Frustração como técnico afastou Alfredo dos estádios

Antes mesmo de pendurar as chuteiras, Alfredo Gotardi queria ser técnico. Estudou para isso. Quando atuava no México, fez curso homologado pela Fifa. “Foram dois anos. Aprendi muito com o curso. No Atlético, onde encerrei a carreira, virei treinador depois da saída do Lori Sandri. Fomos campeões do Torneio da Morte do Campeonato Paranaense de 1980”, diz Alfredo, que em 1981 foi designado para assumir o departamento amador do Rubro-Negro. “Aquilo foi a gota d’água. Eu resolvi cair fora e só pedi para me pagarem os salários atrasados. Foi em 1981. Depois eu fui trabalhar no Trieste e no Iguaçu. Aí eu parei de uma vez com a bola”, completa.

Alfredo afirma que há mais de uma década não pisa em um estádio de futebol. “Faz mais de 10 anos que eu não vou ao campo. O futebol hoje está muito diferente. Se eu vejo um garoto bom de bola por aí, eu não consigo colocar ele no Atlético. Os caras não dão chance para ninguém. Está tudo ocupado. Desde as categorias de base até o profissional. Hoje, jogador da categoria de base tem tratamento como fosse profissional. Mas você pega um cara ruim de bola e ele está ganhando 60 mil reais por mês”, avalia.

Não viu o Caju

Alfredo Gotardi tem uma lacuna que não conseguiu preencher: a de nunca ter visto seu pai, o Caju, atuar. “O pai era uma pessoa séria. Tinha quinhentos mil amigos porque era uma pessoa muito correta. Mas eu não vi o meu pai jogar. Eu nasci em 1944 e ele parou em 1949”, diz. No entanto, por muitas vezes, ele ajudou seu pai e seu tio Alberto a cortarem o gramado da velha Baixada. “Quem cuidava do gramado era meu pai e meu tio. Os dois iam com o alfange na frente e a gente ia atrás recolhendo a grama. Aí de nós se a gente deixasse um pedacinho de grama para trás. O gramado do Joaquim Américo era um tapete, era o melhor gramado de Curitiba. Quando chovia, o tio Alberto trancava os portões do estádio com cadeado e ia embora para casa. Não tinha jogo. Ele dizia: na Baixada, a Federação não manda. Enquanto ele esteve lá, o gramado sempre foi uma beleza”, diz Alfredo.