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Estudos da UFPR apontam estresse e rotina exaustiva como causas de AVCs

Imagem mostra um homem de terno e gravata com dor de cabeça.
Foto: Depositphotos

Pesquisas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) apontam que o estilo de vida moderno tem contribuído de forma significativa para o aumento dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil. Estresse crônico, rotina exaustiva, alimentação baseada em ultraprocessados, sono irregular e pensamento acelerado estão entre os fatores que mais elevam o risco da doença, que é uma das principais causas de morte e incapacidade no país.

O AVC ocorre quando há interrupção ou redução do fluxo sanguíneo no cérebro, provocando a morte de células nervosas na área afetada. Existem dois tipos principais. O AVC isquêmico, causado pela obstrução de uma artéria cerebral, representa cerca de 85% dos casos. Já o AVC hemorrágico, provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro, embora menos comum (15% dos casos), costuma ser mais grave e tem maior índice de mortalidade.

De acordo com a neurorradiologista intervencionista do Complexo Hospital de Clínicas da UFPR (CHC-UFPR), Luana Maranha Gatto, o estilo de vida atual cria um ambiente de risco. Segundo ela, situações de estresse intenso e emoções como raiva e ansiedade aumentam a pressão arterial e aceleram os batimentos cardíacos. 

“Esse processo desencadeia inflamação no organismo, que pode favorecer a formação de aterosclerose (placas de gordura nas artérias) e alterações na coagulação do sangue, elevando o risco de AVC isquêmico ou hemorrágico”, explica.

A má alimentação também tem peso importante no cenário. O consumo diário de alimentos ricos em sódio, açúcar e gordura está diretamente ligado ao aumento de condições como hipertensão arterial, obesidade, colesterol alto e diabetes tipo 2, que são reconhecidos fatores de risco. 

“A hipertensão é a principal causa do AVC. Já a obesidade, a dislipidemia e o diabetes favorecem a formação de coágulos e o endurecimento das artérias, funcionando como grandes catalisadores do AVC isquêmico”, afirma Gatto.

O sono irregular é outro ponto de alerta. Dormir mal aumenta a pressão arterial e prejudica a recuperação do organismo. Distúrbios como a apneia do sono podem multiplicar em até cinco vezes o risco de AVC, segundo a especialista. 

Além dos fatores de estilo de vida, a genética também exerce influência. Dados da Rede Brasil AVC mostram que cerca de 18% dos casos no país acometem pessoas entre 18 e 45 anos. “Jovens com histórico familiar de AVC precisam redobrar os cuidados, adotando hábitos saudáveis e acompanhamento médico preventivo”, destaca a médica.

Como identificar sintomas?

O Ministério da Saúde alerta para os principais sintomas: confusão mental, dificuldade para falar ou compreender, alteração na visão, dor de cabeça repentina e intensa, tontura, perda de equilíbrio, alteração na marcha e fraqueza ou formigamento súbito em um lado do corpo (rosto, braço ou perna).

A coordenadora médica do Grupo de Doenças Cerebrovasculares e do Laboratório de Neurossonologia do CHC-UFPR, professora Viviane Zétola, reforça que o tempo é decisivo para salvar vidas e reduzir sequelas. “O reconhecimento e o controle dos fatores de risco podem, sem dúvida, auxiliar na prevenção e reduzir o número de casos. Um exemplo é a detecção e o manejo da hipertensão arterial sistêmica”, explica.

Atualmente, existem duas formas de tratamento com eficácia comprovada: a trombólise endovenosa e a trombectomia mecânica, indicadas para casos de AVC isquêmico. Mas, para que funcionem, o atendimento deve ocorrer com urgência. Profissionais de saúde recomendam o protocolo “SAMU” para reconhecimento rápido:

  • S – Sorrir: observar se a boca fica torta
  • A – Abraçar: levantar os dois braços e notar se um cai
  • M – Música: identificar dificuldade para falar
  • U – Urgência: acionar imediatamente o serviço de emergência, ligando 192

Especialistas reforçam que mais de 80% dos casos de AVC podem ser evitados com mudanças no estilo de vida. Manter alimentação equilibrada, praticar atividade física regular, dormir bem, controlar o estresse e fazer consultas médicas periódicas estão entre as medidas mais eficazes. O check-up neurológico também é recomendado para quem tem fatores de risco ou histórico familiar.

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