Uma análise realizada pela Stake calculou quanto peso, calorias e semanas um lutador precisaria para subir de categoria no Ultimate Fighting Championship (UFC) sem perder desempenho. Os resultados mostram que as diferenças entre divisões variam bastante, indo de 4,5 quilos nas categorias mais leves até 27,2 quilos no salto mais extremo do esporte, que ocorre entre Meio-Pesado e Pesado. 

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Dependendo da categoria, o ganho pode exigir um superávit acumulado que ultrapassa duzentas mil calorias nos casos mais extremos. Em ritmo considerado seguro pelas instituições esportivas internacionais, esse processo pode durar de 10 a 28 semanas, tempo necessário para que o ganho seja predominantemente de massa muscular, preservando velocidade, potência e resistência.

“O grande erro de muitos lutadores é acreditar que subir de categoria é apenas uma questão de comer mais e treinar mais. Mas, na prática, só a construção de massa magra que realmente melhora o desempenho. Sem controle de volume, intensidade e recuperação, há um grande risco de que o peso suba como gordura e a performance caia”, explica Lee Mitchell, personal trainer certificado de atletas e especialista em performance esportiva na Inglaterra.

Diretrizes oficiais revelam quanto peso é possível ganhar com segurança

O estudo avaliou as doze divisões oficiais do UFC e utilizou diretrizes consolidadas do American College of Sports Medicine (ACSM), do Comitê Olímpico Internacional (COI) e da National Strength and Conditioning Association (NSCA). Segundo o ACSM, ganhos saudáveis acontecem quando o atleta consome entre 300 e 600 calorias extras por dia, o que normalmente gera aumentos semanais de 0,25 a 0,5 quilo. 

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O COI recomenda que atletas evitem ultrapassar 1% do peso corporal semanal para não comprometer mobilidade e explosão. A NSCA reforça que lutadores experientes ganham massa muscular mais lentamente, geralmente entre 0,2 e 0,4 quilo por semana, o que exige progressão disciplinada em dieta e treino.

Tabela com os número de categoria de peso do UFC
As categorias de peso do UFC têm saltos bastante diferentes e isso influencia diretamente o tempo e o volume calórico necessários (Imagem: Reprodução digital | Stake)

Categorias mais pesadas são mais difíceis de se alcançar

As categorias de peso do UFC apresentam saltos bastante diferentes entre si, e isso influencia diretamente o tempo e o volume calórico necessários. As transições mais curtas estão nas categorias mais leves, tanto no masculino quanto no feminino. Exemplos incluem Palha para Mosca no feminino e Mosca para Galo no masculino, ambas com uma diferença de 4,5 quilos. 

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Nessas situações, o ganho tende a ser mais rápido porque o volume absoluto de massa magra a ser construído é menor e porque atletas dessas divisões normalmente já trabalham perto do teto de suas categorias. Os ganhos calóricos também são mais baixos, girando em torno de 34.650 calorias acumuladas para consolidar a mudança.

À medida que as categorias ficam mais pesadas, os saltos se tornam maiores e exigem mais cuidado. Mudanças como Leve para Meio-Médio ou Meio-Médio para Médio envolvem 6,8 quilos de diferença e podem exigir mais de 48 mil calorias acumuladas. Lutadores mais pesados normalmente já possuem grande quantidade de massa muscular, o que torna a construção adicional mais lenta. Isso estende o tempo necessário de adaptação e exige mais semanas de treinamento de força, alimentação estratégica e recuperação adequada.

A situação mais extrema aparece entre as divisões Meio-Pesado e Pesado, em que a diferença chega a 27,2 quilos. Embora alguns atletas naturalmente já se aproximem do limite máximo, subir de forma planejada exige muito mais tempo e um superávit energético que ultrapassa 200 mil calorias. Esse salto demanda meses de acompanhamento nutricional e físico, pois qualquer aceleração excessiva aumentaria consideravelmente o risco de acúmulo de gordura, queda de mobilidade, perda de explosão e problemas nas articulações.

Perigos das mudanças de peso rápidas

A diferença entre as categorias explica por que alguns lutadores conseguem mudar de divisão em poucas semanas, enquanto outros precisam de praticamente uma temporada inteira de preparação. Nas categorias mais leves, as adaptações são pequenas e rápidas. Nas intermediárias e superiores, o lutador precisa reequilibrar força, composição corporal e condicionamento, garantindo que o novo peso não comprometa desempenho nem velocidade de reação.

Quando o ganho de peso ocorre rápido demais, o corpo reage de forma menos eficiente. O acúmulo tende a ser predominantemente gorduroso e não muscular, o que reduz explosão, velocidade e mobilidade. O estresse nas articulações cresce, a probabilidade de lesões aumenta e o condicionamento aeróbico é prejudicado até que o organismo se adapte ao novo peso. Por isso, respeitar o tempo recomendado pelas instituições científicas é crucial para consolidar ganhos reais de massa muscular e reduzir riscos físicos.

Por Débora Oliveira