Troca família pelo tráfico e morre sozinho

Jhonatan Claudemir Margarida, 21 anos, conhecido como “Mi”, foi assassinado na Rua Ernesto Germano Hannemann, no Tatuquara, na tarde de ontem. Sua família estava com a mudança marcada para amanhã e a mãe de Jhonatan sequer contaria ao filho o novo endereço. Ela tinha medo que as más companhias do filho encontrassem a família e cometessem alguma represália. Também queria que seus outros dois filhos menores ficassem afastados da violência e da “inundação” de entorpecentes que assola o Tatuquara.

Jhonatan caminhava na rua, quando dois indivíduos num Golf bordô se aproximaram. A dupla desceu do carro e atirou na cabeça do rapaz. A mão do jovem foi perfurada, com um tiro à queima-roupa, possivelmente quando tentou se defender dos disparos. A cabeça do rapaz ficou esfacelada pelos tiros de escopeta calibre 12 e pistola 380. Os bandidos retornaram ao Golf e tomaram rumo ignorado.

Destino

Vários jovens que se aglomeravam ao redor do corpo disseram que Jhonatan estava marcado para morrer. Ele teria envolvimento com o tráfico de drogas e seria responsável por homicídios no bairro. Denúncias anônimas chegaram ao 13.º Distrito Policial (Tatuquara), dando conta da atividade ilícita do rapaz. “Tentamos pegá-lo duas vezes, mas ele conseguiu escapar”, comentou o delegado José Mário Franco.

Lúcia de Goes, tia de Jhonatan, revelou que a família suspeitava de algo errado com o jovem. Ele saiu de casa e voltava de vez em quando, para passar não mais que uma semana. “Não tínhamos notícias que ele trabalhasse. Então suspeitamos que ele estava vivendo do tráfico”, disse a tia. A família tinha medo que os dois irmãos menores de Jhonatan, de 11 e 15 anos, também se envolvessem com drogas. Também temiam que os comparsas de tráfico do rapaz colocassem a vida da família em risco. Por isso decidiram se mudar e não dar o endereço para Jhonatan, que ficaria sozinho no Tatuquara, ignorado pela família.