A derrota de Tiago Nunes

Tiago Nunes errou na escalação do Athletico contra o Grêmio. Foto: Albari Rosa

O jogo da Arena aceitaria uma análise simplista para concluir que a vitória do Grêmio foi por uma única razão: o seu time, sob qualquer ângulo comparado ao do Athletico, é superior.

Concordo, uma comparação natural, sem a força do sentimento, contestar o fato: o Grêmio é melhor. Mas por ser muito cômodo andar na esteira do óbvio, não sou daqueles que se acomoda com as coisas simples.

Bem por isso, lhes digo: o Grêmio não ganhou esse jogo só por ter um time de mais qualidade individual. Esse fator foi escancarado no jogo, muito mais em razão do péssimo jogo do Furacão. Não me lembro de um jogo tão ruim sob o aspecto técnico que o Athletico tenha feito nos últimos tempos.

Mal escalado, incompreensível o meio com Wellington e Lucho, a insistência com Marcelo Cirino em prejuízo de Nikão, reduzido a reserva.

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O que pretendeu Tiago Nunes? Meu consolo de não saber é que nem o próprio treinador é capaz de ter uma explicação lógica. O resultado foi um desastre: Lucho e Wellington não marcaram, não cobriram Jonathan e Márcio Azevedo, dois jogadores em final de carreira, não protegeram a zaga e não deram um único passe para Rony e Marco Ruben.

A prova desse erro foi no primeiro gol, o de André. Nem precisava ser formado, bastava ser um estagiário na matéria de futebol, que o Grêmio iria atacar com Everton “Cebolinha” em cima do cansado Jonathan. A bola perdida por Azevedo na esquerda, circulou no meio, à frente de Wellington e Lucho, foi parar em Everton, que, livre, colocou na cabeça de André.

Muitas vezes, o intervalo caía como uma benção. Não sei o que ocorreu no vestiário do Athletico. Meu consolo, outra vez, é o de que nem Tiago é capaz de dizer. É que o Furacão voltou, ainda, pior.

O Grêmio, iludindo-o, o fez pensar, já tardiamente com Nikão, que com a posse de bola estava reagindo. Então, o menino Jean Pyerre, o melhor em campo, em cobrança de falta chutou no canto esquerdo de Santos: 2×0. Dirão que Santos falhou. E, mesmo que tivesse falhado, é covardia atribuir ao goleiro a culpa pela derrota.

Em regra, na derrota não há consolo. Mas, talvez, nos 2×0 encontre-se uma exceção: na Baixada, o Furacão será incapaz de jogar tão mal como jogou, embora com Jonathan, Márcio Azevedo, Lucho e Cirino, tudo seja possível.