O CARA!

Hermeto Pascoal, mestre dos instrumentos, morre aos 89 anos

Hermeto Pascoal morre aos 89 anos.
Hermeto Pascoal morre aos 89 anos. Foto: Reprodução/Instagram.

O som universal ficou mais silencioso neste sábado (13). Hermeto Pascoal, um dos maiores gênios da música brasileira, morreu, aos 89 anos. O multi-instrumentista alagoano deixa um legado musical incomparável, que transcende fronteiras, gêneros e convenções.

A notícia foi confirmada pela família através de uma nota emocionante nas redes sociais, nota esta que reflete exatamente a essência do músico: “Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música”, diz a nota.

A coincidência poética não poderia ser mais significativa – no exato momento de sua partida, seu Grupo estava no palco, “fazendo som e música”, exatamente como Hermeto gostaria.

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Hermeto Pascoal (@hermetopascoal)

Nascido em Lagoa da Canoa, interior de Alagoas, Hermeto construiu uma carreira única, transformando objetos cotidianos em instrumentos musicais. Chaleiras, garrafas, brinquedos e até mesmo animais se tornavam, em suas mãos, ferramentas para a criação de uma linguagem sonora única, que ele chamava de “som da aura”.

Albino e praticamente autodidata, Hermeto começou tocando flauta e sanfona em bailes no Nordeste. Nos anos 1960, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou colaborações que o levariam ao reconhecimento mundial, incluindo trabalhos com Miles Davis, que o chamou de “o músico mais impressionante do mundo”.

Em uma carreira que atravessou mais de sete décadas, Hermeto nunca se deixou rotular. Jazz, música regional, vanguarda experimental – tudo se fundia em suas composições, que ele descrevia como “música universal”.

Na nota divulgada pela família, um pedido que reflete a filosofia do músico: “Como ele sempre nos ensinou, não deixemos a tristeza tomar conta: escutemos o vento, o canto dos pássaros, o copo d’água, a cachoeira, a música universal segue viva.”

A família compartilhou ainda um poema do próprio Hermeto, que agora ganha contornos de despedida:

“Este canto vem de longe,
A distância não sei dizer,
Salve, salve a toda a gente,
Que vive e deixa viver,
Aqui vai o nosso abraço,
Com o som e o saber,
Tirando de nossas mentes,
As palavras pra dizer,
A música segura o mundo,
Enquanto a gente viver,
É a maior fonte sem fim,
De alegria e prazer,
Toquem, cantem, minha gente,
Até o dia amanhecer.”

Para quem deseja homenagear o mestre, a família sugere um gesto simples e profundamente conectado com sua essência: “Deixe soar uma nota no instrumento, na voz, na chaleira e ofereça ao universo. É assim que ele gostaria.”

Não foram divulgadas informações sobre velório ou cerimônias de despedida pública. A família pede respeito e privacidade neste momento.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna