Legado, histórico, tradicional e único. O Makiolka, o bisavô dos bares de Curitiba, fundado na década de 1920, é o templo sagrado do comércio, administrado pela quarta geração, que do piso ao teto tem a construção raiz dos tempos em que a banha e a ferradura do cavalo tinham posição de destaque nas prateleiras e no balcão vermelho marcado por copos e cotovelos. 

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O Bar Makiolka, localizado no bairro Tingui, é o Maracanã dos botecos curitibanos. Sem desmerecer outros, mas ao entrar pelas duas portas colossais de madeira na Avenida Monteiro Tourinho, n° 1000, o cliente vai avançar por um reduto histórico municipal. Com piso hidráulico com mais de 90 anos, é impossível a cada olhar não notar algo diferente. Garrafas antigas, banquetas, estufas, quadros, caixas de engradados de cerveja empilhadas, adesivos, potes de conservas e letreiros. Características que qualificam o ambiente que exalam cheiro de boteco raiz. 

O responsável atual por comandar essa magia é o Leandro Makiolka, 49 anos. Ele é bisneto do Theodoro Makiolka, criador do comércio na década de 20, e nome de rua no bairro Santa Cândida. Theodoro foi o responsável ao dar o pontapé do negócio em um paiol de madeira atendendo clientes que buscavam itens para a casa e animais. Somente em 1932, veio a construção de alvenaria. “Não se tem uma data precisa da inauguração, acredita-se que foi antes de 1922. Tenho o livro caixa de 1928, um registro histórico da época. Em uma página tem o selo fiscal que custou 2 mil réis”, disse o bisneto do fundador do bar.

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Na sequência da administração, vieram o Leonardo e Antônio Makiolka, que foram fundamentais para a projeção do empreendimento. De secos e molhados, o Makiolka começou a vender mais bebida e sorvete. O balcão vermelho refrigerado mantinha a temperatura ideal dos produtos, ponto importante para conseguir boas vendas. “No armazém tinha fumo, leite, quirera, ferradura de cavalos, salame, gordura e muito mais. O balcão é o mesmo até hoje, foi apenas recortado. Eu tento manter a característica do bar, meu pai contou que se encomendava o piso hidráulico e ia fazendo a metragem. Aqui é uma viagem no tempo”, comentou Leandro. 

Em abril de 1970, o pai do Leandro assumiu o Makiolka. Luís Cláudio, com o sangue de comerciante botequeiro manteve a tradição da família. Por mais de 50 anos, esteve a frente do balcão e encaminhou os filhos no bar e na vida. “Meu pai sempre falou, esteja aberto para atender. Sou o bisneto do criador, é a extensão do trabalho de casa. O boteco é o lugar que as profissões se encontram e se misturam. O restaurante é diferente dos balcões de bar. Você olha o que o outro come e bebe, as ideias se encaixam”, reforçou Leandro, da quarta geração dos Makiolkas, comprovando que a “fruta não cai longe do pé”.

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Uma boa história do bar ocorreu nos primeiros meses da gestão do Cláudio. Copa do Mundo de 1970, Brasil tricampeão. Boteco lotado, balcão cheio com a televisão instalada para os torcedores. “O pai colocou uma tv aqui, e uma multidão acompanhou a Copa do Mundo. Vinte e quatro depois depois, em 1994, eu já estava aqui e foi marcante com outra conquista da seleção”, relembrou o Leandro. 

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O Coliseu do Gole

No Makiolka, o ávido cliente pela bebida alcoólica tem opção para todos os gostos e bolsos. Do quente ao gelado, o local é referência, um verdadeiro Coliseu do Gole. Além disso, a coleção de copos é extensa, do pequeno ao grande para fazer o drinque perfeito. 

Um dos mais pedidos é a batida de maracujá. A clientela aprecia colocar no “sistema tático do balcão” os dois zagueiros de frente com as mãos – o defensor maior é a cerveja e o baixo, o maracujazinho. A gosto da batida refresca o paladar e dá margens a imaginação após o trago. O segredo está na polpa da fruta feita em Morretes, no Litoral do Paraná. 

“É uma receita da família, o sabor dele é peculiar do maracujá de Morretes. É de roça, separa 100% da polpa. A média de venda é 10 a 12 litros por dia”, contou Leandro.

Quanto aos petiscos, estufa recheada de salgados e opção de molhos apimentados, tradição de boteco. Durante a semana, existe a variação na alimentação a cargo do Celso Makiolka, cozinheiro há 40 anos, fazendo espetinhos na brasa, pão com bife, pão com bisteca, mocotó, bucho a milanesa, carne de onça, sem esquecer das conservas como ovo de codorna e o misto com vina, ovinho e picles. 

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O Bar mais antigo do Paraná?

Com o possível fim do Stuart, fechado desde dezembro de 2023, existe a possibilidade do Makiolka ser o mais antigo de Curitiba. O Bar Mignon é de 1925, mas o comércio no Tingui pode ser anterior, e sempre no mesmo lugar. “Estamos buscando documentos para verificar a data especifica da fundação. É preciso ir na Junta Comercial do Paraná (Jucepar), verificar com os contadores que irão orientar na pesquisa. Tenho o livro caixa de 1928, mas acreditamos que em 1922, já existia o Makioka. Seria legal demais, é perpetuar o nome da família ainda mais. Isso representa o legado, manter isso é honroso”, completou o eterno bisneto do Theodoro Makiolka. 

Serviço: Bar Makiolka

Avenida Monteiro Tourinho, n° 1000, Tingui

Funcionamento: Segunda a Sexta: 15h às 00h

Sábado: 11h às 23 horas

Domingo: 11h às 16 horas

Instagram : makiolka.bar32/

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O Bar Makiolka foi sugestão de vários leitores, em especial dois deles. O William Stein Ribeiro, gremista de coração, e o Emerson Diogo dos Santos, um dos sócios da Gonzalo, empresa de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, especialista em molhos e temperos para churrasco

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