Vítima de tortura reconhece três políciais militares

O servente de pedreiro Ismael Ferreira da Conceição, 19 anos, reconheceu ontem três policiais militares como responsáveis pela sessão de tortura a que teria sido submetido no dia 3 de março, no Uberaba. A sessão de reconhecimento aconteceu no Quartel Central da Polícia Militar e contou com a participação de 35 policiais.

O reconhecimento faz parte do inquérito policial-militar (IPM) que apura a conduta dos suspeitos de participação na agressão. Um dos acusados se recusou a participar. Segundo nota da PM, o inquérito será encaminhado à Vara da Justiça Militar Estadual. A corporação não confirma se os policiais reconhecidos são os mesmos que já estavam afastados por suspeita de envolvimento no caso.

UPS

A denúncia apresentada por Ismael diz que cinco PMs teriam participado da tortura, dois dias depois da implantação da Unidade Paraná Seguro (UPS) no bairro. O advogado de Ismael pede que os policiais sejam condenados por cárcere privado, injúria racial, abuso de autoridade, lesão corporal, invasão de domicílio e constrangimento ilegal. O 6.º Distrito Policial (Cajuru) também investiga o caso.

O jovem diz que saiu de casa por volta das 17h com sua bicicleta, para encontrar com amigos. No caminho, teria sido abordado por uma viatura e agredido pelos policiais, que o confundiram com um assaltante. Ismael afirma que foi colocado no camburão e levado até sua casa, que foi vasculhada em busca de armas.

Sem encontrar nada, os policiais teriam levado o rapaz a um descampado, onde ele teria sido espancado e submetido a choques elétricos em várias partes do corpo, inclusive nos genitais. Além disso, os militares teriam coberto sua cabeça com um saco plástico e o xingado com ofensas racistas.