A Polícia Científica constatou alteração de identificação em veículos apreendidos na empresa Cal Chimelli, de propriedade do prefeito de Rio Branco do Sul, e no Departamento Rodoviário Municipal. De acordo com o Ministério Público, alguns veículos estavam sem placas, com a numeração do chassi oculta por tinta. A operação de busca e apreensão, realizada na quinta-feira, com o apoio da Polícia Militar, resultou na apreensão de 18 armas, encontradas em uma residência dentro do terreno da empresa.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público, a ação cautelar de busca e apreensão com produção antecipada de provas foi requerida pela Promotoria de Justiça do município, que recebeu denúncias de que o prefeito estava utilizando funcionários e veículos da Prefeitura em benefício particular. Os veículos seriam utilizados em trabalhos na empresa do prefeito, na localidade de Tranqueira, em Almirante Tamandaré, e as peças estariam sendo retiradas para serem colocadas em veículos de sua propriedade.

Crimes

O Ministério Público entende que como foram localizados veículos com peças adulteradas configurou-se indício de crime de receptação e adulteração de veículo. Além de crime de responsabilidade, já que foi constatada a utilização indevida de funcionários públicos. Isso motivaria o flagrante contra o prefeito.

Segundo informações do Ministério Público, o prefeito Bento Chimelli estava dentro da casa, que fica no terreno da empresa. Os policiais tentaram prendê-lo em flagrante, mas ele deixou o local antes de as autoridades entrarem. Todas as armas, entre elas escopetas, submetralhadoras, pistolas, silenciador, revólver com a numeração raspada, 27 pinos para marcar chassi, mais de cinco mil projéteis de munição de vários calibres, diversos maços de dinheiro foram apreendidos. Ainda foram encontrados processos originais dos quais o prefeito fazia parte. O que, de acordo com o Ministério Público, configura crime de subtração ou inutilização de livro ou documento.

Também foi apreendido um Volks blindado, que chamou a atenção das autoridades, já que nas portas havia aberturas semelhantes às de carros-fortes, para uso de armas.

Como o prefeito não foi preso em flagrante, o Ministério Público estuda a possibilidade de representar pela prisão preventiva e de investigar as origens das armas e se foram usadas em crimes.

Advogado diz que é perseguição

O advogado Cláudio Dalledone Júnior convocou a imprensa ontem para falar sobre os veículos, peças automotivas e armas apreendidas na quinta-feira no Departamento Rodoviário Municipal de Rio Branco do Sul e na empresa de calcário do prefeito Bento Chimelli, 70 anos, na localidade de Tranqueira. O defensor prometeu que tudo será esclarecido pelo prefeito nos próximos dias. “É perseguição política. Isso porque o prefeito não está atendendo as reivindicações de alguns vereadores. A situação não é a que estão tentando fazer crer”, assegurou o defensor. “O prefeito vem sofrendo pressões para que ceda algumas coisas, que não iriam soar bem para o município”, adiantou.

Dalledone colocou em dúvida o trabalho da Promotoria de Investigação Criminal (PIC). “Temos que ter cautela em todos os fatos em que há conotações políticas, o que é um ponto forte nas ações do Ministério Público”, disse o advogado. Ele ressaltou que a Justiça concedeu o mandado de busca e apreensão para fazer vistorias nos carros e peças. “O prefeito é proprietário de uma empresa sólida e não tem sentido retirar algumas peças de carros oficiais para colocar em outros particulares”, salientou.

Quanto às armas, ele disse que ainda não conversou com o prefeito, mas acredita que ele irá explicar as origens. “Ninguém perguntou se ele tinha autorização ou se é um colecionador de armas. Com certeza o prefeito irá explicar isso”, informou Dalledone. Na empresa a polícia apreendeu uma submetralhadora de uso exclusivo do Exército, pistolas, revólveres e munições de diversos calibres.

Já o caminhão, que seria do Paraguai, apreendido na empresa, o advogado explicou que foi usado para pagamento de calcário por um dos clientes da empresa do prefeito.

Outro fato que chamou a atenção é a apreensão de um Volks, que estaria sendo blindado e teria orifícios que, segundo a polícia, seriam usados para saída de armas. “Sem dúvida é um fato estranho, mas a lei permite que veículos sejam blindados. Quanto aos orifícios, não quer dizer que seriam para saída de armas. Em breve o prefeito irá explicar isso também”, acrescentou.

Apreensões

O mandado de busca e apreensão foi expedido pela juíza de Rio Branco do Sul, Adriana Aires Ferreira, e cumprido por policiais militares. Ao todo foram recolhidos cinco caminhões, alem do Volks, uma camioneta, um trator e alguns motores e peças de carros.

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