O vírus da Gripe A não está morto

Teve início nesta segunda-feira (25 de abril) a campanha nacional de vacinação contra o vírus da Gripe A (H1N1) oferecida gratuitamente pelo Governo. O objetivo do Ministério da Saúde (MS) é imunizar 30 milhões de brasileiros até o dia 13 de maio.

A vacina está disponível em 65 mil postos de saúde e protege contra os três principais vírus que circulam no hemisfério sul, entre eles o da influenza A. Neste ano, os públicos cobertos pela campanha pública serão as gestantes, crianças de seis meses a dois anos, profissionais de saúde, idosos e a população indígena, seguindo orientação do Organização Mundial da saúde (OMS).

Segundo Jaime Rocha, infectologista do Frischmann Aisengart/Dasa, como o número de doses é insuficiente para toda a população, o governo teve que priorizar o atendimento para os grupos prioritários, ou seja, aqueles com maior risco de contrair a doença e/ou desenvolver complicações.

“Diferentemente do que muitos estão pensando, o H1N1 não ficou menos agressivo, houve apenas uma redução significativa na população suscetível”, afirma o especialista.

O vírus H1N1 não morreu, ficou apenas menos agressivo, reduzindo significativamente a população suscetível.

Vacina nacional

A aplicação será injetável, em uma única dose para os adultos. Já as crianças, devem ser levadas aos postos de vacinação duas vezes. Em cada uma delas, elas receberão a aplicação de meia dose da vacina.

O retorno deverá ocorrer, impreterivelmente, 30 dias após a primeira dose. A novidade deste ano é que perto de 90% das doses da vacina contra a gripe são produzidas por laboratórios brasileiros.O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também comentou a importância de as pessoas aderirem à campanha, na qual o governo investiu R$ 230 milhões.

“Os outros grupos como crianças de dois a menores de cinco anos, doentes crônicos, adultos saudáveis de 20 a 39 anos que receberam a dose da vacina contra a influenza H1N1 no ano passado, não precisarão se vacinar novamente porque já estão imunes”, explica o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz.

Ele diz que não há justificativa técnica para imunizar toda a população. “2010 foi um ano diferente, pois vivíamos uma pandemia de gripe. Além disso, não foram observadas epidemias de gripe no hemisfério norte que possam refletir no hemisfério sul neste inverno”, enfatizou.

A vacinação só é contraindicada para pessoas com histórico de reação anafilática prévia ou alergia severa ao ovo de galinha ou seus derivados, assim como a qualquer componente da vacina e também para pessoas que apresentaram reações anafiláticas graves a doses anteriores.

No entanto, a Secretaria da Saúde recomenda que as pessoas que estiverem com doenças agudas febris moderadas ou graves devem adiar a vacina até que o quadro seja solucionado.

Sem pânico

Conforme Jaime Rocha, a imunização para os públicos indicados pela campanha se deve, principalmente, a três fatores: o primeiro é que somente as pessoas que tiveram confirmada a doença adquiriram imunidade permanente, no entanto, específica para a cepa que infectou a pessoa.

“Mesmo essas pessoas continuam suscetíveis às outras cepas”, reforça o médico. Em segundo lugar, nenhuma vacina é perfeita e 100% efeti,va. De acordo com os especialistas, de forma bastante simplista, pode-se dizer que a eficácia média da vacina em adultos é algo em torno de 80%.

O terceiro fator pelo qual a população deve buscar a imunização é que os níveis de anticorpos protetores desencadeados pela vacina tendem a se reduzir gradualmente com o tempo, fazendo com que mesmo pessoas que responderam adequadamente à vacina venham perder, aos poucos, a imunidade “adquirida”.

O especialista argumenta que o vírus não está morto e que não podemos nos deixar enganar pelo falso momento de tranquilidade. “Devemos, sim, aproveitar a ocasião para rever todas as medidas de higiene e de hábitos saudáveis que aprendemos por ocasião da pandemia, além de tomar a vacina”, reconhece, salientando que, também, não é necessário reviver o pânico vivenciado nos últimos dois anos.

Os efeitos adversos das vacinas são leves e apresentam uma incidência semelhante à vacina sazonal, sendo que os desconfortos mais relatados são dores de cabeça ou uma dor suportável no local da injeção, mas sem eventos graves.

A gripe

Com a previsão da gripe A ser mais branda que as dos anos anteriores, a tendência é que a população e os profissionais de saúde relaxem na atenção aos cuidados na prevenção da doença.

A expectativa é uma redução expressiva no número de casos. No entanto, todos os cuidados de higiene já propagados devem ser mantidos, inclusive para redução de outras doenças, como meningite e diarréia.

Os sintomas da doença incluem a presença de febre repentina e acima de 38°C e tosse, podendo vir acompanhados de diarreia, dificuldade respiratória e dores de cabeça, nas articulações e músculos.

O período de incubação pode variar entre 24 horas a duas semanas. Pessoas com tais manifestações, e/ou que tiveram contato próximo com portadores do influenza H1N1 devem buscar auxílio médico, a fim de diagnosticar a doença.