Prova de amor!

Curitibana antecipa parto do filho na luta contra câncer de mama em plena pandemia

Meiryelli trata câncer de mama que descobriu na gravidez. Foto: arquivo pessoal.

Para a advogada Meyrielli Lage Garnica, de 35 anos, o Outubro Rosa esse ano tem um significado especial por ela ter vencido o câncer de mama descoberto durante a gravidez. Tudo começou com um incômodo na mama direita, que chamou a atenção da advogada em fevereiro deste ano. Como estava fazendo pré-natal, ela comentou do incômodo para a obstetra, que suspeitou ser um caso de mastite — quando o leite materno causa infecção nos seios.

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O desconforto continuou e Meyrielli procurou uma outra obstetra num atendimento de emergência. “A médica também suspeitou de mastite e chegou a dizer que a causa poderia ser o meu sutiã, que precisava ter mais sustentação”, lembra ela. Desconfiada com a possibilidade de mastite, Meyrielli fez uma ecografia, mas o resultado não apresentou nenhuma alteração.

O histórico da mãe dela, que tratava pela segunda vez de um câncer de mama, fez Meyrielli ficar apreensiva. Afinal, o incômodo continuava. Em abril, com 33 semanas de gestação, a advogada sentiu um nódulo perto da axila. “Eu achei muito suspeito e procurei um mastologista, que logo me encaminhou para uma biópsia. O resultado saiu no dia 8 de abril, com a certeza da doença”, recorda Meyrielli. 

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“Eu perdi o chão. Por causa da gestação, o médico adiantou o parto. João Pedro nasceu no dia 24 de abril, era para ter nascido em maio. Em apenas um mês, meu nódulo que tinha 10 cm na biópsia passou a ter 14 cm. A evolução foi muito rápida”, conta. Como o nódulo tomou quase a mama direita toda, o seio da Meyrielli inchou e ficou bem maior que o outro. 

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O câncer passou a evoluir de forma muito rápida, mas mesmo assim, as sessões de terapia que iniciaram em maio apresentaram uma excelente resposta. Com o bebê pequeno em casa e ainda com toda a situação da pandemia, seguir o tratamento foi desafiador. “Meu esposo praticamente cuidou do bebê sozinho. Eu tinha muita fraqueza, não tinha condições. Não pude amamentar, foi bem sofrido. Depois da cesárea, ver as outras mães amamentando seus bebês e eu não, foi dolorido”, revela.

Tratamento durante a pandemia

Meyrielli começou com a quimioterapia venosa em maio e durante a recuperação das sessões sentiu a falta do abraço da família e amigos. “Com a pandemia, eu tive pouco contato com as pessoas. Minha mãe e minha irmã foi quem eu tive mais contato. Mas a minha sogra, por exemplo, só foi ver meu filho quando ele tinha três meses. Meu avô conheceu o João Pedro só na semana passada”, disse.

Para a advogada, não ter as pessoas perto para receber o apoio foi complicado. “Tem horas que você não quer ver ninguém, mas tem horas que faz falta. E com bebê em casa, todo mundo quer conhecer.  O João Pedro não teve nada disso pelo risco de eu não ficar doente”, explica. 

Mastectomia, decisão de coragem

O histórico familiar e o risco do câncer voltar por conta de uma falha genética fez com que o mastologista de Meyrielli sugerisse a mastectomia radical — cirurgia de retirada completa dos dois seios. “Não vou dizer que a decisão foi fácil. Eu sou mulher, não vou te dizer que não passou pela minha cabeça como meu marido vai me olhar, como as pessoas vão me olhar. Eu decidi e vou fazer. O mais importante é eu estar viva, não vou deixar de ser mulher”, desabafa.

Com a retirada das mamas, a advogada vai poder fazer uma reconstrução com próteses de silicone e até já pensou numa tatuagem para cobrir as cicatrizes. A cirurgia ainda não foi marcada, porque aguarda a liberação do plano de saúde.

Depois de todo o tratamento, Meyrielli entende a necessidade de dar valor à vida. “Quando eu fazia quimioterapia, eu não conseguia tomar café. Eu queria tanto aproveitar um café com leite, ficava imaginando. São coisas que passam batido na vida da gente. Então, com o câncer eu aprendi a valorizar bastante as coisas da vida”, comemora.

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A importância da mamografia

A indicação médica é de que todas as mulheres acima de 40 anos precisam realizar a mamografia anualmente. A partir de uma consulta com o ginecologista, os exames são estudados para checar se está tudo dentro da normalidade. É muito importante que, em casos de diagnósticos positivos, o tratamento inicie o mais cedo possível.

“Caso exista qualquer dúvida ou alteração nos exames, as mulheres são direcionadas para nós, os mastologistas, que fazem a investigação e orientação do que for necessário”, orienta o médico mastologista da Clinipam, Cleverson Cesar Spautz.