Câncer de pulmão: O alvo é uma maior sobrevida

Na maioria das vezes, o primeiro sintoma é uma tosse seca, em seguida passa a ser uma tosse com catarro e, por fim, tosse com sangue. O fatídico diagnóstico não tarda a amedrontar: câncer de pulmão, uma doença traiçoeira, já que o primeiro aviso vem quando ela já está instalada. Muitos pacientes chegam a afirmar que o mal se apodera do corpo e, também, da alma do doente. São muitas as vítimas no mundo todo. Para se ter uma idéia, a cada 30 segundos morre uma pessoa vítima deste que é o mais comum de todos os tumores malignos. O culpado? Em 90% dos casos, o cigarro.

No Paraná, entre os homens, esse tipo de câncer é o que apresenta maior número de casos. Entre as mulheres, é o segundo, só perdendo para o câncer de mama. No mundo, o câncer de pulmão é o mais comum de todos os tumores malignos. A cura não existe. As terapias e quimioterapias são indicadas para proporcionar melhor qualidade de vida aos doentes. No entanto, a esperança para uma maior sobrevida ganha mais um aliado. Acaba de chegar ao Brasil a primeira terapia-alvo, aquela que combate principalmente as células doentes, preservando durante mais tempo as células sadias, indicada para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão avançado. Trata-se do erlotinibe, da Roche, um medicamento oral, conhecido comercialmente como Tarceva.

Maior sobrevida

O novo medicamento funciona de forma diferente da quimioterapia, pois age especificamente sobre as células tumorais, evitando os efeitos colaterais típicos da quimioterapia. Além disso, sua administração é oral, o que reduz os gastos com infusão e internação no hospital, entre outros. Os resultados mostraram que, com a utilização do Tarceva, há um aumento de 42,5% na sobrevida dos pacientes. Para o oncologista Mauro Zukin, que participou do estudo internacional que serviu para aprovação do medicamento, os resultados apontam um aumento de 45,2% na sobrevida dos pacientes submetidos ao tratamento.

Para a oncologista clínica Rosane Johnson, do Instituto de Oncologia do Paraná, o desafio para os médicos será definir qual o perfil do paciente eleito para usar o medicamento. O erlotinibe proporciona uma redução nos gastos, tanto para hospitais quanto para pacientes, já que reduz os efeitos adversos e os custos envolvidos no manejo destes. Alguns pacientes podem apresentar diarréia e lesões avermelhadas na pele do rosto e colo, que surgem nas duas primeiras semanas e desaparecem espontaneamente.

Como funciona

O erlotinibe é uma molécula pequena desenhada para atingir o receptor do fator de crescimento epidérmico humano EGRF/HER1 (molécula presente na superfície das células), que dispara um sinal fundamental para o crescimento das células cancerosas em muitos tumores. Ele inibe especificamente a atividade de uma enzima dentro da célula e bloqueia o crescimento do câncer. O tratamento é via oral, com o paciente ingerindo um comprimido ao dia. Atualmente, a maioria dos pacientes com câncer de pulmão é tratada com quimioterapia, geralmente debilitante devido à toxicidade.

*Nosso jornalista participou do lançamento do medicamento a convite do laboratório.

 

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