Dia Mundial da Saúde: Nascer em segurança, crescer com saúde

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gravidez e o parto são responsáveis pela morte de 10,6 milhões de crianças, 40% das quais no primeiro ano de vida. Por essa razão, este ano a entidade escolheu o Dia Mundial da Saúde para abordar as várias questões relacionadas com a saúde materno-infantil. Na mensagem alusiva ao lançamento da campanha, a OMS resumiu as prioridades da área em três pontos-chave: planejar o futuro, nascer em segurança e crescer de maneira saudável.

Na questão do planejamento do futuro, a intenção é "desenvolver atividades de promoção da saúde orientadas para o período anterior à concepção, em particular na área do planejamento familiar, contribuindo desta forma para o sucesso da gravidez e, simultaneamente, para a redução da maternidade indesejada e suas conseqüências: o aborto e os maus tratos infantis".

Já o quesito ?nascer com segurança? tem como propósito promover uma maior vigilância sobre a gravidez, melhorando a qualidade dos cuidados pré-natais promovidos pelos governos. Entre as ações destacam-se a maior execução de exames ecográficos, a implantação de técnicas que humanizem os procedimentos de parto, além de garantir que o bebê nasça em unidades de saúde com recursos humanos e técnicos adequados. No terceiro ponto-chave priorizado pela OMS, o que se busca é a perfeita sintonia entre a realização pessoal, profissional e social dos pais. As ações devem contribuir para que as crianças possam crescer num ambiente familiar mais favorável, fato que, conseqüentemente, possibilitará um crescimento saudável.

Ações descentralizadas

Sobre as mortes relacionadas com a gravidez e o parto, a OMS lembra que a sua maior parte ocorre nos países em vias de desenvolvimento e que muitas delas poderiam ser evitadas se, nesses países, fossem adotadas intervenções preventivas e curativas simples e bem conhecidas na prestação dos cuidados de saúde às mulheres e crianças.

Segundo Clóvis Boufleur, gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança, no Brasil foi possível, nos últimos anos, melhorar significativamente os indicadores de mortalidade materna, perinatal e infantil. Ele diz que a melhora nesses indicadores se deve a ações descentralizadas do Sistema Único de Saúde (SUS) e das parcerias entre o governo e entidades, como a Pastoral da Criança, comandada pela médica Zilda Arns. Conforme Boufleur, os ganhos em saúde vão se sustentando ano após ano.

Para o gestor, apesar de reconhecer que diversos problemas ainda persistem, o país desenvolveu programas que servem de exemplos para outras nações. Ele cita a ampliação da cobertura por vacinas, que fez erradicar algumas doenças, entre elas a poliomielite. ?Em outras, como a hanseníase e a tuberculose, precisamos avançar ainda mais?, declara. Apesar disso, Boufleur comemora os resultados até aqui alcançados, afinal os indicadores atestam que todas as regiões do país têm melhorado ano a ano seus níveis de atenção à saúde materno-infantil.

O bom exemplo do ?Mãe curitibana?

A professora Valéria Ribeiro Cândido ficou sabendo que esperava Alexandre no mês de março de 2003. Logo em seguida, ela procurou a Unidade de Saúde da Mulher, no centro de Curitiba, e, até o nascimento do filho, fez todo o acompanhamento durante a gestação. Também visitou o hospital em que seu filho nasceria, oito meses antes do parto. Na virada do ano, em 31 de dezembro, Valéria comemorava o nascimento do seu filho. A história da professora é semelhante a de 80 mil mulheres que já passaram pelo programa Mãe Curitibana, um programa de atenção à mãe e ao recém-nascido durante a gestação, parto e puerpério, desenvolvido pela Secretaria de Saúde da cidade. Garante todos os exames de pré-natal e inclusive o HIV.

O ?Mãe Curitibana? beneficia 97% das gestantes assistidas pelo SUS. Elas são atendidas em nove maternidades e nas unidades de saúde. Em 2004, 16 mil gestantes se integraram ao programa. A iniciativa reduziu também os casos de transmissão vertical (da gestante para o bebê) do vírus da aids. A transmissão caiu de 9% em 1999 para 0,6% em 2003. Outra vertente do programa é o planejamento familiar, que oferta todos os métodos contraceptivos ao casal. A vasectomia tem sido a opção preferida. Desde 2000, foram feitas na rede municipal de saúde 5.611 vasectomias, contra 4.684 laqueaduras. O projeto recebeu o apoio da médica sanitarista e coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns. "A proposta humaniza o atendimento à gestante na hora mais crucial da vida da criança, que é a gestação e o parto", reconhece.

O ?MÃE CURITIBANA? EM NÚMEROS

 9 maternidades vinculadas.

 25 mil nascidos vivos/ano em Curitiba; antes do programa 30% das gestantes procuravam mais de um hospital durante o trabalho de parto.

 80 mil gestantes atendidas desde 1999.

 Garantia de exames, como HIV, sífilis, toxoplasmose e outros. Esses exames são coletados nas Unidades de Saúde e retornam via on-line para o prontuário das pacientes.

 Visita à maternidade no 6.° ou 7.° mês de gestação.

 Em 2004, 16.237 gestantes foram atendidas pelo programa.

ÍNDICES SIGNIFICATIVOS

Diminuição da mortalidade materna de 21% em 1999  para 8% em 2003.

Redução da mortalidade Infantil de 14,73 por mil nascidos vivos em 1999, para 11,2 em 2004.

Prevenção da transmissão vertical do vírus da aids de 9% em 1999 para 0,6% em 2003.

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