Sem acesso a absorventes

Documentário retrata a pobreza menstrual na periferia de Curitiba

Absorvente ainda é um item inacessível para muitas mulheres. Foto: Carlos Costa/CMC

O documentário “Menstruação Atrasada: as falhas do sistema no combate à pobreza menstrual”, será lançado na quinta-feira, 14 de outubro, a partir das 18h30, na rua Carlos Essenfelder, 493, no Boqueirão, em Curitiba. Veja mais no final do texto.

A pobreza menstrual pode ser compreendida como a dificuldade ou a falta de acesso por mulheres, mulheres cisgênero, homens trans e outras pessoas que menstruam, em situação de vulnerabilidade social ou econômica, com útero ativo, a produtos de higiene como absorventes íntimos e coletores menstruais, ao saneamento básico e à educação adequada para lidar com a menstruação. Pode ser entendida também como a falta de acesso a itens básicos de higiene durante o período menstrual, por falta de dinheiro ou de informação.

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O documentário mostra como mulheres e adolescentes da periferia de Curitiba enfrentam a pobreza menstrual na rotina diária; médicos, defensores públicos e coletivos que trabalham para diminuir os impactos da pobreza menstrual debateram o tema. 

O objetivo é propor uma discussão sobre essa temática, e contribuir para o enfrentamento ao problema, com propostas de políticas públicas para a erradicar a pobreza menstrual no município. Cerca de 460 mil mulheres vivem em situação de vulnerabilidade social e extrema pobreza no Paraná, sem acesso aos absorventes higiênicos, dependendo de políticas públicas para ter acesso a itens básicos para a saúde da mulher.

Políticas públicas

A Câmara Municipal de Curitiba também debate o problema da pobreza menstrual no município. Para implantar políticas públicas em Curitiba, o vereador Dalton Borba (PDT) protocolou um projeto de lei que visa instituir a política municipal de Combate e Erradicação da Pobreza Menstrual em Curitiba.

Os objetivos do projeto ao instituir a política municipal de combate e erradicação da pobreza menstrual no município são: promover à dignidade das adolescentes e mulheres em vulnerabilidade social e econômica, que tem pouco ou nenhum acesso a absorventes higiênicos e coletores menstruais adequados, erradicar a pobreza menstrual, enquanto mecanismo de erradicação da pobreza, contribuir para a qualidade de vida das mulheres e adolescentes em período menstrual, reduzir o risco de doença e de outros agravos, além de promover a saúde e o acesso o acesso à informação e a educação sobre a menstruação e a saúde feminina.

As políticas de saúde pública no Brasil ainda são pensadas e elaboradas com prioridade ao público masculino, e nesse contexto o projeto de lei sobre a pobreza menstrual apresentado na câmara de Curitiba, visa estabelecer políticas de saúde pública no município de Curitiba, voltadas às mulheres em situação de vulnerabilidade econômica e social. A realidade é que muitas mulheres acabam usando folhas de jornal, sacolas plásticas, meias ou panos velhos para absorver o sangue, aumentando os ricos de infecção e colocando sua saúde em risco.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu que o direito das mulheres à higiene menstrual é uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Estima-se que uma em cada dez meninas perdem aula quando estão menstruadas, além disto acaba por privar muitas mulheres, neste período, de terem qualidade de vida e desempenharem atividades rotineiras. Em 2018, uma marca de absorventes realizou uma pesquisa, com cerca de 9 mil brasileiras (entre 12 e 25 anos), e teve como resultados, em suma, que 22% afirmam não ter acesso a produtos confiáveis relacionados à menstruação porque não têm dinheiro ou porque eles não são vendidos perto de casa. Dados da Organização das Nações Unidades (ONU), apontam que no Brasil 25%, 1 em cada 4 meninas, entre 12 e 19 anos, deixaram de ir à escola por não ter dinheiro para comprar absorventes.

Em discussão no Brasil

O tema da pobreza menstrual ganhou repercussão no país, após o presidente Jair Bolsonaro vetar a distribuição gratuita de absorventes para estudantes de escolas públicas e mulheres em situação de rua ou em vulnerabilidade extrema, sob a alegação que a lei aprovada em setembro, na Câmara Federal e no Senado, não apontar a origem dos recursos, a fonte de custeio para esse fim.

O vereador Dalton Borba posicionou-se contra o veto do presidente Bolsonaro, pois considera de suma importância implantar políticas públicas para erradicar e combater a pobreza menstrual no país. “É uma questão de efetivar a dignidade humana, de prevenir doenças e problemas de saúde, é uma questão de saúde pública, e nessa esteira é que proponho esta Política Municipal de combate e erradicação da pobreza menstrual, trata-se de efetivar os direitos fundamentais, o princípio da dignidade da pessoa humana”, finalizou.

Veja o vídeo: