lecionando, voltaria para casa para ter uma excelente noite de sono e recarregar as energias para mais um dia de alta produtividade e pequenas vitórias rumo ao meu objetivo primordial: minha independência financeira.

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Ah, como a vida é bela! Pelo menos, foi o que pensei quando planejei meu dia. Infelizmente, o que aconteceu foi muito diferente:

– Após a última aula da manhã, esbarrei com um aluno no corredor. Cheio de dúvidas cabeludas para me perguntar, acabei conversando com ele por 20 minutos, atrasando meu horário de almoço;

– Com esse pequeno atraso, minha soneca pós-almoço ficou prejudicada, acabei descansando apenas 15 minutos. Antes que você pense que se trata de pura preguiça, saiba que dormir após o almoço trata-se de uma técnica de sono polifásico para aumento da produtividade ao longo do dia;

– Ainda sonolento, comecei a preparar a aula pontualmente às 14 horas. Porém, a preparação da aula acabou tomando 1 hora e 30 minutos, sem pausa programada. Acabei me distraindo em redes sociais e outras coisas na internet várias vezes. Na verdade, comecei a ficar irritado com a falta de produtividade, sem contar que eu não estava gostando de como a aula estava ficando, e acabei passando para a próxima atividade mesmo sem terminar essa;

– Com 30 minutos de atraso para começar a segunda atividade programada, parti para o estudo do mercado de ações. Aqui, a ideia era alimentar uma planilha que mantenho com dados de várias empresas para decidir onde investir meu dinheiro este mês. Porém, fazia tempo que não mexia com isso, e esqueci como fazer para colocar algumas informações na planilha, e acabei levando 2 horas para fazer aquilo que, inicialmente, iria me tomar apenas 1;

– A essa altura, já eram 17:30, e eu não tinha nem terminado as duas primeiras atividades programadas, porque não consegui finalizar a preparação da aula, lembra? Como já estava 1 hora e 30 minutos atrasado, me conformei que seria impossível ter minha prazerosa leitura de 30 minutos;

– Ainda tinha a academia, o banho e o lanche para fazer. É claro que só deu tempo do lanche e do banho. Às 18 horas saí novamente para o turno de aulas da noite. Cheguei novamente em casa às 23 horas, coloquei meu pijama, comi mais alguma coisa e fui dormir.

Refletindo sobre meu dia, eu poderia muito bem ter perdido o sono pensando que o dia tinha sido péssimo e improdutivo, pois não consegui malhar, nem terminar de preparar uma aula, nem ler e, ainda por cima tinha jogado tempo fora em redes sociais supérfluas e levado uma hora a mais para fazer algo que, normalmente, levaria 50% do tempo. Mais o cansaço natural de 8 horas lecionando, atividade básica do meu trabalho como professor universitário.

Deitado na cama, me perguntava: por que eu havia falhado? Onde é que errei com minha gestão de tempo?

Primeiramente, culpei os imprevistos: “ah, se não fosse aquele aluno com dúvidas, tudo teria sido diferente”. Mas, depois, concluí que o culpado era eu mesmo, pois fiz um planejamento ruim das atividades. Coloquei metas muito ousadas para mim mesmo e não considerei que, como fazia tempo que não mexia na planilha de investimentos, precisaria de um tempo a mais do que o normal para “pegar o jeito da coisa” de novo.

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Mas, não surpreendentemente, dormi muito bem e satisfeito com meu dia. Veja, eu sei que eu tive um dia improdutivo. Porém, eu também sei que mesmo estudando há anos gestão de tempo e produtividade, deslizes acontecem! Consegui entender onde errei e agora sei como posso melhorar minha utilização do recurso tempo. Na verdade, devido ao meu planejamento de longo prazo, mesmo tendo atividades pendentes, ainda tenho vários outros dias para terminar de preparar a aula que ficou pendente. Eu perdi a batalha, mas não a guerra.

O que gostaria que você, leitor, notasse, é que só o fato de perceber meus erros é que me permite consertá-los. Sempre há espaço para melhoria e, mesmo quando cometemos deslizes, não devemos nos considerar perdedores ou fracassados, mas enxergar nossos erros como oportunidades para, no dia seguinte, fazer melhor. E no outro dia, ainda melhor.

Se você prestar atenção, vai notar que minha história pessoal está permeada de lições e técnicas de gestão de tempo, desde definir um objetivo claro de vida, passando por planejamento e reavaliação de atividades diárias/semanais, chegando em técnicas mais avançadas como imposição de limites para execução de tarefas.

Porém, a maior lição aqui, meu objetivo ao escrever este texto, trata-se de uma lição de melhoria contínua, de que deslizes acontecem com todo mundo. A questão é: como você reage quando erra? Espero que essa breve história pessoal inspire você a retomar seus esforços para utilizar melhor seu tempo, assim como eu faço todo dia, pois sei que tempo e vida são a mesma coisa.

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