Sintomas da DORT dependem da localização da inflamação

No fim de um dia de trabalho, após o uso intenso do computador, ao invés de uma prazerosa sensação de “dever cumprido”, é muito comum a desagradável sensação de dores nos ombros, nas costas, nos braços e nos dedos.

Este é um desfecho comum para quem passa boa parte do dia “em frente” ao computador, principalmente se o usuário não conta com mobiliário adequado ou se descuida da postura.

Os problemas de saúde gerados pelo trabalho são tão comuns que receberam um nome para identificá-los: distúrbios osteomusculares relacionados com o trabalho (DORT), causados pelo atrito dos músculos, pelo excesso de força que exercem ou pela falta de oxigênio capaz de chegar até eles.

“Os distúrbios mais frequentes observados em usuários constantes de computador são aqueles resultantes de inflamações, de contrações prolongadas, de compressão dos tecidos e do estresse”, observa o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti.

A tensão e a falta de apoio para o corpo são as principais causas de mialgia – dor, normalmente nos ombros, sentida mesmo quando não nos exercitamos. O médico credita ao efeito “hipnotizante” do computador ao descaso com as doenças osteomusculares, já que é uma atividade de absorção mental. “Entramos na internet para ver uma coisinha e, quando percebemos, estamos navegando há mais de uma hora”, reconhece o especialista.

Inflamação nos tendões

A realização de duas tarefas ao mesmo tempo é outro fator desgastante que contribui para o surgimento de dores. As janelas de visualização do computador facilitam o desempenho de diversas atividades paralelamente, mas podem cansar a mente.

A velocidade com que as tarefas são executadas também é prejudicial. Não são apenas os movimentos repetitivos que podem provocar o aparecimento da bursite, da tendinite e das demais “dores de computadores”.

Existem outras causas que também contribuem para o desenvolvimento do quadro inflamatório: traumatismos, infecções, lesões originadas por esforço, uso excessivo das articulações, artrites ou ainda a hiperuricemia, um distúrbio que provoca o depósito de cristais de ácido úrico na articulação afetada.

Porém, um dos fatores mais frequentemente apontados como desencadeante da bursite é a síndrome do impacto, doença que afeta de 2% a 18% da população adulta, provoca dores quando se levanta o braço e é causada pelo desgaste do manguito rotador. “Um conjunto de três tendões existentes na articulação do ombro”, explica reumatologista.

Exercício físico

Na verdade, o desgaste se dá por um problema mecânico. Durante a elevação do braço pode haver uma constante compressão desses tendões e um atrito dele com os ossos da região.

Como a lesão é gradativa, após algum tempo pode acontecer o rompimento do conjunto de tendões.

De acordo com Sérgio Lanzotti, esse tipo de lesão aparece, em geral, a partir dos 40 anos, principalmente em pessoas que realizam movimentos repetitivos com o braço acima do ombro, como professores, dentistas, jogadores de vôlei e de tênis, donas de casas e carregadores.

Como os sintomas de bursite podem ser confundidos com outros problemas que atingem as articulações, o diagnóstico é feito clinicamente. O reumatologista deve investigar primeiro a história do paciente e ouvir suas queixas. Depois, com algumas manobras específicas, o especialista pode avaliar melhor a localização da inflamação, verificando se apresenta um estado crônico ou, agudo.

Também é durante o exame clínico que o médico pode perceber se o paciente sofre de uma bursite aguda gerada por outra causa – que não seja o esforço repetitivo – como uma infecção ou o excesso de ácido úrico.

“Nesses casos, a articulação se apresenta dolorosa, avermelhada e quente na apalpação”, explica. Dependendo da necessidade, para diagnosticar apropriadamente, o reumatologista pode ainda solicitar exames complementares, como radiografias, ultra-sons e ressonâncias magnéticas.

Aposte nos exercícios

Os cuidados para tratar um quadro de bursite consistem em aliviar o mais rápido possível a dor por meio da administração de analgésicos e antiinflamatórios. Apenas em casos críticos, com episódios de dores intensas, podem ser prescritos corticóides.

Os tratamentos modernos vão muito além da prescrição de medicamentos, infiltrações locais de cortisona e imobilização do ombro ou de outro local afetado. Hoje, são indispensáveis as sessões de fisioterapia, que têm por objetivo a restauração da função articular e o fortalecimento dos músculos para recuperar a capacidade de movimentação dos ombros, cotovelos, joelhos, tornozelos, quadril ou de qualquer outra área atingida pela doença.

Após a crise dolorosa, visando prevenir novas crises é preciso apostar no exercício físico também. “O exercício reduz muito a dor musculoesquelética, principalmente na região dos ombros, quando envolve movimentos resistidos, supervisionados e aplicados por período igual ou superior a dez semanas”, destaca Sérgio Lanzotti, acrescentando que vale a pena investir em exercícios de alongamento, essenciais para prevenir lesões.

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