Plantas estranhas, nomes esquisitos

saude_ervassacos.jpgContra a depressão: erva-de-são-joão. Para controlar a ansiedade: kava kava. Anda esquecido, com problemas de memória? Ginkgo biloba. Os nomes podem ser esquisitos, mas, segundo os especialistas em fitoterapia, uma linha científica que trabalha com o poder curativo das plantas, quando manipulados de forma correta, utilizados na quantidade indicada e voltados para um problema específico, os preparados naturais resgatam a saúde dos organismos. Fato comprovado pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que aprovou o registro desses medicamentos.

Segundo o médico homeopata Luiz Antônio Batista da Costa, membro da Comissão de Fitoterápicos da Anvisa, essas plantas possuem substâncias que amenizam os efeitos dos radicais livres, partículas produzidas involuntariamente pelo corpo e que causam o envelhecimento das células. O especialista explica que todo o processo de registro dessas plantas passa por um período de observação e os resultados dos experimentos encontraram respaldo científico que comprovaram seus efeitos benéficos.

Eficácia comprovada

?Todo teste clínico de um medicamento fitoterápico deve ter a duração de, pelo menos, 90 dias, para comprovar a sua eficácia?, ressalta o médico. Esses fármacos, segundo ele, devem ter em sua composição apenas substâncias ativas extraídas de plantas. Pela regulamentação da Anvisa, eles nunca podem estar misturados a princípios ativos sintéticos, vitaminas ou minerais. E as mesmas normas aplicadas para a produção de medicamentos devem ser seguidas para a de fitomedicamentos, como a comprovação de eficácia e de segurança. Luís Carlos Marques, do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais e especialista em produtos fitoterápicos da Universidade Estadual de Maringá, diz que, com o registro, outros produtos que estão em fase de teste podem, gradativamente, sair da fase meramente popular para ganhar o status de medicamento científico.

Ginkgo

Nome científico: Ginkgo biloba, origem: China.

O que é: Trata-se de um extrato padronizado, não confundir com a composição das folhas, com centenas de pesquisas em animais e humanos, aprovado e prescrito em todo o mundo, particularmente na Alemanha.

Indicações: Tem efeitos antioxidantes poderosos, bem como um efeito anti-PAF (fator de agregação plaquetária), o que aumenta significativamente o fluxo sangüíneo em todo o corpo, bem como no sistema nervoso central. Esses dois efeitos manifestam benefícios em perdas de memória, zumbidos, labirintite e claudicação intermitente.

Contra-indicações: Recomenda-se tomar cuidado quanto à hipersensibilidade. Podem surgir distúrbios gastrintestinais, dor de cabeça e reação alérgica cutânea.

Hipérico (erva-de-são-joão)

Nome científico: Hypericum perforatum, origem: Europa, África e Ásia (não confundir com a erva-de-são-joão brasileira)

Indicações: Depressão leve e moderada, agitação nervosa e distúrbios emocionais leves. Em uso externo é antiinflamatório, cicatrizante e anti-séptico.

Contra-indicações: Não pode ser usado em casos de depressão grave. Deve ser acompanhado de uma dieta especial. Pode provocar queimaduras e dores após exposição ao sol, principalmente em pessoas de pele clara. Também pode funcionar como abortivo. Só pode ser comercializado por meio de receita médica.

Kava kava

Nome científico: Piper methysticum, origem: Ilhas da Oceania.

O que é: Trata-se de raízes de um arbusto nativo, utilizado milenarmente em cerimônias culturais pelos nativos dessa região, com propriedades euforizantes.

Indicações: Ansiedade nervosa, insônia, agitação nervosa e tensão muscular. Estudos farmacológicos e clínicos a partir dos anos 60s demonstraram que suas raízes apresentam efeitos depressores do sistema nervoso central, similares aos dos calmantes tipo diazepan.

Contra-indicações: Recomenda-se a sua restrição de uso em pacientes com problemas hepáticos prévios, usuários crônicos de álcool ou da associação do produto com outros medicamentos potencialmente hepatotóxicos, como o paracetamol. Só pode ser comercializado por meio de receita médica.

LEGISLAÇÃO RIGOROSA

Apesar de o Brasil ser considerado celeiro do mundo em variedades de espécies vegetais, há poucos produtos fitoterápicos genuinamente brasileiros registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas a falta de registro não impede o grande consumo de remédios caseiros à base de plantas, num país em que uma parcela considerável da população não tem acesso a medicamentos. O uso tradicional das sementes da planta não é controlado pela Anvisa, mas elas contêm substâncias que estimulam o sistema nervoso central e, quando transformadas em extrato dão origem a um medicamento fitoterápico, que precisa ser aprovado pelo órgão do Ministério da Saúde para ser vendido. É assim também com outros derivados de plantas. Segundo Edmundo Machado Netto, técnico da Anvisa, "o fitoterápico é um medicamento como outro qualquer, a única característica própria é que ele só pode ter como componente ativo, aquele que vai funcionar no medicamento, um princípio vegetal? , explica.

Desde 1995, as regras para os fitoterápicos ficaram mais rígidas. Em 2005, termina o prazo para que os produtos atendam às novas determinações de padronização dos medicamentos. Estão liberados dos novos critérios os fitoterápicos produzidos a partir de uma lista com 34 espécies de plantas mais conhecidas e estudadas pela ciência que podem pedir o registro simplificado. Entre elas, há apenas 3 plantas nativas do Brasil: guaraná, espinheira-santa e guaco. O consumidor ainda encontra muitos produtos irregulares nas prateleiras e, para fugir do rigor da legislação, muitos produtos são vendidos como suplementos alimentares. Os que conseguiram regularizar a situação junto ao Ministério da Saúde (MS) devem ter a expressão fitoterápico e ter no seu rótulo o número de inscrição no MS. Independente, de as regras da Anvisa serem ou não muito rígidas é preciso tomar cuidado ao comprar plantas medicinais e fitoterápicos.

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