Santa Felicidade

Teatro na feira

Entre as barracas que vendem pastel, verduras, queijos e outros produtos, o cenário montado pela companhia Arte da Comédia trouxe uma nova dinâmica para as feiras da regional Santa Felicidade. Durante as últimas semanas, o grupo especializado em teatro de rua apresentou a peça As Espertezas de Arlequim à comunidade.

Não é por acaso que a peça é baseada na comédia dell’arte, teatro popular da Itália, que surgiu no século XV. Além da referência italiana – que também é a grande característica da região -, o estilo prioriza a proximidade com o público, já que em suas origens era encenado nas feiras. “Os artistas dell’arte se apresentavam em lugares onde estavam as pessoas. Na época, as feiras eram diferentes, mas era onde as pessoas se reuniam”, comenta o diretor da companhia, Roberto Innocente.

“A ideia foi recriar esse clima. A filosofia do teatro de rua é ir onde o público está. Vamos até o público, não é o público que tem que ir até o teatro”, destaca. “A feira ainda é um dos poucos lugares onde a relação humana é a parte principal e a relação humana é a essência do teatro”.

A interação com o público acontece durante toda a peça pelos três atores, que têm o desafio de cativar quem vai à feira e não espera prestigiar o espetáculo. “Na feira as pessoas vêm com o objetivo de comprar e nós temos a missão de chamar a atenção”, comenta a atriz Joseane Berenda, 28. “Mas também temos que tomar o cuidado de não atrapalhar o feirante no momento da venda”, completa Marcelo Felczak, 28, que interpreta o personagem Pantaleão.

Público cativo

Foto: Felipe Rosa.
Grupo apresenta a peça “As Espertezas de Arlequim”. Foto: Felipe Rosa.

Que não tem nenhuma dificuldade em se entrosar são as crianças. “Elas nos esperam. Esses dias a filha de um feirante ficou esperando a gente chegar desde as 15h, mas a apresentação só era 19h”, conta o ator que dá vida ao Arlequim, Wenry Bueno. Na feira Santa Felicidade, montada na Rua Neuraci Neves de Nascimento, uma menina de três anos de idade que mora na frente não perde nenhuma apresentação. “Ela escuta o barulho e já vem correndo assistir”, diz a babá da garota, Marilia de Oliveira, que também gosta da iniciativa. “É muito interessante, traz cultura”, opina.

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Sobre o autor

Carolina Gabardo Belo

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