Com prevensão, mortes de atletas podem ser evitadas

maissaude2.jpgUm absurdo outra morte de um jovem atleta treinando em Juiz de Fora. Pelas informações, o triatleta Thiago Machado, um dos melhores do país, teve sintomas de tonturas e palpitações dias antes, não valorizados. Infelizmente uma parada cardíaca não recuperada foi seguida de morte súbita durante um treinamento. Tudo faz crer que era um problema cardíaco não suspeitado ou desvalorizado, possivelmente congênito (a principal suspeita na maioria dos casos abaixo dos 35 anos). Algumas considerações que constam nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte são necessárias: 1 – Avaliações cardiológicas em todos os atletas competitivos, insisto, são obrigatórias. Escolha um cardiologista com experiência em esporte ou médico do esporte. 2 ? Exigir, por ser de direito, que os exames de teste ergométrico e ecocardiograma sejam realizados por cardiologista habilitado no exame. Em algumas clínicas, quem faz o exame é uma atendente ou "técnico", o que é totalmente irregular. A Sociedade Brasileira de Cardiologia emite certificado de habilitação médica em ecocardiograma e teste ergométrico. 3 – É de estranhar que alguém da família tenha impedido que fosse feita a necropsia (é obrigatória por lei, afinal, ao menos deveríamos saber a causa de sua morte. E se fosse uma doença hereditária, alguém mais da família pode tê-la, o que no caso não é de se descartar essa possibilidade). A hipótese de infarto em jovem de 28 anos é a última causa a se pensar e nesse caso pelo menos dois fatores de risco não controlados, teriam de estar presentes, o que levantaria um grande alerta para a família. 4 – Os responsáveis pela preparação físico-técnica devem alertar seus atletas caso tenham algum sintoma, por mais leve que seja e ocorrido durante o treinamento ou exercícios físicos, que parem seu treino e procurem esclarecimento médico. 5 – As federações e outros organizadores devem exigir a feitura de exames médicos prévios e quando for prova popular, que seja distribuído questionário com algumas perguntas de avaliação médica pré-participação aos inscritos, além de esclarecer dos riscos possíveis do desconhecimento do estado médico de cada um. Um alerta a todos os esportistas ou atletas: qualquer sintoma como tonturas, palpitações ou pulso irregular, dores no peito ou no estômago, falta de ar anormal ou algo de estranho durante a prova ou no treinamento, é sinal de que se deve parar imediatamente e solicitar atenção médica.

Nabil Ghorayeb, especialista em cardiologia e chefe da Seção Médica de Cardiologia do Exercício e Esporte – Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo.

Voltar ao topo