Uma aventura atrás da outra

Não bastasse o ritmo de aventura existente no dia-a-dia dos policiais militares, imposto pela natureza do trabalho, no último sábado, 50 deles decidiram desafiar seus limites e participaram da Corrida de Aventura, em Campina Grande do Sul, realizada em comemoração ao aniversário da Polícia Militar do Paraná, que completa 152 anos no próximo dia 10.

Dez equipes de cinco policiais – cada uma com quatro homens e uma mulher – inscreveram-se na prova, representando igual número de batalhões e companhias. Munidos de salva-vidas, capacetes, bicicletas e uma infinidade de acessórios, os aventureiros iniciaram os trabalhos na Represa do Capivari, à margem da BR-116. Os desafios eram muitos e cansativos. Mesmo assim, ninguém desistiu. Alguns se mostraram excelentes atletas. Outros, nem tanto. Uns ainda arrancaram gostosas risadas dos curiosos que acompanhavam atentamente a chegada e saída das equipes nos cinco postos de controle (os chamados PCs), fazendo brincadeiras e ironizando as dificuldades. Também não faltaram reclamações, torcida animada e, no final, confraternização.

Manoel Gomes/PMPR
Fôlego pra seguir o
companheiro a cavalo.

A equipe vencedora foi a imbatível Companhia de Polícia de Choque, que já faturou troféus e medalhas em outras competições realizadas na semana passada, também em comemoração ao aniversário da instituição. Em 3h50min, o grupo concluiu a prova de 35 quilômetros, que incluía canoagem, natação, ciclismo, corrida, cavalgada e alguns exercícios especiais como caminhar pela ?falsa baiana? (duas cordas paralelas a mais de quatro metros do chão) e descer pela tirolesa (cabo aéreo). A turma da Academia Policial Militar do Guatupê (APMG) e o pessoal da Companhia de Comando e Serviços do Quartel do Comando Geral (QCG) foram classificados respectivamente em segundo e terceiro lugares.

A última a chegar, cinco horas e meia depois de iniciada a prova, foi a equipe do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). Alvo de gozações dos colegas, os policiais não perderam a pose, afinal, o importante era competir e conseguir chegar. Para quem corre o dia todo pelas ruas da cidade grande, em constante patrulhamento, as paisagens bucólicas e as estradas de chão quase sem movimento, cercadas pelo verde das matas da pacata Campina Grande do Sul, já eram um grande prêmio. Sendo assim, pra que ter pressa…

Espírito de companheirismo a toda prova

Manoel Gomes/PMPR
Todos tiveram que nadar 350 metros, alguns com capacete.

A represa do Capivari, que está com os níveis de água abaixo do normal por causa da seca, foi o palco do início da competição, dividida em seis etapas. A primeira delas – um quilômetro de canoagem -serviu para tomada de tempo. Quem cumpriu a prova antes, possibilitou à equipe dar a largada primeiro. Muitos deles tiveram dificuldades em remar os botes infláveis e o percurso foi de sofrimento. Uns não conseguiam se distanciar da margem, para desespero dos pescadores de fim de semana. Outros ficavam rodando sem sair do lugar, para desespero da própria equipe.

Terminada a tomada de tempo, iniciou-se a prova propriamente dita, com 350 metros de natação. O destaque, nesta etapa, ficou por conta da aspirante Caroline Costa, do BPTran, que nadou o seu percurso e, depois, voltou para o meio da represa, para ajudar um de seus colegas que não conseguia seguir em frente. ?Rebocando-o? pelo salva-vidas, Caroline deu exemplo de companheirismo e solidariedade. Ela é filha do sargento Costa, da Academia do Guatupê, que também disputava a prova. Embora concorrente da filha, ele não escondeu o orgulho em vê-la participando do evento.

Ao sair da água, os competidores corriam ao redor da represa e seguiam para o acostamento da BR-116, correndo até o Posto Tio Doca, onde apanhavam suas bicicletas e embrenhavam-se nas estradinhas vicinais, repletas de armadilhas e bifurcações que valeram muitos quilômetros de pedaladas a mais, além dos 24 quilômetros previstos pelos organizadores da prova.

Os mapas fornecidos aos ?navegadores? das equipes não ajudavam muito (estavam em escalas diferentes) e os companheiros dos postos de controle também se negavam a facilitar a vida dos competidores. O pó, o calor, roupas molhadas e bicicletas não adequadas para competição, também atrapalhavam bastante.

Quando conseguiam chegar ao próximo posto de controle, na frente da igreja de Mandassaia, eles trocavam a bike por um cavalo, gentilmente cedido pelo Regimento Coronel Dulcídio. Indóceis, os animais deram verdadeiros ?bailes? nos cavaleiros mais inexperientes. Apenas um do grupo ia montado e os demais correndo ao lado. Eles não podiam se distanciar mais de 100 metros uns dos outros. E mesmo assim teve gente que se desgarrou e se perdeu. Que o diga a equipe do Corpo de Bombeiros…

Terminados os quatro quilômetros de cavalgada e encerrando os cinco quilômetros a pé, as equipes chegavam no Ginásio de Esportes de Campina Grande do Sul. Lá encerravam as provas na ?falsa baiana? e na ?tirolesa? e depois cruzavam o portal de chegada. Exaustos e felizes.

Equipes mostram garra

Manoel Gomes/PMPR
?Falsa baiana? aumentou a dificuldade para as equipes.

As dez equipes que participaram da Corrida de Aventura representaram a Companhia de Choque, a Academia Policial Militar do Guatupê (APMG), a Companhia de Comandos e Serviços do Quartel do Comando Geral, o Batalhão Ambiental, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), o Regimento de Polícia Montada (RPMont), o Corpo de Bombeiros, o Batalhão de Polícia de Guarda, o 13.º Batalhão e também o 17.º Batalhão.

Para Júlio Camargo, que foi um dos organizadores da prova e é representante da Extrema Aventura – empresa que organiza o circuito paranaense de corrida de aventura – algumas coisas chamaram a atenção entre os policiais competidores, como a falta de equipamento apropriado (muita gente improvisou para poder representar suas unidades) e alguns policiais um pouco acima do peso. No entanto, em sua avaliação, todos os competidores apresentaram a mesma garra dos profissionais, não deixando nada a desejar neste quesito.

?Extra-terrestres? no asfalto

Manoel Gomes/PMPR
Estranhas figuras eram vistas
em Campina Grande do Sul.

Não foram poucas as pessoas que se espantavam ao ver os competidores cruzando pela cidade. Principalmente na prova a cavalo, que era feita com todos os equipamentos usados para as outras provas. O cavaleiro montava usando capacete de ciclista, salva-vidas pendurado no pescoço, tênis de corrida e roupas justas para natação. O conjunto não era bonito, mas ficou, no mínimo, divertido. O tenente Cruz, líder da equipe da Companhia de Choque, dominou bastante bem a sua montaria, mas não deixou de arrancar comentários do tipo: ?Parece um ET no asfalto?. Apesar do desconforto, ele, juntamente com a cadete Carolina, os sargentos Damasceno e Luciano, e o cabo Domingues, chegaram em primeiro lugar.

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