O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros da economia brasileira mais uma vez. Com um aumento de 0,25 ponto percentual, a Selic agora está em 15% ao ano, o maior patamar desde o início dos anos 2000. Só em 2025, a alta acumulada já soma 1,75 ponto percentual, um sinal claro de que o Banco Central permanece em alerta diante das pressões inflacionárias persistentes e do cenário econômico global desafiador versus gasto exacerbado do governo.
Pode parecer que tudo isso pertence a um universo distante do cotidiano das pessoas, restrito aos economistas de Brasília ou aos operadores da Faria Lima. Mas a verdade é que a Selic mexe com a vida de todos os brasileiros, direta ou indiretamente.
O que é a Selic — e por que ela sobe?
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia. Ela serve como referência para todas as demais taxas: desde o que você paga no cartão de crédito, no financiamento do carro ou do imóvel, até o que você ganha em uma aplicação de renda fixa. Quando o Copom altera a Selic, está mexendo no ritmo da economia: uma Selic alta freia o consumo e o crédito, uma Selic baixa estimula o crescimento.
O objetivo central da alta é controlar a inflação, que permanece resistente. As projeções atuais indicam inflação de 5,2% para 2025 e 4,5% para 2026 — bem acima da meta oficial de 3%. Para conter esse movimento, o Banco Central adota uma postura mais dura: juros mais altos desestimulam o consumo, encarecem o crédito e reduzem a pressão sobre os preços.
Mas há também um contexto global turbulento. Os Estados Unidos mantêm uma política monetária restritiva, com juros elevados, o que torna os países emergentes — como o Brasil — mais vulneráveis à fuga de capitais. Além disso, tensões geopolíticas, oscilações cambiais e a instabilidade das commodities exigem cautela redobrada.
E há ainda o impacto fiscal: cada aumento de 0,25 ponto na Selic significa, em média, R$ 8,3 bilhões a mais no custo da dívida pública brasileira. Isso pressiona o orçamento do governo, tornando ainda mais necessário um equilíbrio entre política monetária e política fiscal.
Na prática: o que muda na sua vida com a Selic a 15%?
Vamos ao que importa: como isso afeta você?
- Crédito mais caro
Com a Selic em alta, os juros de financiamentos, empréstimos e cartões de crédito sobem. Se você está pensando em comprar um carro, financiar um imóvel ou parcelar aquela viagem dos sonhos, prepare-se: o custo do dinheiro está mais alto. A recomendação é clara — evite dívidas desnecessárias e renegocie o que for possível.
- Poupança ainda menos atrativa
Vale lembrar: quando a Selic está acima de 8,5%, a poupança rende apenas 0,5% ao mês + TR, o que costuma ficar abaixo da inflação. Ou seja, deixar dinheiro parado na poupança é perder poder de compra.
- Renda fixa volta a brilhar
A boa notícia é para quem investe com segurança. Aplicações como Tesouro Selic, CDBs, LCIs e LCAs oferecem agora rentabilidades mais robustas. É o momento de reforçar a reserva de emergência e considerar a renda fixa como parte relevante da sua estratégia de investimentos.
- Renda variável sofre pressão
Ações, fundos imobiliários e criptomoedas tendem a sofrer em ciclos de juros altos. O investidor fica mais conservador, e o fluxo migra para produtos com retorno garantido. Mas atenção: momentos de baixa também representam boas oportunidades para quem pensa no longo prazo.
Oportunidade ou armadilha? Tudo depende da estratégia
Com a Selic em 15%, é tentador colocar todo o dinheiro em renda fixa e esquecer dos outros ativos. Mas essa decisão, embora confortável, pode custar caro no futuro. A diversificação continua sendo a melhor defesa contra a incerteza.
Investidores mais conservadores podem aumentar sua exposição a Tesouro Direto (Tesouro Selic ou IPCA+), CDBs com liquidez diária ou fundos DI com baixa taxa de administração. Já os mais arrojados podem manter parte do portfólio em ações descontadas, criptomoedas ou ativos internacionais — sempre com um plano claro e objetivos definidos.
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E lembre-se: não siga a manada. Tomar decisões com base no “sobe e desce” da semana pode gerar arrependimentos. O segredo está em manter coerência, estudar os cenários e adaptar-se com inteligência.
Dicas rápidas para atravessar esse ciclo de juros altos:
- Reavalie seu orçamento e adie grandes compras se possível;
- Evite dívidas de longo prazo com juros pós-fixados;
- Reforce a reserva de emergência com produtos que acompanham a Selic;
- Aproveite oportunidades em ações ou fundos imobiliários com bons fundamentos, que podem estar baratos nesse momento;
- Diversifique sempre: não concentre tudo em um tipo de ativo;
- Fique atento à comunicação do Banco Central: os próximos movimentos serão decisivos para entender o rumo da economia.
E agora? Selic vai continuar subindo?
O Copom sinalizou que pode pausar o ciclo de alta para observar os efeitos acumulados das decisões recentes. Isso não significa que os juros vão cair tão cedo — o mais provável é que fiquem elevados por um bom tempo. Mas a pausa pode indicar o início de um novo ciclo lá na frente, se a inflação finalmente começar a ceder.
A Selic a 15% exige atenção, disciplina e estratégia. Não é hora de pânico, nem de euforia. É hora de planejar. O investidor que entender os sinais do mercado e agir com equilíbrio estará em vantagem quando o ciclo virar — e ele sempre vira.
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