Violência urbana tem números de guerra

Apesar da fama de cidade tranqüila, Curitiba completa 310 anos com alguns de seus bairros se transformando em verdadeiros campos de batalha. Os números da violência em determinadas localidades impressionam. Só a Cidade Industrial, maior bairro da cidade, com 157.461 habitantes, registrou treze homicídios entre janeiro e fevereiro. Na média, o risco de morrer na CIC é de um para 781.305 por dia. Por comparação, em uma semana de guerra no Iraque, o governo iraquiano admitiu a morte de 290 civis (um morto a cada 548.780 pessoas diariamente). O clima de guerra também domina bairros como o Cajuru (zona leste) e Boqueirão (zona sul), que tradicionalmente lideram o índice de violência na cidade. “São esses bairros que realmente mais incomodam e onde temos mais ocorrências”, explica o comandante do Policiamento da Capital, coronel Itamar Santos. A triste liderança não é por acaso. Os índices de violência estão estritamente ligados aos inchaços populacionais verificados nessas regiões. “São áreas mais pobres onde o tráfico de drogas, o álcool e outros fatores acabam se tronando potencializadores da violência”, explica.

Os números dos bairros acabam elevando os índices de toda cidade. Os homicídios de janeiro e fevereiro desse ano subiram 56% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 89 em janeiro e fevereiro. Os roubos também aumentaram 23 %, chegando a uma média de 41 roubos por dia. E os furtos, entre qualificados e não-qualificados, subiram 26 %. São mais de 60 furtos na cidade, segundo o Comando de Policiamento da Capital (CPC).

Apesar dos números, o coronel Itamar diz que em comparação com outras capitais, Curitiba não pode ser classificada como violenta. “Não dá para pegar os índices de homicídio como comparação”, diz. “Os assassinatos estão, em sua maioria, relacionados a quem está envolvido no tráfico de drogas ou em brigas motivadas por bebidas. Ë difícil o caso do cidadão que morreu por falta de segurança, alguém que tenha sido morto em casa ou morto em uma assalto. São casos mais raros.”

Atualmente, 4.500 homens da PM são responsáveis pelo policiamento ostensivo de toda a Região Metropolitana de Curitiba. As viaturas que fazem o trabalho de vigilância na cidade dividem-se entre 24 postos policias. Segundo Itamar Santos, a cidade chegou a ter 72 postos.

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