Entrevista exclusiva

Martinho da Vila relembra show histórico que reuniu 50 mil em Curitiba

Foto: Leo Aversa / divulgação.

Um show que reuniu 50 mil pessoas em Curitiba. Não foi Green Day, nem Coldplay, muito menos Katy Perry. Martinho da Vila foi o responsável por esse grande público durante um espetáculo histórico em 1984 na Boca Maldita, durante o comício das Diretas Já. O sambista relembrou o momento durante entrevista exclusiva com a reportagem da Tribuna do Paraná nesta última semana.

Por videoconferência, Martinho da Vila falou sobre samba, homenagens, plágio e também da sua ligação especial com o público curitibano. No próximo sábado (20), Martinho tem um encontro marcado com Curitiba no show inédito “Voz do Coração”, que acontece no Teatro Positivo.

Assista:

Confira a entrevista completa e o serviço do show a seguir:

Tribuna do Paraná: Eu fiquei sabendo que você vai ganhar uma estátua, uma escultura sua na Vila Isabel [comunidade no Rio de Janeiro]. Como é que você recebeu essa homenagem?

Martinho da Vila: Homenagem é sempre legal, mesmo sendo simples. E essa não vai ser [simples], vai ser uma coisa bem interessante. E então eu estou feliz!

Tribuna: E eles foram até a sua casa, te mediram. Vai ser em tamanho natural?

Martinho da Vila: Não, vai ser quatro metros e meio, olha só! Eu vou ser um cara grande. É que o monumento é muito alto. Então tem que ser grande, porque senão as pessoas em baixo, elas não veem.

Tribuna: E você tem uma ligação muito forte com a Vila Isabel, com o samba de lá. Eu queria que você comentasse um pouquinho dessa tua trajetória.

Martinho da Vila: Eu era de uma escola pequena, fui para a Vila Isabel em 1967. E eu tive uma emoção muito grande porque quando a Vila Isabel desfilou pela primeira vez naquele ano foi o enredo Carnaval de Ilusões. Foi emocionante para mim.

Tribuna: Tem muitos anos essa parceria com a Vila Isabel?

Martinho da Vila: Já tem. A Vila Isabel era uma escola ainda pequena, para mim era uma menina que eu ajudei a crescer, cresci junto com ela e herdei o nome da Vila.

Tribuna: No ano passado o seu icônico álbum “Canta, Canta minha gente” comemorou 50 anos. Aliás, ele faz 51 anos agora dia 16 de setembro. E ele é um álbum muito importante para a Música Popular Brasileira porque ele reúne história do Brasil, fala de Carnaval, de Samba, de também de religião de matriz africana. Meio século se passou desde o lançamento desse grande disco e ele continua ainda muito atual. Eu queria saber que mágica ele tem, será que é um pouquinho da ajuda dos Orixás que abençoaram o disco, para fazer com que ele ainda continue tão forte e tão atual?

Martinho da Vila: Ele foi marcante porque até ali os discos de samba eram feitos apenas com violão, cavaquinho e ritmo, e um corinho. Aí o Eli me disse, ‘Martinho, vamos fazer um álbum’. Eu eu falei, ‘acho que é uma boa ideia’. Aí fizemos. E antes falamos com a direção artística da gravadora, eles falaram ‘olha, o álbum é muito legal, interessante, você merece, mas não vende’. Eu disse, ‘eu vou fazer’, eu tinha liberdade. Eles fizeram uma edição pequena, de poucos discos, não fizeram muitos. Quando os vendedores iam as lojas de discos, que agora não tem mais, encomendaram muitos. Eles tiveram que parar tudo que tinha lá na fábrica para trabalhar no Canta, Canta. E ele foi um grande sucesso, até hoje.

E tem músicas desse disco aí, eu canto algumas sempre. Mas dá pra fazer um show só com as músicas desse disco que dá muito certo.

Tribuna: Eu acho que o ‘Canta, Canta’ é tão especial, eu acho que todo brasileiro sabe cantar pelo menos uma música do disco. Até quem não é do samba, adora e venera muito esse trabalho, que é maravilhoso.

Martinho da Vila: Nós fizemos um disco bem harmonizado, bem caprichado, com uma boa mixagem, e ficou do jeito que você gosta [risos].

Tribuna: Tanta coisa aconteceu durante esses 50 anos, a música mudou, o samba mudou. O jeito de fazer samba mudou também? Ou você acha que samba é samba, de 50 anos para trás, ou para cá, tanto faz?

Martinho da Vila: O samba foi acompanhando as mudanças do tempo, usando a tecnologia que foi surgindo. E uma coisa que fica parada naquele jeito, fazendo sempre daquele jeito, ela tende a desaparecer. Então tem que avançar sempre.

Tribuna: No final do ano passado a gente tem acompanhado que a Justiça do Rio de Janeiro considerou uma situação bem inusitada. Um plágio da cantora Adele numa música interpretada por você, “Mulheres”, mas de composição do Toninho Geraes. Foi um trabalho que você gravou em 1995, né?

Martinho da Vila: Eu estava pra gravar um disco e o Toninho Geraes já estava com ele todo programado. Aí o Toninho me apresentou essa música. Eu e o produtor a gente achou a música boa, mas a gente achou que tinha uns lances assim que não batia comigo muito. Aí eu dei uns pequenos toques e ela ficou desse jeito. E é um dos meus grandes sucessos.

Tribuna: Mas a situação do plágio da Adele você ficou sabendo?

Martinho da Vila: Ah sim, fiquei. Fiquei feliz também [risos].

Tribuna: De alguma forma ela levou o Martinho da Vila a proporções internacionais [ risos].

Martinho da Vila: Exato. É impressionante, a gente faz um sambinha aqui bem devagar, e ele vai avançando, vai ganhando adeptos. O primeiro sucesso foi ‘Casa de Bamba’. Naquele tempo havia duas relações de músicas mais tocadas, mais vendidas e tal, uma do Rio e outra de São Paulo. Os compositores de São Paulo, ou cantores, que estavam na lista de lá, tinham vontade de entrar na do Rio, porque daqui tudo se irradiava. E os do Rio queriam entrar na lista de São Paulo, porque quem tivesse pego lugar do Rio, tava vendendo menos que o décimo de lá. Aí depois tudo se juntou, e se espalhou pelo Brasil.

Tribuna: Você é muito carismático e tem um público muito fiel aqui em Curitiba. Inclusive, várias vezes você tem retornado para cá, para fazer shows. Eu queria que você contasse um pouquinho da sua relação com Curitiba.

Martinho da Vila: Eu gosto daí no geral. Eu comecei a gostar de Curitiba porque na época das Diretas Já, o primeiro grande show das Diretas foi feito aí em Curitiba, que juntou 50 mil pessoas. Eu fui com Tancredo Neves e Ulisses Guimarães e foi marcante. Depois dali começaram a fazer grandes eventos pelo Brasil falando das Diretas Já.

Tribuna: O pessoal fala muito, diz muito que o curitibano é muito fechado, carrancudo. Como é que você vê o público curitibano?

Martinho da Vila: O público depende da atuação do artista. A função do artista é encantar o povo. Desde a primeira vez que eu fui fazer show aí, pessoal tava muito quieto, eu tava cantando, pessoal ficava quietinho, depois só no final que batia palmas. É porque o povo é muito educado. Aos pouquinhos eu fui fazendo o pessoal se movimentar. Então quando eu canto aí o curitibano se solta. E eu espero que isso possa acontecer no próximo show.

Tribuna: E eu queria que você comentasse um pouco como é esse show de agora. É um show de uma trajetória bem longa, e com muitos sucessos. Com certeza vai ter muita música para a gente cantar junto.

Martinho da Vila: Eu vou apresentar alguns dos grandes sucessos, permear com algumas canções que são mais apuradas, não muito populares, mas que as pessoas sabem. Então, quando eu canto todo mundo canta também, todos sucessos. É muito bom. Eu mesmo desse show que os curitibanos saiam dele mais felizes do que chegaram. Esse é o meu objetivo.

Serviço

MARTINHO DA VILA EM CURITIBA

Quando: 20 de setembro de 2025 (sábado)

Onde: Teatro Positivo (Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300)

Horário: abertura da casa às 20h15 e show às 21h15

Ingressos: os ingressos variam de R$ 100 a R$ 540, variando de acordo com o setor e modalidade escolhidos

DESCONTOS PROMOCIONAIS

ClubeDisk (para o titular e 2 acompanhantes)

Clube Cult (para o titular e 1 acompanhante)

Clube Gazeta do Povo (para o titular e 1 acompanhante)

ONG Amigo Guaipeca (1 kilo de ração)

Sócio Furação (para o titular e 1 acompanhante)

Vacinado Covid (somente titular)

Associado Clube Curitibano (para o titular e 1 acompanhante, mediante carteirinha)

Associados OAB com carteirinha funcional – OAB/PR (para o titular e 1 acompanhante)

Associados ao Sindehoteis com carteirinha física ou digital (para o titular e 1 acompanhante)

Funcionários CAA/PR com a apresentação do crachá (para o titular e 1 acompanhante)

FORMA DE PAGAMENTO

· Dinheiro, PIX, cartão de débito e crédito.

· Parcelamento em até 10x com juros

Vendas: Disk Ingressos (diskingressos.com.br)

Pontos de Vendas: 

Shopping Mueller: de segunda a sexta, das 10h às 22h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h

Teatro Positivo: de segunda a sexta, das 11h às 15h e das 16h10 às 20h. Sábado das 17h às 21h. Domingo somente em dias de espetáculos

Teatro Fernanda Montenegro: de segunda a sexta, das 10h às 14h e das 15h10 às 18h. Sábado das 12h às 16h e das 17h10 às 20h

Classificação: 16 anos (Menores de 16 anos apenas acompanhados pais/responsável legal. Sujeito a alteração, conforme decisão judicial)

Realização: RW7 Production & Entertainment

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