É hora do show?

Setor de shows sugere eventos testes com medidas contra covid-19 em Curitiba

Foto: Arquivo/Letícia Akemi/Gazeta do Povo.

Figurando entre as categorias mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus, profissionais que atuam com shows e outras produções culturais em Curitiba se reuniram com autoridades municipais e estaduais na última sexta-feira (18) para discutir a retomada das atividades do setor e sugerir a realização de eventos testes em outubro na capital paranaense, com a adoção de medidas de segurança. Segundo dados da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) mais de 90% dos eventos nacionais previstos para ocorrer em 2020 foram cancelados, adiados ou estão em situação incerta. E até outubro, a soma de pessoas desempregadas no setor deve atingir 840 mil.

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Durante a discussão, várias propostas foram feitas e analisadas. Entre elas, a produção de dois eventos testes na cidade, a partir da segunda quinzena de outubro. A ideia segundo os profissionais de área, é que um deles seja uma feira de negócios, e o outro, um show musical. “A partir da próxima semana, afinaremos isso, prevalecendo a excelência do modelo, que prima a saúde e integridade dos participantes e profissionais envolvidos na realização, com o objetivo de vislumbrar como seria uma possível retomada do setor diante de protocolos, normas, muito controle e seriedade”, afirmou Mac Lovio Solek.

Pensando em mudar este cenário, estiveram presentes na reunião, o vice-presidente da região Sul da Abrape Mac Lovio Solek, o representante da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc-PR) Fábio Skraba, além de Fabiano Wolochyn e Sandriane Fantinato, da Passeata Técnica CWB, que foram recebidos na Prefeitura de Curitiba pelo Secretário de Governo, Luiz Fernando Jamur, pela superintendente executiva da Secretaria Municipal de Saúde, Beatriz Battistella Nadas, pelo vereador Pier Petruzziello, pela presidente do Instituto Municipal de Turismo, Tatiana Turra, e pela presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Ana Claudia de Castro.

Medidas de segurança nos eventos

Para que Curitiba possa a voltar a ter eventos com a presença de público, ações e medidas de segurança contra a propagação do coronavírus foram sugeridas pelos representantes do setor cultural. Entre elas, estão:

1. Neste primeiro estágio, maiores de 60 anos terão acesso negado e grupos de risco serão orientados a não comparecer.

2. Sugerir ao público, a chegada com duas horas de antecedência, considerando que haverá a necessidade de novos protocolos de acesso.

3. Sinalizar o distanciamento de um metro, em filas, estacionamento, bilheteria, entrada, banheiros e outras áreas.

4. Toda equipe utilizará seu próprio equipamento de trabalho individual (EPI) e o número de recepcionistas e seguranças será maior que de um evento tradicional, para atender o protocolo.

5. Dispor de comunicados no teatro que instruam artistas, público, fornecedores e funcionários sobre as normas de proteção que estão em vigência no teatro, em todos os espaços disponíveis.

6. Criar campanhas de comunicação que transmitam segurança para o público e todos os demais envolvidos, na prevenção da covid-19.

7. Totens que serão distribuídos nas dependências do teatro com as regras de proteção covid-19.

8. Vídeo com normas de segurança/proteção será veiculado nos telões antes do espetáculo.

9.  Saída do público será escalonada, evitando aglomerações.

 10. Será obrigatório o uso de cartões digitais para pagamentos

Distanciamento social

1. Vendas 100% por canais digitais, pela internet, chatbot e aplicativos.

2. Proibição de vendas para grupos.

4. Priorização de ingressos digitais, como e-tickets e mobile tickets.

5. Opção de venda do ticket de estacionamento digital junto com o ingresso.

 6. A entrada do público será aberta duas horas antes do início da apresentação.

 7. Implantação de corredores de uma só via, para coordenar o fluxo de público.

8. Uso de quatro entradas diferenciadas no teatro para acesso do público.

9. Não permitir aglomeração nos acessos e na frente da bilheteria e dos guichês para pagamento de estacionamento.

11. Controlar a quantidade de pessoas, respeitando as regras da OMS e do Ministério da Saúde, com distanciamento de um metro

12. Limitar a seleção de assentos, utilizando a técnica de bloqueio inteligente, pulando sempre uma fila inteira e intercalando as poltronas. Membros da mesma família poderão sentar juntos.

15. Oferecer ambientes de isolamento, no caso de alguém apresentar sintomas durante o show, até sua retirada do local.

16. Ambulatório com médico e paramédico durante todo o evento nos teatros.

17. Ambulância em modo de espera para transferir pacientes com sinais de febre ou doença para hospital mais próximo da região.

18. Organizar de forma escalonada a saída do público.

Higienização, sanitização do ambiente e monitoramento geral

1. Medir a temperatura tanto de colaboradores, fornecedores e público, através de termômetro digital infravermelho, ao constatar temperaturas acima 37,8ºc impossibilitar a toda área do evento.

2. Proibir a entrada de clientes que não estiverem utilizando máscara de proteção.

3. Colocar tapetes com hipoclorito de sódio a 2% para higienizar os calçados nas entradas do evento.

4. Aplicar álcool líquido 70% nas mãos de cada pessoa na entrada.

5. Disponibilizar álcool em gel 70% nos banheiros, plateia e na área da bomboniere.

6. Higienização frequente de piso, maçanetas, torneiras, corrimões, mesas, cadeiras, teclados, computadores, botões elevadores, telefones, equipamentos de som/luz, palco e todas as superfícies lisas e metálicas com álcool 70%, inclusive nas cancelas, equipamentos de entrada dos veículos e pessoas, dos banheiros do teatro.

7. O teatro deverá manter as portas dos sanitários abertas para beneficiar a ventilação.

8. Máscaras e demais proteções para todos que estiverem trabalhando no show – orientadores e staff.

 9. Lacrar bebedouros coletivos.

10. Manter, sempre que possível, portas abertas e ambientes ventilados.

Pedidos do setor

No encontro, representantes do setor de eventos também defenderam a adoção de paliativos, para garantir a subsistência da área, até que os eventos possam retornar de forma ampla, como o auxílio emergencial e Lei Aldir Blanc. Outro pedido foi para que os editais de linha de crédito tenham ampla divulgação, para atender todas as categorias.

“Os recursos federais e municipais são muito importantes nesse momento, para ajudar as empresas, principalmente, a garantir empregos aos colaboradores, como também ajudar aos profissionais de eventos e músicos, mas infelizmente muito pouca gente se beneficia de recursos anunciados que dificilmente chegam na ponta. Nesse momento se os governos nos deixassem trabalhar, empresas e profissionais, poderíamos de forma mais direta e efetiva minimizar um pouco a crise do setor que está em frangalhos”, afirmou Mac Lovio Solek..

Impacto da pandemia

Com a recomendação de distanciamento social para combater a disseminação do novo coronavírus, o setor de eventos tem enfrentado estagnação, que pode, segundo seus representantes, fazer com que 2020 seja o pior ano em duas décadas. Empresários e representantes do setor ainda não conseguem estimar o prejuízo causado pela crise, mas estimam que todo o primeiro semestre foi perdido. Levantamento ainda indica que, desde o início da pandemia todos os eventos no país foram cancelados neste ano, com prejuízo.

Um censo realizado pela Abrape, mostra que mais de 90% dos eventos previstos para ocorrer este ano foram cancelados, adiados ou estão em situação incerta. Outro dado assustador, também divulgado pela entidade, que reúne entre seus associados cerca de 60% do PIB de eventos do país, é o de que até o fim de abril, segundo o estudo, os cancelamentos e adiamentos de eventos fizeram com que mais de 240 mil pessoas perdessem os empregos. A tendência é que esse número possa chegar, em outubro, a 840 mil.

Outro dado relevante que a pesquisa apontou é que 92% das empresas associadas já relataram prejuízos que, juntos, somam R$ 290 milhões. A entidade estima ainda que esse número possa chegar à casa dos bilhões se somada toda a cadeia produtiva do setor de eventos, que envolve em torno de 60 mil empresas. O prejuízo frustrou as boas expectativas desse mercado para 2020, que estimava um aumento de receitas em shows e eventos de 6,15% em relação ao ano passado. Até outubro mais de 450 mil eventos deixarão de acontecer.

Os números da pandemia no setor de eventos

2020 – EXPECTATIVA
 + 6,15% em relação a 2019

2020 – REALIDADE
+ de 90% dos eventos previstos foram cancelados, adiados ou situação incerta
+ de 450 mil eventos deixarão de acontecer até outubro 

Estimativa Desemprego no setor
Abril – 240 mil pessoas 
Agosto – 563 mil pessoas
Outubro – 841 mil pessoas

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