Criatividade

Sem eventos, fotógrafos de Curitiba se reinventam na quarentena

Fotógrafa brinca com vários ângulos em casa durante a quarentena. Foto: Ana Carolina Pimentel / arquivo.

Com a pandemia do novo coronavírus, os eventos foram os primeiros a serem cancelados e adiados. Casamentos, aniversários, formaturas, todos acabaram ficando para depois. E, infelizmente, com o mercado de eventos parado, muitos profissionais estão se reinventando como podem. Na fotografia, por exemplo, as limitações do distanciamento social tem dado mais espaço para a criatividade. Ensaios por videochamadas e o treino de novos ângulos em casa têm sido maneiras que alguns fotógrafos nesta nova realidade de isolamento. Sem festas, o mercado do delivery por aplicativo também tem sido um novo caminho para quem trabalha com eventos.

Ana Carolina Pimentel vive da fotografia, principalmente de eventos. E agora com a pandemia, está usando o tempo livre para treinar em casa. “Achei mais seguro ficar um pouco em casa e retomar daqui alguns meses. Eu me preocupo bastante, tanto com a minha saúde e da minha família, quanto dos clientes”, explica. 

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Com uma reserva que tinha e o namorado, que mora com ela, em home office, Ana acredita que teve o privilégio de poder ficar em isolamento. “Estou aproveitando para me manter saudável e evitar espalhar mais doença por aí”. E enquanto ela não consegue matar a saudade de fotografar fora, Ana tem apostado em autorretratos bem autênticos, feitos em casa mesmo.

Fotógrafa tem inventado novos ângulos na quarentena. Foto: Ana Carolina Pimentel / arquivo.

“Já vi gente até roubando a Barbie da filha para fazer foto de casamento! O importante é não parar”, revela. Com a limitação de espaço e ângulos, Ana tem visto uma grande oportunidade de aproveitar o período para estimular a criatividade. “Ainda prefiro fotografar pessoas. Mas na falta de mais gente, a gente faz de tudo, né?”, brinca. 

Os dias de isolamento têm permitido a profissional a pensar em diferentes ângulos e cliques, que ficarão para serem praticados assim que tudo voltar ao normal. “Assim que eu voltar a sair, vai ter muita novidade, com certeza. Tem um projeto que estava planejando pouco antes da quarentena e agora foi adiado. O bom é que foi sendo desenvolvido para ter um resultado melhor ainda quando sair do papel”, comemora a fotógrafa.

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Ensaios remotos

A limitação imposta pelo isolamento social fez com que a fotógrafa Eve Ramos se permitir mais dentro da fotografia. A profissional, que trabalha mais com retratos e fotos comerciais, tem feito ensaios remotamente, por videochamada. Funciona da seguinte forma: modelo e fotógrafa realizam uma chamada de vídeo e a fotógrafa dirige a modelo no vídeo. O “clique” acontece quando a fotógrafa, que dirige a cena, encontra uma boa luz, enquadramento e uma boa pose da modelo.

Para Eve, a forma de fotografar tem sido um desafio inspirador. “Está sendo muito bom porque estou desenvolvendo outras forma de me comunicar com a modelo”, avalia. Na visão dela, a falta de qualidade da imagem nesses ensaios – ponto que tem sido o principal ponto negativo na visão de muitos fotógrafos – acabou se transformando em algo positivo. “Eu me libertei de uma rigidez que a gente ganha com o tempo e com trabalhos maiores. Voltei a desenvolver um tipo de criatividade que eu tinha muito no começo, quando eu não tinha equipamento bom, tinha pouca experiência. Agora eu posso voltar a utilizar dessa criatividade, mas com mais experiência”, revela Eve.

Os ensaios por videochamada tem feito a fotógrafa perceber melhor seu trabalho, como dominar a luz e as modelos. “Tem sido bem libertador pra mim. Eu percebo que pode trazer, ou retomar, novos significados para a fotografia e para a imagem”, explica.

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Mudança de foco

Sem casamentos à vista, o fotógrafo Alex Sander tem realizado neste período de pandemia trabalhos corporativos. Com formação em publicidade, a fotografia de produtos tem sido um nicho interessante, já que houve um aumento de quase 30% na modalidade de entregas, tanto de restaurantes como de outros tipos de comércio.

“Eu criei uma lista com estabelecimentos que percebi não ter fotos dos produtos ou eram fotos baixadas de algum lugar”, explicou o fotógrafo. E a estratégia tem dado certo. Sem ensaios mesmo ao ar livre, porque muitos ainda têm medo de sair e se sentem inseguros, ainda o período é de muita incerteza no mercado de eventos. “Hoje mesmo eu entrei em contato com cinco clientes que estavam fazendo orçamentos, todas tinham uma data já para reagendar e ainda sentem incerteza quanto a 2020”, comenta o fotógrafo.

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Fotografia no alívio da saudade

E enquanto não há previsão para novos ensaios fotográficos, Alex se contenta com o papel que seu trabalho tem feito para aliviar a saudade entre família. “Alguns dias antes da pandemia ser declarada e nos obrigarmos ao isolamento, eu realizei um ensaio do Bernardo. A família toda se reuniu numa chácara para tirar algumas fotos em família. O que não imaginávamos é que essas fotos representariam uma maneira da família se manter próxima do pequeno”, conta Alex.

As fotos do ensaio foram entregues só em formato digital e as impressas ainda vão esperar para serem entregue em mãos. As imagens digitais foram encaminhadas para toda a família e encantam e aliviam a saudade principalmente dos avós e bisavós. “Recebi o relato da bisavó do bebê, que há cerca de três meses ela e o marido estão reclusos. Durante a conversa, ela afirmou para mim, ainda muito emocionada, que os registros se tornaram a única forma de sentir próxima do bisneto e de toda sua família”, revela o fotógrafo. 

Para a bisavó, ainda que ela não possa presenciar as primeiras gracinhas do bebê, os dentinhos despontando e os passinhos desajeitados pela casa, ela ainda pode, pelas fotos feitas no ensaio, reencontrar o olhar doce do pequeno. “Em breve tudo isso vai passar e logo logo poderão colecionar novos momentos juntos, regados de sorrisos”, finaliza Alex.


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