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ButanVac: Como é produzida no Brasil a nova vacina contra a covid-19

Vacina butanvac
Vacina do Butantan usa tecnologia consagrada na imunização à Influenza. Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Anunciada como a primeira vacina totalmente brasileira, mas que foi desenvolvida pelo Hospital Mount Sinai, de Nova York, em parceria com o Instituto Butantan (leia mais abaixo) a ButanVac, aposta em uma tecnologia que usa o vetor viral que contém a proteína Spike (responsável pela entrada do vírus na célula) do novo coronavírus de forma íntegra.

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Segundo o instituto, o vírus usado como vetor na vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção altamente contagiosa que atinge aves como galinhas, perus e patos, mas que não causa sintomas em humanos, sendo considerada uma alternativa muito segura na produção.

Por este motivo também o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados desses animais, permitindo maior eficiência produtiva, em processo similar ao usado hoje na vacina da gripe (influenza), que já é feita no Butantan. O vírus é inativado para a formulação, o que facilita sua estabilidade e dá mais segurança.

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Os testes em animais mostraram que a vacina demonstrou ser mais imunogênica, ou seja, desenvolveu resposta imune em organismos animais maior que em comparação a outras concorrentes no mercado, segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas.

Ele afirma que as vacinas do tipo Influenza, da mesma tecnologia, são muito baratas. “Entre todas as vacinas, são as mais baratas no mundo”, disse ele, assinalando que o preço mais baixo também pode ser influenciado pela produção ser totalmente nacional, o que reduz custos logísticos e em relação ao câmbio.

Os testes clínicos de fase 1 e 2 devem começar em abril e durar de 45 a 75 dias.

Desenvolvida nos EUA

O Hospital Mount Sinai, de Nova York, desenvolveu a tecnologia da vacina Butanvac, anunciada como sendo 100% nacional pelo Instituto Butantan. As informações são do jornal Folha de S. Paulo. A instituição afirmou à Folha que a candidata a vacina contra a covid-19 foi desenvolvido na Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai.

“Sim, também temos um acordo com o Instituto Butantan para entrar em testes clínicos no Brasil usando nosso vetor de vacina NVD. Também estamos desenvolvendo vacinas para variantes da covid-19 baseadas nas versões sul-africana e brasileira para o Instituto Butantan”, afirmou o diretor e professor do departamento de microbiologia do instituto, Peter Palese.

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De acordo com o diretor do Butantan, Dimas Covas, o Mount Sinai foi procurado pelo Butantan para fornecer o vetor da vacina. “O Butantan está fazendo o desenvolvimento integral da vacina a partir de parcerias que temos e com um consórcio internacional”, afirmou Covas ao jornal. Ele ressaltou que as parcerias serão anunciadas “no momento oportuno”.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou na quinta-feira (25) à jornalistas que a Butanvac era a primeira feita com tecnologia nacional a entrar com pedido para testes em humanos. Tanto Doria, quanto Covas não citaram o hospital Mount Sinai.