Riscos de gravidade

Quais crianças devem evitar voltar às aulas antes da vacina? Especialistas respondem

Foto: Pixabay.

A discussão sobre o retorno dos alunos às escolas gera muitas dúvidas, principalmente sobre quem estaria habilitado, ou não, a voltar. As crianças e adolescentes não são as principais vítimas da covid-19, mesmo podendo desenvolver, em raros casos, a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), uma grave condição que atingiu, até o fim de agosto, 197 indivíduos no país.

Mas em relação à condição de saúde de base, quem deveria evitar voltar às aulas tão logo sejam liberadas, sem que ainda tenhamos a desejada vacina? Logo abaixo você confere uma relação com doenças que podem agravar quadros de covid-19 em crianças e adolescentes, elaborado com informações da Sociedade Paranaense de Pediatria a partir de dados de diversas outras sociedades médicas.

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Segundo o médico infectologista pediátrico Victor Costa Junior, vice-presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria e que trabalha no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, crianças que têm doença de base não deve voltar no primeiro momento. “Até porque não se sabe como será o retorno do ponto de vista epidemiológico do vírus”, diz.

Crianças que não devem voltar para aula presencial antes da vacina

Não há definição sobre um grupo de risco na infância e adolescência, mas especialistas apresentam algumas condições que aumentariam o risco de quadros graves:

Doenças neurológicas crônicas
Doenças neuromusculares com redução dos volumes respiratórios (capacidade vital < 60%).

Em ventilação com máscara ou traqueostomia ou com comprometimento cardíaco
Doenças com comprometimento bulbar ou doenças neurológicas progressivas e doenças neurológicas em tratamento imunossupressor.

Doença renal crônica
Em estágio 5 (diálise), principalmente se associada a doença pulmonar ou em imunossupressão.

Doenças reumatológicas autoimunes
Podem apresentar risco aumentado os pacientes reumatológicos pediátricos em uso de corticoides em dose maior que 0,5 mg/kg/dia ou em tratamento imunossupressor.
Pacientes com doenças sistêmicas do tecido conjuntivo com frequência apresentam acometimentos específicos de órgãos que podem colocá-los em maior risco por comprometimento significativo pulmonar, cardíaco, renal.

Hepatopatias crônicas
Algumas condições poderiam agravar o quadro hepático em caso de infecção pelo novo coronavírus, como: atresia biliar ou outras doenças biliares, insuficiência hepática, doença metabólica hepática, hepatites crônicas, tumor hepático, cirrose.

Idade
Crianças abaixo de 1 ano de idade apresentam maior risco de desenvolver quadros graves e críticos em comparação com as demais.

Insuficiência adrenal
Pacientes com essa condição têm uma maior taxa de mortalidade relacionada a infecções respiratórias, possivelmente devido à redução da função imune.

Imunossupressão por medicamentos
A exposição prolongada a níveis séricos elevados de corticosteroide (endógeno ou exógeno) causa imunossupressão tornando os indivíduos mais vulneráveis e de alto risco para infecções.

Imunossupressão por neoplasia ou quimioterapia
São extremamente vulneráveis quem recebe formas específicas de tratamento para o câncer, entre elas a quimio de indução para leucemia linfoblástica aguda e linfoma não Hodgkin, para leucemia mieloide aguda, entre outros.

Imunodeficiências
São diversas as condições que podem apresentar risco aumentado para desenvolver a forma grave de covid-19, entre imunodeficiências primárias, como as combinadas de células T e B, e as secundárias, como as que exigem o uso de imunoglobulina ou antibiótico profilático e com comorbidades e em diversos outros casos.

Obesidade grave
Em adultos, a obesidade grave é conhecidamente um fator de risco para formas graves da covid-19. Em crianças e adolescentes, casos de obesidade grave devem receber atenção especial devido ao risco de complicações pela doença.

Síndrome de cushing
A exposição prolongada a níveis séricos elevados de corticosteroide (endógeno ou exógeno) causa imunossupressão tornando os indivíduos mais vulneráveis e de alto risco para infecções. Esses pacientes habitualmente possuem comorbidades associadas como obesidade, diabetes mellitus e hipertensão arterial, que aumentam o risco de complicações. Indivíduos com essa síndrome não controlada, de qualquer origem, apresentam maior risco de infecções, em geral.

Síndrome de Down
Pessoas com a síndrome e com morbidades como cardiopatia, problemas respiratórios crônicos, asma, apneia obstrutiva do sono e diabete melito são grupo de maior risco para formas graves, assim como quem tem deficiência imunológica, está em tratamento para câncer com quimio ou para doenças autoimunes como artrite reumatoide, lúpus ou psoríase.

Cardiopatias congênitas
É grupo de risco para a covid-19 cardiopatias congênitas ou adquiridas com repercussão hemodinâmica significativa (insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar ou hipoxemia) e cardiopatias já submetidas à correção cirúrgica, porém que mantêm sinais de insuficiência cardíaca, hipertensão pulmonar, cianose ouhipoxemia.
Há ainda outras condições que poderiam aumentar esse risco, como cianose crônica com redução da função ventricular e cardiomiopatias graves.