Medicamentos devem ser usados com moderação

O uso inadequado de medicamentos é uma realidade no Brasil e representa o maior índice de ocorrências de intoxicações humanas do país. O último relatório divulgado pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) – órgão ligado à Fundação Oswaldo Cruz – em 2009, revelou que no exercício daquele ano foram 21.582 casos de intoxicações, o equivalente a 27,86% das 77.485 ocorrências provocadas por agentes tóxicos diversos. Dentre os casos registrados, houve naquele ano 71 mortes.

As intoxicações acontecem por razões diversas: acidentais, que são causadas, por exemplo, por crianças que se atraem pelo gosto agradável dos xaropes; por erros de administração ou acidentes causados pela troca ou ‘confusão’ de frascos dos medicamentos; por automedicação; tentativa de aborto ou de homicídio e até por erro de prescrição médica.

Com risco ou sem risco evidentes de intoxicação, a primeira máxima que se deve considerar é que remédios devem ser ingeridos apenas com prescrição médica e, por isso, o hábito já tão comum entre os brasileiros, da manutenção da “farmacinha” em casa, deve ser reavaliado, a começar pelo local onde se guardam os medicamentos.

Remédio fracionado

Invariavelmente, elas são colocadas no banheiro ou em cima da geladeira, por exemplo, locais em quês estão sujeitas à umidade e ao calor e não garantem integridade do produto.

Outro cuidado é com a manutenção do medicamento na caixa (junto da bula) para que possa ser identificado, o que muita gente não faz: para otimizar espaço, as pessoas acabam por dispensar o invólucro, deixando os remédios soltos e sem identificação. Ao ter tal medicamento novamente prescrito, o paciente não poderá discernir a sua finalidade, validade e contra-indicações.

Para o diretor comercial da Prati-Donaduzzi – indústria de medicamentos localizada em Toledo (PR) que produz 1/3 dos genéricos consumidos no Brasil, Eder Maffissoni, a melhor opção será sempre a compra do medicamento na quantidade exata prescrita pelo médico.

“Quando houver essa possibilidade, o paciente deve evitar a sobra do medicamento, assim estará de fato afastando a família dos riscos de intoxicação”, afirma o diretor.

Mais do que necessário

Embora poucas indústrias farmacêuticas invistam hoje na produção e comercialização dos fracionáveis, quanto maior for a procura por tal categoria de medicamentos, maior deverá se tornar a oferta.

A dica então é que quando o consumidor chegue à farmácia, procure por sinalização no balcão ou pergunte ao farmacista se o estabelecimento os comercializa.

Se a resposta for positiva, o consumidor deve apresentar a receita solicitando apenas o número de unidades do medicamento prescrita pelo médico. O remédio fracionado será entregue, junto da bula e em invólucro especial.

“Comprando a versão fracionada do medicamento, o consumidor além de evitar incidentes, ainda economizará na sua compra”, reitera Maffissoni. Uma recente pesquisa concluiu que muitas pessoas (sobretudo os idosos) tomam mais remédios do que realmente precisam.

Além disso, o levantamento verificou dois graves erros: muitos tomam remédios por conta própria e outros extrapolam as doses recomendadas pelos médicos. Pior ainda nos casos em que há mais de um médico envolvido no tratamento.

Nesse sentido, o farmacêutico Jackson Rapkiewicz lembra que a preocupação com a interação de medicamentos &eacute,; de responsabilidade tanto do médico, que deve investigar quais os remédios que o paciente está tomando, quanto do farmacêutico, que deve passar as orientações na hora de entregar o medicamento.

Politerapia

O resultado do levantamento pode ser considerado alarmante. A constatação é de que quase 70% dos entrevistados são adeptos da politerapia, ou seja, utilizam dois ou mais medicamentos ao mesmo tempo todos os dias.

Assim como poucos não tomam nenhum remédio, a pesquisa constatou que um número considerável de pacientes toma uma quantidade razoável ao mesmo tempo, diariamente. Com relação à automedicação, mais de 50% dos pacientes assumiram que “de vez em quando” usam remédios sem prescrição médica.

Para o geriatra Gilmar Calixto, o uso de medicamentos deve ser muito criterioso, por isso deve ser evitado ao máximo o consumo concomitante de várias substâncias, além disso suas dosagens devem ser muito bem controladas.

“O idoso tem o equilíbrio instável, por isso sofre um grau de intoxicação maior”, considera o especialista. Essa preocupação se torna ainda mais importante, pois, de acordo com estatísticas recentes, 40% dos medicamentos que os idosos tomam não são prescritos por médicos, principalmente analgésicos.

Cuidados essenciais

*Verifique sempre o prazo de validade dos medicamentos antes de usá-los.

*Não use medicamentos com embalagens estragadas, sem rótulo e sem bula.

*Não utilize a mesma receita médica mais de uma vez, pois o medicamento usado antigamente pode não ser indicado hoje.

*Não compre medicamentos indicados pelos vizinhos ou amigos sem antes consultar o seu médico.

*Não misture medicamentos sem a devida orientação.

*Ao comprar um medicamento, solicite informações sobre possíveis reações adversas.

*Se sentir algum sintoma diferente ao tomar o medicamento, procure orientação médica.

Uso responsável

Cuidar – Usar medicamentos sem prescrição médica somente para pequenos males ou sintomas menores, facilmente reconhecíveis

Escolher – Nos outros casos não se automedicar, optando somente por medicamentos prescritos pelos médicos

Ler – Ler sempre as informações da rotulagem (bula) do produto antes de tomá-lo

Parar – Parar de tomar o medicamento caso os sintomas persistirem após um prazo razoável, esclarecendo ao médico sobre os efeitos sentidos.

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