O especialista: Hepatite B, uma doença grave que pode ser controlada

maissaude_edsonabdala.jpgA hepatite B é uma doença que, se não diagnosticada e tratada precocemente, pode ter uma evolução grave, levando à cirrose e alteração da função do fígado, ou à ocorrência de câncer hepático. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, mais de 300 milhões de pessoas no mundo estão infectadas cronicamente pelo vírus da hepatite B. No Brasil, estima-se que este número seja de 2 milhões de pessoas. Estes números são muito maiores se comparados aos do HIV.

O vírus da hepatite B pode ser transmitido pelo sangue, por via sexual ou vertical – de mãe para filho(a). Quanto à apresentação clínica, a hepatite B é, na maioria das vezes, silenciosa. Na fase inicial, entre dois e seis meses após o contato com o vírus, que denominamos de fase aguda, apenas cerca de 30% das pessoas apresentam sintomas. Estes sintomas são gerais, como fraqueza e náuseas, acompanhados de icterícia (amarelamento de pele e mucosas), escurecimento da urina e clareamento das fezes.

Após a fase aguda, aproximadamente 95% dos adultos se recupera da infecção, contendo espontaneamente o vírus e desenvolvendo imunidade, ficando protegido contra nova infecção no futuro. Os demais indivíduos, no entanto, não criam essa defesa, e são denominados portadores crônicos do vírus. Estes portadores crônicos podem passar décadas sem apresentar qualquer sintoma clínico.

O diagnóstico laboratorial precoce da infecção é importante para que complicações futuras possam ser evitadas. O primeiro passo é a realização de um exame de sangue denominado sorologia. A partir deste exame, é possível ao médico diferenciar os casos de imunidade daqueles com infecção crônica. Existe, atualmente, vacina altamente segura e eficaz contra o vírus da hepatite B. No Brasil, esta vacina faz parte do esquema básico de vacinação e a primeira dose é administrada logo no primeiro dia de vida. É também oferecida gratuitamente a todos os jovens com até 19 anos e a pessoas consideradas sob alto risco, como profissionais de saúde.

Além da vacina, alguns aspectos importantes na prevenção são as precauções com sangue e nas relações sexuais. Não compartilhar materiais com potencial contaminação com sangue, como lâminas de barbear, escovas de dente e aparelhos de manicure. Praticar sexo seguro, o que inclui o uso de preservativos. Lembrar sempre que a possibilidade de transmissão do vírus é muito maior do que a do HIV, justificando a adoção dessas medidas.

A hepatite B é uma doença com potencial gravidade. Apesar da disponibilidade atual de vacina, a prevalência ainda é alta. Em função de sua evolução clínica habitualmente silenciosa, o diagnóstico laboratorial precoce exerce um importante papel, pois pode permitir a adoção de medidas terapêuticas, diminuindo os riscos de desenvolvimento de câncer e de evolução para cirrose e para necessidade de um transplante de fígado.

Edson Abdala, infectologista e doutor em doenças infecciosas e parasitárias.

Voltar ao topo