Esclerose múltipla acomete principalmente os jovens

Bem diferente do que a população imagina, não são as pessoas idosas as maiores vítimas da esclerose múltipla (EM).

Esta doença auto-imune ataca uma zona específica, a mielina, fazendo com que as “mensagens” não sejam transmitidas claramente ao cérebro – os impulsos vão sendo cortados aos poucos, até chegar a total interrupção -acomete predominantemente pessoas jovens, com idade entre 15 a 45 anos.

Com a intenção de desmistificar alguns aspectos da doença, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), com o apoio da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, quer uma maior conscientização sobre a doença.

Segundo informações do Ministério da Saúde, somente de janeiro a maio de 2009, 622 pessoas foram internadas pelo SUS por conta da doença. Não há dados referentes às redes de hospitais particulares. O objetivo da ABN é chamar atenção da população quanto aos sintomas da doença, permitindo que as pessoas cheguem mais rapidamente ao diagnóstico e, consequentemente, possam se tratar.

No Brasil, os dados não são conclusivos, mas estima-se que a esclerose múltipla tenha uma incidência em torno de 15 pessoas por 100 mil habitantes. Nas regiões Sul e Sudeste chegaria a 18 por 100 mil.

 No Nordeste, esta prevalência seria menor. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam a existência de 2.5 milhões de pessoas portadoras da doença no mundo.

Sintomas negligenciados

De acordo com o neurologista Antonio Pereira Gomes Neto, coordenador nacional da campanha, a doença não tem cura, mas pode e deve ser tratada. Para que isto aconteça de forma adequada, é fundamental que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível por um neurologista. Só desta forma será possível orientação e tratamento corretos.

Para ele, é preciso que a população, e também os médicos não especialistas tenham acesso a informações a respeito da doença por meio de campanhas, cursos, simpósios e programas de educação continuada.

“Afinal, apesar de incomum, trata-se uma doença que atinge pessoas jovens, em pleno período produtivo das suas vidas e a mais poderosa arma que temos a oferecer a esses pacientes é uma intervenção precoce e adequada e isso, ainda hoje, é um problema”, admite.

O especialista explica que, frequentemente, os sintomas e sinais clínicos da EM são negligenciados ou atribuídos à outra doença. Isso acontece porque, pelo menos nas suas fases iniciais, seus sintomas e sinais podem ser confundidos com os de outras doenças.

Por causa disso, alguns pacientes podem demorar alguns anos até receber o diagnóstico correto. “Além de uma criteriosa e cuidadosa história clinica, é necessário afastar a existência de outras doenças que podem apresentar sintomas em tudo semelhantes”, comenta Gomes Neto.

Incapacidade neurológica

Na Esclerose Múltipla, o alvo dos “ataques” ao sistema imunológico é uma camada lipoprotéica chamada mielina que envolve as fibras nervosas, responsável por tornar a transmissão nervosa eficaz e rápida, permitindo que as mensagens oriundas do cérebro cheguem ao seu destino em todo o corpo.

A doença não atinge os pacientes da mesma forma. Ao longo do tempo, explica o neurologista, terá um grande potencial de causar incapacidade neurológica na pessoa.

No entanto, em alguns portadores ela se manifesta, desde o seu início, de uma forma agressiva, com frequentes surtos e disfunções neurológicas que vão se acumular rapidamente, enquanto em outros pacientes esses “ataques” acontecerão de uma forma mais espaçada e branda.

O tratamento exige, na maioria das vezes, medicamentos que deverão ser usados por tempo indeterminado, de forma regular e contínua. Hoje, todos os medicamentos à disposição são injetáveis e disponibilizados pelo Ministério da Saúde, através das Secretarias Estaduais de Saúde.

Como outras doenças autoimunes (diabetes, artrite reumat&oacu,te;ide e lúpus, por exemplo) a esclerose múltipla não tem cura, mas, se for adequadamente tratada, poderá ser bem controlada.

Em longo prazo a doença tem um grande potencial de causar incapacidades neurológicas diversas, com limitações significativas. Por isso é absolutamente necessário identificar e tratar precocemente essas pessoas, com o objetivo de modificar, de alguma forma, esse cenário.

Sintomas mais comuns

* Alterações da sensibilidade (dormência), que pode acometer braços e/ou pernas ou a face, com duração de dias, semanas ou meses
* Alteração (diminuição) da visão, habitualmente em apenas um dos olhos, de instalação rápida (horas ou poucos dias)
* Perda de força em um ou mais membros (pernas ou braços), de instalação rápida (horas), podendo durar dias, semanas ou meses
* Desequilíbrio
* Vertigens