RTC preserva os tecidos saudáveis

Tratar os tumores malignos de forma a preservar o maior número possível de células sadias sempre foi uma das maiores preocupações dos médicos que tratam pacientes com câncer. No final dos anos 1990s, com o desenvolvimento de uma nova técnica, a radioterapia tridimensional conformada, muitos avanços foram obtidos nesse sentido. Com efeito, o tratamento de tumores malignos da próstata, pulmão, cabeça e pescoço, dentre outros, ganharam essa importante aliada. De acordo com o radioterapeuta Carlos Lima Júnior, da Clínica de Radiologia e Quimioterapia (Clinirad) do Hospital Angelina Caron, de Campina Grande do Sul, o procedimento é importante para aumentar a curabilidade do paciente, minimizando o risco dos seus efeitos colaterais.

Assim, tratamentos de câncer de pulmão, por exemplo, que sempre tiveram implicações severas, como esofagites, ardências e dificuldades para se alimentar, têm seus efeitos abrandados. Na radioterapia tridimensional conformada (RTC), a definição da área de tratamento se faz por meio de uma tomografia computadorizada de planejamento. ?A partir desse exame, o médico delimita no computador, corte a corte da tomografia, quais são as estruturas normais e quais são as áreas de doença tumoral?, explica o radioterapeuta, que utiliza a técnica desde 1988. Conforme o especialista, essa visão tridimensional possibilita a emissão de radiação com maior exatidão nos tecidos tumorais, que são atingidos com absoluta precisão anatômica.

Seqüelas minimizadas

A RTC também tem sido empregada no tratamento dos tumores de cabeça e pescoço. Uma parcela significativa dos pacientes que recebem radioterapia nessa região desenvolve um distúrbio que mantém uma secura permanente da boca, em especial aqueles portadores de tumores de orofaringe. ?Esse efeito colateral dificulta a fala e a deglutição, facilita o surgimento de cáries e diminui as defesas da mucosa bucal?, relata Carlos Lima Júnior. A utilização da nova técnica permite uma proteção eficaz contra essa e outras seqüelas advindas dos tratamentos convencionais.

A utilização da RTC não exige internação e é feita diariamente, com a duração, em média, de 15 minutos. ?Após esse período, o paciente volta para casa?, frisa o médico. O tratamento total tem a duração de seis semanas. Como as doses de radiação são totalmente planejadas e causam menores danos, o tempo de tratamento pode ser encurtado pelo uso de doses mais elevadas. Por enquanto, a técnica não está disponível aos pacientes do Sistema Único de Saúde, no entanto alguns convênios já incorporaram o novo método em suas tabelas. Carlos Lima Júnior salienta que nem todos os pacientes são candidatos ao tratamento por RTC. Somente o médico radioterapeuta, após avaliação criteriosa do paciente e de seus exames, poderá indicar essa modalidade de radioterapia.

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