Ontem se comemorou o Dia do Turismo Ecológico

O turismo em áreas naturais está em acelerado desenvolvimento no mundo inteiro. De acordo com a OMT (Organização Mundial do Turismo), o ecoturismo cresce 20% ao ano no mundo e, nos últimos quinze anos, recebeu 90% a mais de investimentos. No Brasil, nem o Ministério do Turismo nem a Embratur (Instituto Brasileiro do Turismo) têm estatísticas sobre o ecoturismo. Dar início a um levantamento para que se conheça os números do setor é uma das metas do governo federal para os próximos meses.

Para se ter uma idéia do que o turismo ecológico significa para o País, há somente uma pesquisa feita em 2001 pela Embratur junto a turistas estrangeiros que chegavam aos principais portões de entrada. O resultado da consulta mostrou que, àquela época, o turismo ecológico já era um dos que mais contribuíam para a atração de visitantes ao Brasil.

Um total de 13,25% dos consultados respondeu que o ecoturismo era o segundo principal motivo da sua vinda ao País. O primeiro fator de atração, com 76,70% da preferência, foram os atrativos turísticos em geral e, em terceiro lugar, o baixo custo da viagem (2,17%).

O Paraná, Estado que recebe anualmente 5,5 milhões de turistas, também não tem dados discriminados em relação à prática do turismo em áreas naturais, mas a importância do setor o fez merecer um lugar de destaque na Política Estadual de Turismo, a ser desenvolvida no período 2003-2007. No ano passado, o governo estadual lançou o Programa de Turismo em Áreas Naturais, que visa o desenvolvimento do setor, assegurando a proteção ao Patrimônio Natural e Cultural do Paraná. “O objetivo é estabelecer linhas de ação para orientar projetos para o turismo em áreas naturais, visando o fortalecimento do turismo sustentável no Estado”, diz o secretário Estadual de Turismo, Cláudio Rorato.

O programa pretende mapear o potencial existente para o ecoturismo, capacitar os profissionais que atuam na área, normatizar a atividade prestada pelas empresas de ecoturismo e turismo de aventura, promover ações de educação ambiental e de assessoramento técnico, de marketing e de recursos humanos.

Normatização

O diretor técnico da Paraná Turismo, Evandro Pinheiro, informa que já estão sendo feitas reuniões para definir critérios para a correta operação do turismo e dos esportes de aventura no Paraná. O trabalho está sendo desenvolvido pela Paraná Turismo e Secretaria Estadual de Turismo com representantes da Associação Brasileira de Pára-pente, Associação Brasileira de Canyoning, Federação Paranaense de Vôo Livre, Federação Paranaense de Montanhismo e com o Grupo Cosmos (montanhismo e busca e salvamento), sob a orientação do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. “Esse trabalho visa garantir a segurança e a qualidade do serviço prestado ao praticante do turismo em áreas naturais no Estado”, enfatiza Evandro.

Operadoras de viagem especializadas em ecoturismo, turismo de esportes radicais e em áreas naturais também estão envolvidas no processo de normatização das atividades e, posteriormente, deverão participar de cursos oferecidos pela Secretaria Estadual de Turismo e Paraná Turismo e receber certificação. Na primeira etapa do processo de normatização, com o apoio institucional da Paraná Turismo e da Paraná Esportes, profissionais das entidades envolvidas (federações e associações esportivas) vão ministrar oficinas em seis regionais do Estado – Cascavel, Londrina, Maringá, Guarapuava, Ponta Grossa e Curitiba.

O público-alvo será os profissionais das agências e operadoras especializadas em turismo em áreas naturais, esportes e aventura, que receberão informações gerais sobre o turismo em áreas naturais e terão aulas demonstrativas sobre equipamentos e os riscos oferecidos por cada atividade.

De acordo com Evandro Pinheiro, não chega a vinte o número de operadoras do Estado especializadas em turismo em áreas naturais no Ministério do Turismo.

Entenda os conceitos

– Turismo em áreas naturais:

segmento do turismo que utiliza o patrimônio natural e cultural, de forma sustentável, com intercâmbio sob diferentes formas entre o homem e a natureza, para promover a conservação dos recursos locais (físicos e humanos), otimizando os custos e ganhos ambientais, culturais, econômicos e sociais, orientado por planejamentos participativos. Fonte: “Diretrizes para uma política estadual de ecoturismo”.

– Ecoturismo:

conjunto de atividades turísticas que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. Fonte: Embratur/1994.

– Turismo de aventura:

modalidade em que as pessoas atuam como protagonistas, desenvolvendo atividades participativas de menor ou maior intensidade, necessitando, no segundo caso, de equipamentos e serviços especializados. As atividades compreendem também expedições em busca de lugares isolados de baixa freqüência, exigindo trabalho de equipe na maioria da vezes. Fonte: “Diretrizes para uma política estadual de ecoturismo”.

– Turismo rural:

conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade. Fonte: Embratur/1999 (conceito ainda em discussão).

Política nacional é urgente, diz biólogo

A falta de uma política nacional clara para o desenvolvimento e a prática do ecoturismo é um fator preocupante na opinião do biólogo Sérgio Salazar Salvati, coordenador do Programa de Turismo e Meio Ambiente do WWF-Brasil e coordenador do Programa de Ecoturismo do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília. Para ele, programas desenvolvidos para o setor sem planejamento ambiental e turístico adequados podem comprometer os cenários naturais e a biodiversidade brasileira, ao invés de serem instrumentos para preservação e desenvolvimento local.

Sérgio, que é também mestrando em Turismo Sustentável pela Universidade de São Paulo (USP), considera que, se o ecoturismo no Brasil está em um estágio de desenvolvimento recente, introduzir uma política nacional é urgente. “Tal política deve orientar governos e legislativos para a implantação de suas estratégicas de regulamentação e controle, assim como orientar agências de fomento para criar e facilitar o acesso a incentivos fiscais e financiamentos”, diz.

“Não se pode esquecer do estímulo ao acesso à capacitação e a tecnologias apropriadas ao empresariado e da promoção da conscientização e educação dos visitantes, entre outras prioridades”, complementa.

Mais informações sobre o Programa de Turismo e Meio Ambiente do WWF-Brasil podem ser obtidas no site

www.wwf.org.br.

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