Entrevista exclusiva

Graham Russell, do Air Supply, conta para a Tribuna o segredo de um bom hit romântico

air supply
Air Supply. Foto: Mark Weiss / divulgação.

Dia dos Namorados fora de época em Curitiba? Com amor pelo ar nesta próxima terça-feira (18), poderíamos até dizer que sim. O motivo é o show do dueto de maior sucesso da música romântica Air Supply, que fará apresentação no Teatro Guaíra, às 21 horas.

Os australianos estouraram pelo mundo nos anos 70 e 80 e seguem embalando casais e sendo porta-vozes do amor há quase meio século! Mesmo se você nasceu na década de 90, pode saber que já escutou algum hit da banda ao menos na Ouro Verde FM, como “Making Love Out Of Nothing At All“, ou “All Out Of Love” e “Even The Nights Are Better“, e mais tantas outras.

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Graham Russell, guitarrista e compositor, encontrou-se com Russell Hitchcock nos ensaios para um musical chamado “Jesus Christ Superstar” em Sidney, Austrália, em 1975. Os dois se tornaram amigos e desde então formam o Air Supply.

Para entender de onde vem toda essa força do amor nas letras e baladas da dupla, a Tribuna do Paraná conversou com exclusividade com Graham Russell, compositor da banda. Ele contou com detalhes de onde brota toda inspiração amorosa que embalou romances pelo mundo. Confere aí!

A gente sabe que o Air Supply é ícone quando se trata de rock romântico e embalou muitas gerações. Existe alguém que inspirou você e que ainda inspira a escrever músicas de amor?

Graham – É uma pergunta muito boa. Não necessariamente, porque eu tenho escrito músicas por um bom tempo. Eu escrevi a minha primeira música quando tinha 13 anos e desde então tudo tem sido inspiração, a vida, atividades diárias, o sol e a lua. Eu tenho usado um pouco de tudo que seja inspirador. Depois de todos esses anos, eu tenho aprendido o que é inspirador. E certamente é a vida e a felicidade, acho que é isso.

Vocês vão fazer quase 50 anos de carreira, de estrada. Qual é o segredo de vocês que são uma das melhores bandas de rock da Austrália?

Graham – Eu acho que somos genuínos. Sabe, desde começo, nós queríamos passar uma mensagem muito romântica. A gente nunca se desviou disso. Nunca seguimos tendências, ou seguimos algo popular, a gente seguiu aquilo que queríamos fazer.

No começo foi um grande desafio, mas a gente teve que fazer. Nós seguimos nosso caminho e consequentemente procuramos por esse caminho. Eu acho que ao longo de todos esses anos, nós alcançamos um certo nível de profissionalismo nos shows dos quais nós nos orgulhamos muito. As pessoas veem nos ver porque elas sabem o tipo de música vão encontrar, sempre muito romântica. Para nós isso tem sido ótimo. Depois de todos esses anos, a gente ganhou reconhecimento das pessoas ao redor do mundo. Eles reconhecem nossa música.

Vocês estão constantemente na estrada. A gente sabe da história de vocês, Jesus ‘colocou vocês juntos’ e assim nasceu o Air Supply. Como é fazer uma turnê pelo mundo agora em comparação com anos atrás – quando vocês começaram?

Graham – Então, é uma boa pergunta. Você tem razão, Jesus nos uniu (risos). Sabe, na nossa carreira, há diferentes aspectos a respeito das coisas que fizemos. As gravações, nós fizemos várias entrevistas como essa aqui, da qual nós amamos. E fizemos muitos shows ao vivo. Eu amo tocar ao vivo porque pessoalmente, quando estamos de frente das pessoas não é como na TV, ou YouTube, ou numa gravação. Não há nada melhor que estar ao vivo com as pessoas, conectado. Para fazer isso, a gente teve que viajar muito, tivemos que nos dedicar.

Atualmente, estamos fazendo uma grande turnê por vários países. Mas, você sabe, é isso que temos feito, nós nos dedicamos a isso por muitos anos. E isso tem vários aspectos. A gente chegou a dizer uma vez que iríamos parar de tocar quando as pessoas parassem de nos ver. Eu não consigo ver isso acontecendo ainda por um bom tempo. Não há nada como o sentimento de estar no palco e ter as pessoas nos assistindo, esse respeito. A gente tem sacrificado nosso tempo para viajar ao redor do mundo e existe um sentimento muito lindo nisso, insubstituível. Nós vemos o nosso público e o respeitamos.

Nós temos uma boa vida, somos muito agradecidos de tê-la. Somos sortudos e amamos a vida que escolhemos para viver. Às vezes é difícil, mas é o que está nos destinado.

E como é viajar em turnê pelo mundo atualmente, 2022, em comparação com 40 anos atrás?

Graham – Eu acho que a grande diferença é porque estamos bem mais velhos e temos que cuidar mais de nós mesmos, estar preparados para fazer quatro, cinco shows em diferentes cidades. Pra isso, é necessária muita energia, a gente precisa de tempo para descansar. Quando éramos jovens, nós éramos invencíveis, sabe, fazíamos seis shows em seis dias. Agora não conseguimos mais fazer isso por causa das viagens.

Nosso show tem duração de duas horas, é bem cansativo, mas nós amamos. Depois do show, 40 anos atrás, a gente saía para outros lugares, para algum clube. Agora nós não vamos a lugar algum. Depois do show, a gente vai direto para o hotel para descansar, porque precisamos fazer isso para garantir o próximo show e a viagem. Então essa é a diferença. Nós somos muitos conscientes da nossa idade, e nós precisamos estar em forma, ter uma dieta saudável e estar bem para fazer os shows. Quando estamos no palco, as pessoas dizem “uau”! Nós queremos estar bem, parecer bem, para cantar da melhor maneira possível.

A gente sabe que o Air Supply ajudou muitos casais a estarem juntos, se apaixonarem. O que você acha de tudo isso, dessa responsabilidade do Air Supply em formar tantos casais?

Graham – É uma grande responsabilidade para nós e várias coisas aconteceram durante a nossa carreira. A gente não teve esse tipo de intenção. A nossa música, nossas canções, como nós somos, é tudo muito romântico. Eu não sei se tem outra banda que seja como a gente nesse aspecto. Nós temos muita consciência de que as pessoas se reúnem sem a necessidade da música. É uma responsabilidade que levamos muito a sério, então consequentemente nós gostamos de fazer com que as pessoas se reúnam numa noite romântica. Nós gostamos de fazer nosso melhor em reunir casais. É isso que gostamos de fazer em cada apresentação. A gente sempre faz o nosso máximo para isso.

Nós temos muita consciência do que a nossa música faz, dessa forma romântica que fazem as pessoas rirem e chorarem. “Ai meu Deus, é lindo”. Nós tentamos fazer o nosso melhor para continuar emocionando, nós precisamos disso. Nossa mensagem agora é mais importante do que nunca porque há muitas coisas estranhas acontecendo ao redor do mundo, em vários países. As pessoas precisam de bandas como nós para juntar as pessoas. Durante duas horas, elas conseguem esquecer todas as outras coisas e entrar num novo mundo romântico, e dessa forma elas conseguem se lembrar de quem são. É como uma cápsula do tempo.

Agora a gente vai para esse lugar todo o tempo, porque esse é o mundo que vivemos. Esse é o nosso mundo. Então a gente acaba trazendo as pessoas para o nosso mundo quando elas vão para o show.

É uma pergunta muito interessante, eu penso muito sobre isso. Quando eu escrevo uma nova música, quando eu termino, eu penso “acho que as pessoas vão gostar dessa música”. A música reflete o que eu quero dizer as pessoas. Minha resposta é sempre “sim, as pessoas vão gostar desta música”. E eu acho que elas gostam, porque muitos pensamentos que estão nas canções – eu não escrevo a música e logo esqueço – muitos pensamentos estão nelas. Então eu penso no que vão gostar, dos versos, das letras.

Eu sempre digo para mim mesmo, eles vão gostar disso. Então há uma responsabilidade que eu tenho e da qual eu amo. É isso que eu faço, é esse meu trabalho nessa vida. E eu amo isso.

A gente sabe que as músicas de vocês são hits desde sempre, há décadas são sucesso e continuam sendo sucesso. Você acredita que amor nunca vai sair de moda? Se as músicas permaneceram é porque o amor ainda permanece.

Eu gosto de acreditar que o amor é para sempre. Há tantas músicas que falam de amor ao redor do mundo, não só do Air Supply, mas de tantos outras artistas. Cada música sempre tem uma interpretação. Quando eu escrevo uma música, minha interpretação daquilo que sinto está na música. Mas há outros compositores que fazem a mesma coisa e há outra interpretação. Então o amor para mim é inexplicável, mas eu acho que há tantas outras pessoas que para elas é também inexplicável. Eu acho que nem todo mundo consegue colocar o amor em palavras, em forma de música. Porque tem tantas pessoas brilhantes por aí, e mais uma vez esse é o meu trabalho – e de mais outros tantos artistas que fazem isso, é claro – é muita responsabilidade colocar em palavras o que as pessoas pensam sobre o sentimento. Eu tenho a habilidade de fazer isso, eu nasci com esse dom, mas tem pessoas que se amam, mas não tem como dizer as palavras certas para o outro. Então elas colocam uma música do Air Supply, ou então outra música, que dizem para elas o que elas precisam dizer. Elas não precisam dizer nada, elas dizem “escute isso”.

Quando elas colocam a música, elas não precisam dizer nada. Elas só precisam escutar. E quando elas continuam escutando, quando vão para uma nova música, elas vão interiorizando isso e pensam: “eu consigo dizer isso para a pessoa que eu amo”. Nós estamos sendo escutados por pessoas agora, eu gosto de pensar que damos a elas a habilidade de pensar por elas mesmas e de criar suas próprias palavras. Mais uma vez, é parte do que eu sou, do meu trabalho fazer isso, porque eu sei que muitas pessoas não conseguem encontrar palavras [Graham se emociona]. Eu vivo nesse mundo todo o tempo, eu vivo pensando em letras, canções, palavras, todo o momento desde quando eu acordo. Eu tenho essa habilidade com as palavras, em transformá-las naquilo que as pessoas gostariam de ouvir. É um grande trabalho, ele nunca termina, ele nunca finaliza. E eu não quero que encerre porque tem uma infinidade de músicas que eu gostaria de escrever, mas eu ainda não sei. É um ótimo sentimento que eu tenho, dessa habilidade de fazer isso, unir pessoas e dar a elas palavras que elas não conseguem encontrar sozinhas. Eu espero que isso tenha feito sentido.

Serviço

Air Supply em Curitiba

Local: Teatro Guaira 

Endereço: R. XV de Novembro, 971 – Centro, Curitiba 

Data:18 de outubro (terça-feira) 

Horário: 21h 

Ingressos: R$160,00 a R$650,00 

Vendas: https://www.diskingressos.com.br/