Vizinho localiza carro clonado

Uma atitude rara para um fato comum, foi tomada no início da noite de anteontem, no Bacacheri. Ao ver um Corsa, com a mesma placa do veículo do seu vizinho – AKP-1644 -, e sabendo que ele estava recebendo multas de trânsito há aproximadamente quatro meses, sem que tivesse cometido as infrações, Rubens Magalhães resolveu seguir o veículo, que era ocupado por um rapaz. Percebendo que estava sendo seguido, o desconhecido abandonou o Corsa no Parque Bacacheri.

O delegado Hamilton Cordeiro da Paz, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, informou que este mês só uma pessoa procurou a delegacia para registrar ocorrência de “clone” de placa. “Normalmente, isso ocorre quando elas passam a receber multas que não cometeram”, salientou o delegado. Ele avisa que as pessoas só devem procurar a delegacia quando tiverem convicção de que realmente não cometeram a multa, já que, para evitar favorecer indivíduos mal intencionados, que cometem infrações de trânsito e não querem pagar por elas, policiais da DFRV costumam vistoriar os veículos. “Sempre há um detalhe que identifica o carro”, avisou. Hamilton disse que, no caso de ser constatado que a pessoa está mentindo, ela pode responder por falsa comunicação de crime.

De acordo com o policial, é comum a apreensão de carros clonados (idênticos com a mesma placa), mas o dono do veículo com a placa verdadeira só percebe quando é multado.

Coincidência

Rubens disse que estava trafegando pela rua, quando sua mulher viu um carro idêntico ao do vizinho. Sabendo que Júlio Julie Pombeiro estava recebendo multas desde o mês de julho, e que tentava provar que não cometera as infrações, ele e sua mulher resolveram seguir o carro, da Rua México até o Parque Bacacheri. “Quem conduzia o carro não era nem meu vizinho e nem a mulher dele. Então resolvemos ver aonde ia o carro, para ajudá-lo”, salientou. Quando o rapaz estacionou, no Bacacheri, Rubens foi até o 5.º Distrito Policial chamar ajuda, e deixou sua filha vigiando o homem que estava no carro. “Ele não voltou. Acho que percebeu a movimentação e achou melhor ir embora”, comentou Rubens, dizendo que seu objetivo era só ajudar seu vizinho a provar que ele não tinha cometido as multas. Dentro do carro foram encontrados um telefone celular e o documento de uma mulher.

O vizinho proprietário do Corsa, Júlio Julie, foi até o local onde o carro foi abandonado e levou o seu. Ele fez questão de estacionar bem ao lado do veículo “clonado”. “As duas primeiras multas eu até cheguei a pensar que pudesse ter cometido. Mas quando começaram a chegar, duas, três, quatro, de radares situados em ruas que eu nem sabia que existiam, e em horários que eu estava trabalhando ou de madrugada, quando estava dormindo, procurei a delegacia para registrar a ocorrência de clone de placa. Depois, procurei o Diretran, mas eles ainda estavam analisando. O encontro deste carro serve para provar que não fui eu que cometi as infrações. Foi um alívio”, salientou Júlio. “Deveriam ter mais blitze na cidade. Talvez assim teriam recuperado antes este carro. Esses radares, na verdade, não provam nada. Só fotografam a placa do carro, nem se importam com o motorista. Qualquer um pode fazer a multa e atribuir a outro carro”, comentou Júlio.

Outro clone é encontrado por PMs

O dono do Vectra, placa CLF-7966, levou um susto na madrugada de ontem, quando recebeu a visita de policiais militares, que lhe informaram que acharam seu carro na Rua Vereador Antônio Domakoski, no Bacacheri. Paulo Sérgio da Silva Gusmão imediatamente ligou para seu irmão, que reside em Pinhais e estava com o veículo, e obteve a notícia de que o Vectra estava na garagem.

Na realidade, o carro encontrado era o Vectra placa AEQ-0003, tomado em assalto às 22h do último dia 2 de outubro, na Rua Simão Bolivar, no Abranches. “Até agora não recebemos nenhuma multa. Mas já estive na delegacia para esclarecer que o carro não foi roubado”, contou Paulo. Ele comentou que, após informar o endereço onde estava o carro, cerca de 15 viaturas foram até o local. “Só acho que não precisava tanto. Afinal, nós fomos vítimas. Precisa de viaturas no lugar onde estão os bandidos”, comentou.

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